Técnica de neuromodulação já atendeu mais de 400 pessoas na Universidade

 

 A tecnologia “Radio Electric Asymmetric Conveyer” (REAC) para uso terapêutico foi desenvolvida pelos pesquisadores em medicina Salvatore Rinaldi e Vania Fontani.

De 16 a 18 de novembro ocorreu na Universidade o I Seminário de Produção Científica, Tecnológica e Pesquisa na Pós-Graduação Stricto Sensu. O evento teve, entre outras propostas, apresentar e discutir as últimas aplicações e resultados da terapia REAC (Radio Eletric Asymmetric Conveyer), tratamento que utiliza impulsos radioelétricos para promover mudanças no funcionamento cerebral, resultando em uma melhora no desempenho, não só do cérebro, mas do organismo na totalidade.

A técnica, chamada de Neuromodulação, induz alterações cerebrais através da interação física ao invés de farmacológica. Os estímulos podem ser de várias naturezas, elétricos, magnéticos, dentre outros. “O diferencial da neuromodulação pela tecnologia REAC é exatamente não gerar estímulos externos, mas permitir o rebalanço elétrico dos organismos de forma natural e individual, podendo ser medida pelo desaparecimento de um complexo fenômeno neuromotor chamado dismetria funcional, a medida clínica do estresse”. No Amapá, a tecnologia é utilizada na Unifap desde 2019. Os primeiros contatos com a tecnologia para possíveis parcerias de pesquisa iniciaram em agosto de 2018, entre a professora Ana Rita Barcessat e o médico Alfredo Coelho, de Belém – PA, pesquisador do Instituto Rinaldi Fontani.

Professor Salvatore Rinaldi (ao centro) durante o encerramento do I Seminário de Produção Científica, Tecnológica e Pesquisa na Pós-Graduação Stricto Sensu na Unifap quando recebeu a medalha do Mérito Universitário.

Nesse ano foi estabelecido um intercâmbio científico, onde os cientistas puderam estudar os pormenores relacionados a tecnologia, a fisiologia do contato da máquina com o corpo, os impactos na saúde, entre outros.

Em setembro de 2018 o inventor da tecnologia, professor Salvatore Rinaldi, veio ao Amapá pela primeira vez conhecer o grupo da Unifap que iniciaria as pesquisas relacionadas a tecnologia REAC. A partir de então se estabeleceram as primeiras conversas e convites aos professores para começarem a tomar ciência da tecnologia em palestras proferidas pelo professor Rinaldi.

“Até aquele momento era apenas um intercâmbio técnico-científico, até a proposta do professor Rinaldi de que tivéssemos uma máquina na Universidade e começássemos a estudar. A partir daí estabeleceríamos um termo de referência, com o apoio da administração superior universitária. Então, em 2019 o termo foi assinado entre a Unifap e o Instituto Rinaldi Fontani, da Itália, representado pelo próprio professor Rinaldi, inventor da tecnologia”, lembrou a professora Barcessat.

Em março de 2019 o professor Rinaldi voltou ao Amapá pela segunda vez para assinar o convênio, tendo como representante da reitoria no evento de assinatura o professor Fernando Medeiros. Em junho de 2019 o Prof. Rinaldi traz pessoalmente o equipamento B.E.N.E , com protocolos de neuromodulação e de biomodulação. À época foram abertas algumas frentes de pesquisa: estresse, ansiedade e depressão, fibromialgia e saúde da criança.

“A parceria e os estudos desenvolvidos desde então possibilitaram a apresentação da primeira dissertação de mestrado sobre a tecnologia Reac no Brasil, em 2020 na Unifap, pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) com a discente Larissa Duarte”, afirmou Barcessat. A segunda dissertação da Unifap sobre a tecnologia foi defendida em novembro deste ano, pela discente Taynara Lima também no PPGCS .

Para se apropriar ainda mais da tecnologia, a professora Ana Rita Barcessat concorreu a uma bolsa de doutoramento na Universidade de Sassari, na Itália, a convite do professor Rinaldi. “Eu aceitei fazer o meu segundo doutorado em função, de fato, de me aprofundar na tecnologia que considero ser revolucionária e diferente do que estávamos acostumados, além de ser orientada diretamente pelo professor Rinaldi, inventor do instrumento”, afirma.

A ida para o doutorado também foi início do projeto que trabalha com pessoas vivendo com Parkinson, em parceria com o projeto Reviver, cursos de graduação em Enfermagem, Fisioterapia e Medicina. Segundo Barcessat, os primeiros resultados do estudo aplicado em 50 indivíduos são promissores e em breve serão publicados.

Hoje, a Unifap é a única universidade no Brasil que oferece a tecnologia REAC como extensão universitária, no atendimento à comunidade. São protocolos disponíveis na rede privada e que aqui são disponibilizados gratuitamente por meio de projetos de extensão e pesquisa. “Hoje, ao saberem que aplicamos a tecnologia gratuitamente na extensão, já atendemos pessoas oriundas de Brasília e do Pará, por exemplo, no protocolo relacionado ao Parkinson”, informou. Atualmente são 35 pesquisadores entre professores, alunos e técnicos que atuam nas pesquisas relacionadas à tecnologia REAC.

Assinatura do convênio pelo professor Salvatore Rinaldi e o Reitor Júlio Sá em março de 2019.

SUS

Atualmente existe uma vertente da sociedade civil que trabalha com a bandeira de implantação da tecnologia no Sistema Único de Saúde (SUS), a partir do trabalho que a Unifap conduz e apresenta. As tratativas no momento versam para que os atendimentos ao público, via projetos de extensão e pesquisa da Unifap, ocorram nas dependências de outros estabelecimentos assistenciais de saúde, dentre eles o Hospital Universitário (HU).

“Para nós é muito interessante que isso ocorra, pois estaremos em lugares estratégicos para embrionar a aplicação da tecnologia via Sistema Único de Saúde”, ponderou a professora Barcessat. Já foram atendidas mais de 400 pessoas na Universidade desde o início dos projetos. A máquina está em operação certificada no mercado europeu há mais de 10 anos e no Brasil a partir de 2015. Os estudos científicos sobre a eficácia e aplicabilidade da tecnologia versam da mesma época