Resumo da CPI – Parte 2 – Depoimentos de Ernesto Araújo e Fábio Wajngarten

Continuando nossa série de resumos sobre a CPI.

Depoimentos de Ernesto Araújo e Fábio Wajngarten geraram tumulto na CPI

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e o ex-secretário de Comunicações Fábio Wajngarten tiveram os depoimentos mais conturbados até agora, com acusações de mentiras e bate-bocas entre senadores.

Ernesto Araújo, gaguejou bastante, principalmente nas primeiras horas do depoimento, especialmente quando teve de responder às perguntas do senador Randolfe Rodrigues, que a esta altura já estava bastante impaciente com os ex-membros do governo.

Ernesto Araújo na CPI, o ex-ministro negou rixa com a embaixada da China. Imagem do site bbc.com

Vale lembrar que bem antes da CPI, senadores cogitaram pedir ao STF para que Ernesto Araújo fosse retirado do cargo de Ministro de Relações Exteriores.

A senadora Kátia Abreu (PP-TO), fez uma série de críticas ao ex-ministro, principalmente sobre suas atitudes á frente do Ministério, afirmando que ele buscava se aliar mais com pessoas do que com nações, não sendo esse o dever de um diplomata. A senadora também acusou Araújo de ser um negacionista compulsivo da pandemia.

Araújo confirmou na CPI a autenticidade das mensagens reveladas por uma investigação da Folha de S. Paulo, que mostraram que o Itamaraty foi mobilizado para garantir o fornecimento de cloroquina ao Brasil, mesmo quando as evidências científicas já apontavam que o remédio não era capaz de combater a covid.

O ex-chanceler afirmou que os esforços foram feitos a partir de um pedido do ministério da Saúde.

Araújo foi também cobrado sobre a falta de atuação do Itamaraty para trazer mais oxigênio oferecido pela Venezuela ao Amazonas em janeiro, quando a falta do gás provocou a morte de centenas de pessoas que estavam internadas com covid-19 no Estado.

Araújo reconheceu que não fez contato com o governo da Venezuela, nem agradeceu a doação de oxigênio, mas afirmou que “o Itamaraty não age de maneira autônoma em temas de saúde”.

Já o ex- Ministro Wajngarten entrou em contradição em seu depoimento e foi acusado de mentir por senadores independentes e da oposição. Parte da sessão foi ocupada por debates sobre a possibilidade de uma prisão do ex-secretário caso ele se recusasse a colaborar.

Fábio Wajngarten, em depoimento a CPI; ele e Carlos Bolsonaro teriam participado de reunião com a Pfizer. Imagem bbc.com

Inicialmente, por exemplo, Wajngarten afirmou que a Secretaria de Comunicações (Secom) não tinha contratado influenciadores bolsonaristas para fazer campanha sobre “tratamento precoce” com uso de cloroquina. Mas ao ser apresentado com dados de que uma agência contratada pelo governo pagou R$ 23 mil a esses influenciadores, Wajngarten confirmou o valor e disse que eles foram contratados por “terem muitos seguidores”.

Também negou diversas declarações que havia feito à revista Veja, incluindo acusações de que Pazuello seria “incompetente”. Confrontando com áudio da entrevista, disse que se referia ao ministério como um todo, e não ao ministro.

Ele também foi questionado sobre seu envolvimento nas negociações do governo com a Pfizer, apesar de não ser da área de saúde. Disse que se envolveu ao saber, em novembro de 2020, que havia uma carta da empresa a seis destinatários do governo, incluindo o presidente, que não tinha sido respondida quase dois meses depois.

Wajngarten disse que procurou o presidente, pessoas públicas e empresários para tentar viabilizar a compra da vacina. “Tenho muito orgulho disso”, afirmou. Seu depoimento foi interrompido por um tumulto após o senador Flávio Bolsonaro (Republicano-RJ) entrar na seção e acusar o senador Renan Calheiros (MDB-AL) de usar a CPI para se promover.

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