Um olhar diferente para Macapá

*Márcio Augusto Alves – Procurador de Justiça do Ministério Público do Amapá

Estou relendo um livro que havia lido há algum tempo numa edição estrangeira. Na edição nacional o título é: “Porque as Nações Fracassam”. Em brevíssimo resumo, o livro, escrito por dois talentosos economistas americanos, tenta explicar o porquê que alguns países não conseguem se desenvolver econômica e socialmente, embora não tenham problemas geográficos severos (desertos, por exemplo). A conclusão primária a que se chegou é a seguinte: as nações não se desenvolvem, basicamente, por conta das instituições públicas e econômicas oficiais que regem àquela nação. O livro cita o claro exemplo das Coreias do Sul e Norte, as quais ocupavam e ocupam o mesmo território geográfico (nação homogênea), mas que têm, hoje, graus de desenvolvimento completamente diferentes: uma – a do Sul – é rica, com alto nível de desenvolvimento social/educacional, é democrata e incentivadora da liberdade econômica, permitindo que seus habitantes participem das oportunidades econômicas, com um governo que não só assume sua responsabilidade como indutor das políticas públicas, como também presta contas aos seus cidadãos – por isso o pouco índice de corrupção .

A outra, a do Norte, não! É pobre, altamente fechada e autoritária, com alto índice de corrupção dentro do seu sistema centralizado, com órgãos oficiais que prestam contas ao seu ditador, e não aos seus cidadãos.

Às vezes me pergunto a razão de nosso Amapá e nossa Macapá ainda não terem conseguido descobrir a sua vocação e o seu verdadeiro potencial econômico. Fico imaginando a razão que leva muitos habitantes daqui a irem até Paris, na França, e de lá postarem fotos nas redes sociais às margens do Rio Sena (que para nós seria quase um igarapé), quando temos em frente à nossa cidade o majestoso Rio Amazonas. Você é capaz de imaginar o que os franceses e os alemães não fariam com suas cidades, acaso tivessem um rio/mar em frente delas???

Como diz o livro, nossas instituições oficiais públicas precisam funcionar para os fins a que foram criadas, pois do jeito que estamos, nada andará para o caminho do progresso que todos esperamos que aconteça, para o bem coletivo, e não apenas de alguns poucos “privilegiados”.
Há poucos dias o Desembargador Presidente do nosso TRE disse que o futuro prefeito precisa “amar” Macapá, e ele está coberto de razão. Nossa cidade precisa de alguém que realmente a ame, que a trate com carinho, que a chame de “joia” da Amazônia, que a corteje como um homem apaixonado corteja sua amada: com respeito, com devoção e sempre a postos para servi-la e reverenciá-la.

Embora sejamos brasileiros e amapaenses/paraenses, é na cidade/território de Macapá que moramos/vivemos. Foi nesse “rico torrão” que muitos de nós conseguimos crescer profissionalmente, educar nossosfilhos para terem um porvir que todos, principalmente os mais carentes, sem exceção, merecem.

Por isso, se cuidarmos com amor de nossa cidade, tal qual usufruímos daquilo que ela nos propiciou profissionalmente, a vida das nossas pessoas melhorará e a da nossa cidade também.

Com a proximidade do segundo turno das eleições municipais no próximo dia 20 de dezembro, se eu fosse candidato a prefeito, procuraria ter um olhar diferenciado sobre tudo o que está acontecendo nesse ano de 2020, procurando fazer de nossa “joia da Amazônia” uma verdadeira home love, e não apenas o nosso temporary office.

Tem muita gente que vem, conquista, esbalda-se, e vai embora procurar outros rumos depois que se “satisfaz”; e tem muitos, hoje, que não estão nem esperando o tempo da saciedade, pois já estão procurando outros caminhos, com outras expectativas de vida.

Precisamos ter estratégias para atrair pessoas e empreendedores que aqui queiram ficar, viver, morar, se apaixonar e amar nossa linda cidade, mas para isso é necessário que tenhamos um olhar transformador, e os futuros gestores municipal e estadual precisam ser os condutores e líderes (não chefes de Poderes), junto com a nossa Câmara Municipal e todos nós, sociedade civil, desse processo de metamorfose estrutural do nosso território.

É lógico que não esperamos que tenhamos um prefeito “perfeito”, mas que seja um prefeito que seja, sem medo, protagonista de uma gestão que nossa cidade e nosso povo aguardam e esperam há anos!!!!

 

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