SVS conversa com jornalistas, explica ações e quadro atual: “Inicio de maio será difícil”.

Na manhã deste feriado do Dia do Trabalho, o Superintendente da Vigilância em Saúde(SVS), Dorinaldo Malafaia, junto com sua equipe, promoveram uma conversa, via teleconferência,  com jornalistas do Amapá, fazendo um balanço das ações de combate ao coronavirus e respondendo questionamentos.

Entre outros assuntos tratados, destaco esses:

Dorinaldo Malafaia reforçou que a proporção de casos no Amapá é alarmante. E que dada nossas condições laboratoriais e de estrutura de saúde , devemos ter um mês de maio difícil.

 

Alta proporção de casos no Amapá 

Perguntado sobre o que levava a essa alta proporção de casos no Amapá, respondeu que:

“Com esse relaxamento da população em seguir as indicações das autoridades de saúde de isolamento social, e essa rebeldia social que estamos vendo, não temos como conter o vírus.

Precisamos de 60% a 70% de isolamento social. E segundo acompanhamento feito por aplicativo, pela prefeitura de Macapá, não chegamos a 50%. Mais da metade da população está nas ruas. E o vírus em transmissão comunitária. Não sabemos mais onde ele está. Porque pode estar em todos os lugares, em festas domiciliares e no comercio aberto”.

“Inicialmente temos os seguintes dados: dos mais de 1.000 casos, 691 são pessoas na faixa-etária entre 20 e 59 anos e entre crianças até 9 anos de idade são apenas 10 acasos confirmados, e idosos, 16 casos”. Ou seja, quem está na rua, pega mais.

O pesquisador Sandro, que trabalha com as estatísticas dos casos, esclareceu que a alta proporção também vem, do alto número  de análises de exames do Amapá, que é bem maior que em outros estados. “Quanto mais testa, mais descobre e confirma. A subnotificação em outros estados é maior”, disse ele.

O Amapá está fazendo análises laboratoriais no Lacen, no Instituto Evandro Chagas(Belem) e no IEC, laboratório particular.

Dorinaldo esclareceu que a subnotificação no vizinho estado do Pará, colapsou o sistema de saúde lá. O número de casos aparece proporcionalmente menor que o Amapá, mas o sistema de saúde, apesar de grande, entrou em colapso.

Estrutura montada pelo estado

Dorinaldo explanou sobre a estrutura já montada pelo governo para atender os doentes de Covid-19.

Foram montados em Macapá os centros de Covid 1 e 2, no centro e zona norte, em Santana e leitos apropriados nos municípios de Oiapoque e Laranjal do Jari.

Em frente ao Hospital de Emergencia foi montado um centro de triagem para pacientes com suspeita da doença. Ele disse que maldosamente, soltaram fakes news dizendo que o centro de triagem era um hospital de campanha.

“Mas é preciso esclarecer que quando se fala em leitos, aumento de leitos,  tem toda uma estrutura de suporte que tem que vir junto: Rede de oxigênio, ventilação, respiradores, médicos e enfermeiros”.

 

Apoio do Governo federal e alinhamento entre entes 

“Precisamos de apoio efetivo do governo federal. O apoio até hoje foi muito tímido. Falta o braço forte do governo brasileiro em socorro do estado e dos municípios, com hospital de campanha, Força Nacional do SUS, envio de insumos e equipamentos, apesar do esforço do governador e do senador Davi, o apoio quase não veio, disse Dorinaldo”.

Ele destacou o alinhamento que há entre o governo do estado, prefeituras e bancada, no combate à pandemia.

Mas disse que o presidente Bolsonaro atrapalha. Suas falas e comportamento fazem a população relaxar no isolamento social, alem da crise política que ele gerou no ministério da saúde, em plena pandemia.

Dorinaldo destacou ainda o papel da chefe do Ministério Público, Ivana Cel, e do presidente do TJAP, João Guilherme Lages, que segundo ele atuam com compromisso social e responsabilidade cívica, no combate a pandemia.

 

Hospital de Campanha, isolamento domiciliar, leito clinico e UTIs

A doutora em biologia de agentes infecciosos, Margarete Gomes, que é assessora de Desenvolvimento Institucional da SVS, explicou aos jornalistas, o protocolo ideal.

Como não tem leitos clínicos e UTIs suficientes para atender o momento agudo de uma pandemia, ela explicou que o ideal é que os pacientes ainda em quadro leves e moderados, recebam o tratamento logo, para que não precisem utilizar os leitos de hospitais e UTIs.

Pacientes com sintomas leves – Ficam em isolamento domiciliar, recebendo tratamento e orientações do programa Saúde da Família.

Pacientes com sintomas moderados – Precisam de terapia clinica, pra evitar que precisem de terapia intensiva. O ideal seria em hospital de campanha.

Pacientes graves – Terapia intensiva em UTIs.

Dorinaldo Malafaia diz que esse apoio é que o Amapá precisa. Montagem de um hospital da campanha e presença da Força Especial do SUS.

Perguntados sobre o isolamento domiciliar não ser efetivo em áreas de ressaca e habitacionais, com cômodos pequenos e família grandes, surgiu a possibilidade de em articulação com o setor social de governos e prefeituras, colocar esses doentes com sintomas leves em hotéis contratados para isso, evitando a contaminação da família e dando mais celeridades as equipes de saude no acompanhamento.

 

Sobre compras de EPIs e testes rápidos 

A SVS suspendeu uma compra de EPIs e ainda não comprou testes rápidos.

O Superintendente disse  que “nosso portal da Transparência está em nível de excelência. Por isso não vamos permitir a falsa polêmica”. Esclareceu que há variáveis de mercado, na produção de insumos e na logística para que os produtos cheguem no Amapá. E muita oscilação de valores.

“Meu compromisso é que cada centavo que tiver será aplicado corretamente”, disse Dorinaldo aos jornalistas.

E explicou sobre as compras de EPIs. Disse que estava comprando para a SVS e outras instituições, inclusive para o abrigo São José, que empenhou e cancelou o empenho antes mesmo de a justiça mandar. Que o preço apresentado pelos fornecedores foi de 49 reais o kit e que os fornecedores apresentaram nota da industria comprando a 29 reais, e mais 14 reais o custo de logística.

Suspendeu a aquisição e disse que devem faltar EPIs, até conseguir organizar as compras junto com os órgãos de controle.

Exemplificou sobre a compra de testes rápidos: Disse que a SVS tem os recursos, mas que os preços que no inicio da pandemia estavam 20 reais, hoje estão sendo vendidos a até a 200 reais. “Não compramos. Só temos o que veio do Ministério da Saúde”.

Dorinaldo e a equipe da SVS vão fazer semanalmente essas conversas de prestação de contas e esclarecimentos com os jornalistas.

 

 

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