Momento histórico marca grito da resistência em celebração ao Dia dos Povos Originários, no Meio do Mundo

Marco Zero do Equador foi palco do tradicional ‘Turé’, que celebrou o encontro inédito de dois dias com o governador Clécio Luís.


O governador Clécio Luís participou nesta sexta-feira, 19, Dia dos Povos Indígenas, da celebração do Turé no Meio do Mundo, realizado por lideranças presentes durante a programação do “Abril da Resistência Indígena”, promovido pelo Governo do Amapá.

A comemoração aconteceu no monumento do Marco Zero do Equador e foi um agradecimento pelos dois dias de diálogos realizados diretamente com o governador do Estado.

“Depois deste dia, aumentou a nossa responsabilidade. Eu agradeço às lideranças pela honestidade nos diálogos. O nosso compromisso foi firmado e será feito com responsabilidade, dentro do possível, para garantir o que é direito desses povos, fruto de muitas lutas. Vamos fazer chegar aos nossos técnicos do Governo a importância da política pública para acolher a cultura e costumes dos nossos povos indígenas que é mantida viva”, reforçou o governador. Pela primeira vez lideranças indígenas de todo o estado têm a oportunidade de serem ouvidas diretamente por um gestor estadual. A programação reuniu cerca de 90 caciques e cacicas, homens e mulheres indígenas de todas as idades, das regiões do Amapá e Norte do Pará.

Crianças, jovens, adultos e idosos trouxeram a apresentação de danças e manifestações tradicionais como forma de agradecimento pela acolhida do Governo do Estado. Durante a programação, os indígenas dançaram o Turé, uma tradição ancestral indígena, que acontece apenas em momentos de alegria, agradecimento, comemoração pela época da colheita e pela cura de doenças.

Ancestralidade

Com cantos que enaltecem a natureza e os espíritos sagrados, os indígenas celebraram, agradeceram e fortaleceram o grito de resistência pela valorização e reconhecimento de direitos. Dieimisson Sfair Karipuna, da aldeia do Manga, em Oiapoque, é professor da escola indígena. Ele afirma que o momento é de muita emoção.

“A gente está aqui no Meio do Mundo, neste momento histórico para nós, compartilhando um pouco de nossos conhecimentos. Isso é muito forte, gratificante e emocionante. Agradecemos ao Governo do Estado por esta oportunidade e apoio”, ressalta Dieimisson.

Entre lideranças indígenas estiveram presentes 20 alunos da Escola Estadual Indígena Jorge Ieaparrá, em Oiapoque.

No Amapá, ministra Sônia Guajajara visita instituições voltadas aos povos indígenas

Durante a estada na capital, a ministra e a secretária estadual tiveram encontros com lideranças locais.

A ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara, acompanhada do governador, Clécio Luís, e equipe técnica, cumpriu agenda no Amapá na última quarta-feira, 25, onde reuniu com lideranças indígenas e visitou as sedes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei).

A ministra de Estado participou na última quarta-feira, 25, da posse das novas gestoras dos Povos Indígenas, Simone Karipuna, e Josilana Oliveira, da Fundação Marabaixo. Nos encontros com as autoridades, a ministra ouviu os anseios de cada comunidade.

“O ministério é novo e temos uma grande responsabilidade de montar uma estratégia para liderar este momento ímpar para o povo indígena. Queremos trabalhar ouvindo os problemas de cada povo e, desta forma, avançar com as políticas públicas”, enfatizou Sônia Guajajara.

O Governo amapaense também defende o compromisso em reforçar o diálogo com essa parcela da população. A Secretaria dos Povos Indígenas agora, tem novo formato, com participação de quatro secretários-adjuntos em sua composição, representando quatro regiões do Amapá com povos originários, como Wajãpi, Waiana, Galibi Marworno e Galibi Kali’na.

A inovação surge para garantir que cada comunidade terá, no órgão público, uma pessoa conhecedora de sua realidade e de suas necessidades.

“Vamos trabalhar em todas as localidades e com todos os povos, sempre ouvindo a população, para que possamos desenvolver serviços com propriedade”, destacou Simone Karipuna.

Ações estratégicas em aldeias do Amapá

Acompanhando a agenda da ministra e da secretária dos Povos Indígenas, esteve a cirurgiã dentista e primeira-dama do Estado, Priscilla Flores. Atualmente, ela viabiliza um projeto junto com a entidade Sem Fins Lucrativos Doutores da Amazônia, que realiza ações médicas e odontológicas, com o uso de alta tecnologia, nas aldeias, em parceria com o Governo do Amapá e entidades do Governo Federal.

“Estou satisfeita em receber a ministra e, junto com a secretária Simone Karipuna, participo das conversas com os líderes indígenas para saber das dificuldades de cada povo. No início de janeiro, estivemos em território Wajãpi, onde iremos montar um planejamento para atuação na área médica e também na saúde bucal. Essa não será uma ação pontual, mas um planejamento para os próximos quatro anos, que irá iniciar no território Wajãpi e as ações propostas estendidas para os demais territórios indígenas do nosso estado”, pontuou a cirurgiã dentista.