Resumo da CPI – Parte 6. CPI questiona a existência do “gabinete paralelo”.

A CPI ouviu a médica Nise Yamaguchi para investigar a afirmação do médico e ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, de que o presidente recebia conselhos sobre saúde pública e pandemia de um grupo paralelo de conselheiros, os quais não faziam parte do ministério da Saúde.

Cotada para ser ministra da saúde, Yamaguchi sempre se posicionou publicamente de acordo com o presidente Jair Bolsonaro e disse que aceitaria o cargo se fosse convidada, algo que nunca ocorreu.

Defensora da cloroquina para “tratamento precoce” contra covid, Yamaguchi faz parte de um grupo médicos que defende que existem evidências da sua eficácia contra o coronavírus.

No entanto, entidades médicas respeitadas da área no mundo concordam que não há estudos confiáveis, que comprovem essa versão. Nem os próprios fabricantes dos medicamentos dizem ter encontrado essas evidências.

Segundo Mandetta. Yamaguchi estava presente na reunião em que o governo levantou a possibilidade de mudança de bula da cloroquina.

Nise Yamaguchi defendeu na comissão o uso do “tratamento precoce”.

A médica, negou à comissão que houvesse intenção sua ou do governo em fazer essa mudança e afirmou que tanto o ex-ministro quanto o presidente da Anvisa “podem ter se equivocado”, e que seu desejo era tornar o medicamento acessível. No entanto, defendeu o uso da cloroquina para tratamento precoce.

Diante desse impasse, o presidente da CPI, Omar Azziz (PSD-AM), chegou a propor fazer uma acareação, entre a médica e o presidente da Anvisa Antonio Barra Torres. O senador também acusou a médica de estar omitindo fatos, e falou que futuramente ela estaria sendo convocada novamente para depor na CPI.

Yamaguchi negou fazer parte de um conselho paralelo do Presidente Bolsonaro, mas admitiu que participava do que chamou de um “conselho independente” de discussão sobre a pandemia, organizado pelo empresário do ramo de escolas de inglês Carlos Wizard.

“Não participo de nenhum gabinete paralelo”, disse Yamaguchi, apesar de admitir que participou de uma reunião com o comitê de crise interministerial e que fazia parte de um grupo organizado por Wizard.

A médica afirmou que se tratava de um “conselho científico independente” que estaria “fazendo levantamento de dados científicos de forma voluntária” e apresentando essas informações ao governo.

Yamaguchi afirmou que esteve com o presidente “umas quatro vezes” e que nunca teve encontros privados com Bolsonaro, embora a agenda oficial do presidente informe uma reunião entre ele e Yamaguchi em 15 de maio de 2020.

Defensora do uso da hidroxi-cloroquina, Yamaguchi se utilizou do argumento de queé médica para falar da eficácia do medicamento. No entanto, o senador Otto Alencar (PSD-BA), também médico, fez inúmeros questionamentos quanto ao conhecimento médico de Yamaguchi, chegando a dizer que a médica “não sabe nada de infectologia”.

A CPI ouviu também a infectologista Luana Araújo, que foi indicada para a secretaria especial de combate a covid no ministério da Saúde, mas ficou apenas alguns dias antes de ter a nomeação cancelada. Araújo, que se posiciona publicamente contra o uso da hidroxicloroquina e ao chamado “tratamento precoce”, foi questionada pelos senadores da CPI a respeito dos motivos do cancelamento de sua nomeação.

A médica Luana Araújo, até agora, a depoente mais crítica quanto ao uso do tratamento precoce.

 

Ela respondeu que pleiteou autonomia para agir, afirmando que o ministro teria concordado com essa exigência. Porém, quando sua nomeação não saiu ela disse á CPI que “o Ministro disse que lamentava, mas que meu nome não ia passar pela Casa Civil”, e que essa pergunta deveria ser encaminhada ao próprio ministro Marcelo Queiroga.Luana Araújo também afirmou que se sua não-nomeação ocorreu devido a sua posição científica ela “só teria a lamentar”.

O ministro Queiroga prestou novo depoimento à CPI dia 08 de junho, como foi informado anteriormente nesta matéria.

Perante o depoimento de Luana Araújo, o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), chegou afirmar que uma pesquisa que provava a ineficácia da cloroquina teria sido feita pela empresa de uma atriz pornô, e afirmou que o estado do Amapá, estado com menor letalidade de covid-19 no país, faria uso do tratamento precoce, afirmação essa que foi desmentida pelo senador eleito pelo Estado Randolfe Rodrigues (REDE-AP), o qual acusou o colega de usar fontes fraudulentas.

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