Governo do Amapá celebra cultura e tradição com abertura da 2ª Central do Marabaixo, em Macapá

A celebração continua nesta segunda-feira, 25, com outras intervenções artísticas e atrações para o público

A tradição, a cultura e a ancestralidade afro-amapaenses foram celebradas pelo Governo do Estado na abertura da Central do Marabaixo, no domingo, 24. Com direito a muita música e dança, o evento encantou o público no Centro de Cultura Negra Raimunda Ramos, em Macapá, e marcou em grande estilo o início da festa, que segue até esta segunda-feira, 25.

Com a segunda edição da Central do Marabaixo, o objetivo é aproximar a população dos ritos e costumes desta manifestação cultural tão importante para a identidade amapaense. A iniciativa está alinhada ao Plano de Governo, que tem como compromisso fortalecer a cultura popular e consolidar uma política pública voltada ao marabaixo.

No espaço, os amapaenses e turistas podem conhecer a história e os elementos da cultura negra do estado, como a gengibirra, o cozidão, bandeiras, mastros, a murta e outros símbolos da expressão cultural criada e mantida pelas comunidades. A celebração continua nesta segunda-feira, 25, com outras intervenções artísticas e atrações para o público. A Central é coordenada pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e pela Fundação Marabaixo, em parceria com a União dos Negros do Amapá (UNA) e apoio do senador Randolfe Rodrigues. o evento conta a história dos seis barracões que mantêm a tradição secular do Ciclo do Marabaixo.

“Nem todo amapaense sabe contar a história do marabaixo, então tomamos essa decisão política de criar a Central, para aproximar as informações que pertencem ao povo amapaense, para que cada um se aproprie disso e comece a contar com naturalidade essa tradição tão linda”, ressaltou a secretária de Cultura, Clicia Vieira di Miceli.

Oportunidades

Para a gestora da Fundação, Josilana Santos, a Central do Marabaixo também é importante pois abre oportunidades para os empreendedores afro-amapaenses comercializarem seus produtos e artesanatos.

“Nós temos um compromisso diário com o nosso povo de celebrar a cultura e identidade amapaense. Este é um momento de festa, mas também de aprender. As pessoas que estão vindo aqui hoje, que nunca foram nos barracões, precisam ter a curiosidade para ir até eles. Somos 82% desse estado, e nossas caixas vão soar todos os dias em homenagem à nossa história”, celebra Josiane.A marabaixeira Antônia do Carmo Costa, de 80 anos, foi uma das homenageadas durante o evento, como um símbolo vivo da importância de celebrar a cultura e história dos povos pretos do Amapá. Agora, Antônia conta como preservar essa tradição é dever de toda a sociedade.

“Sou da localidade de Campina Grande, e fiz questão de vir pra Macapá participar desse evento maravilhoso. A gente tem que apresentar o Marabaixo pras novas gerações, mostrar as nossas raízes, chamar as crianças. Vim com meus filhos, netos e tataranetos e fiz questão de envolver todos no Marabaixo”, conta Antônia.

O marabaixo é reconhecido como um patrimônio imaterial do Brasil, e representa uma manifestação cultural e religiosa que resistiu ao preconceito e à invisibilização. Com a Central, a população tem a oportunidade de conhecer melhor a prática, às vésperas do início do Ciclo do Marabaixo, que começa no dia 30 de março.

Confira a programação da Central do Marabaixo nesta segunda-feira, 25

  • 16h – Visitação dos alunos das escolas da rede pública estadual aos estandes dos barracões;
  • 17h – Intervenções artísticas (poesia e teatro);
  • 18h – Ladainha cantada em latim;
  • 19h – Apresentação dos grupos de Marabaixo com todos os barracões e grupos convidados;
  • 21h – Show com a Banda Tambores Tucujus;
  • 22h30 – Apresentação de DJ

Domingo da Murta da Santíssima tem programação do Ciclo do Marabaixo no Barracão da Tia Gertrudes, na Favela

O Ciclo do Marabaixo 2022 prossegue e as famílias festeiras e devotos cumprem o calendário oficial, que retorna neste final de semana. No barracão da Tia Gertrudes os festejos são para a Santíssima Trindade dos Inocentes, e a programação inicia domingo, 5 e segue até o final da novena, 11 de junho. A partir das 16h o barracão abre as portas para recepcionar o público que manifesta a fé e participa da roda de marabaixo e levantamento do mastro, em homenagem à Santíssima, que na doutrina cristã representa o mistério de um só Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espirito Santo.

Iniciado no Sábado de Aleluia, o Ciclo do Marabaixo retornou neste ano de forma presencial, após os decretos liberarem com restrições eventos com público, e após estes dois anos de isolamento social em que os festejos foram realizados online, os barracões voltaram a ser frequentados. Os organizadores dos festejos do barracão da Tia Gertrudes, já afinam os tambores e a voz e preparam as bandeiras azuis e brancas, altar, velas,fitas e flores para o domingo, 5, quando será realizado o Marabaixo da Murta da Santíssima, e durante a semana com a novena, que será rezada a partir desta sexta-feira, 3 de junho, diariamente durante nove dias.

“O grupo Berço do Marabaixo da Favela, que organiza os festejos no Barracão da Tia Gertrudes está empenhado em preparar uma festa bonita e digna para saudar a Santíssima Trindade junto com os devotos e marabaixeiros, como fazemos há mais de 70 anos. O caldo e a gengibirra serão distribuídos, e a equipe da cozinha já está se preparando para mais este momento do Ciclo do Marabaixo”, afirma Valdinete Costa, da coordenação.

Festejos com respeito ao meio ambiente, pessoas e animais

Assim como mais de dez anos atrás, a coordenação do marabaixo no Barracão da Tia Gertrudes continua a prezar pelo respeito às leis ambientais e pelo bom entendimento com a vizinhança para garantir o direito ao sossego de pessoas e segurança de animais. Os fogos continuarão a ser disparados em horário permitido e somente nos momentos imprescindíveis para manter a tradição, o volume do som também obedece às leis ambientais, e o mastro a ser erguido é artificial, para não haver a retirada de árvore da natureza. E neste ano, por conta do decreto municipal de delibera sobre horário para eventos, o mastro não será levantado às 6h da manhã, após uma noite toda de roda de marabaixo, e sim às 18h.

A programação de domingo inicia às 16h, com o Cortejo da Murta, quando se percorre as ruas próximas ao Barracão com os ramos de murta que são usados para enfeitar o mastro que será erguido com a bandeira da Santíssima. Na chegada, o mastro da Santíssima é levantado e inicia a Roda de Marabaixo que segue até meia-noite. No dia 16 tem o Marabaixo de Corpus Christi, e no próximo final de semana o Ciclo do Marabaixo entra na reta final na Favela, hoje chamado de bairro Santa Rita. É o Domingo da Trindade, 12 de junho, que inicia com a missa e segue durante todo o dia com café da manhã, Almoço dos Inocentes e recreação para as crianças. No dia 19, Domingo do Senhor, tem a derrubada dos mastros nos quatro barracões de Macapá e no do distrito de Campina Grande, encerrando assim, os festejos para a Santíssima e Divino Espírito Santo.

Endereço do Barracão da Tia Gertrudes: Av: Duque de Caxias entre Professor Tostes e Manoel Eudóxio.

Programação de Domingo:
16h – Cortejo da Murta
18h – Levantamento do Mastro e início da Roda de marabaixo.

Novena:
19h, de sexta-feira, 3, até 11 de junho.