Por um Ambiente Favorável aos Investimentos

Charles Chelala*

Chelala-Coletiva Novo Escalão do Governo Municipal 04

É notória a expressiva participação do governo na nossa economia, muito além do contracheque do servidor, pois os recursos do Estado se constituem na mola propulsora da economia amapaense. Ocorre que, para gerar mais empregos, avançar no desenvolvimento e ficar independente de repasses da União, é fundamental atrair investimentos privados que, por sua vez, somente virão se enxergarem aqui segurança para tal. É tarefa urgente se construir um ambiente favorável aos investimentos, que nada mais é do que o conjunto de fatores que atraem empreendedores a preferirem se instalar aqui, em detrimento de outros lugares. Inclui condições de infraestrutura, proximidade de mercados, qualidade da força de trabalho, condições tributárias, apoio governamental e estabilidade política, dentre outros quesitos que conferem competitividade ao local.

Pois bem, aparentemente o Amapá estaria bem posicionado como ambiente atrativo, já que possui riquezas naturais, está localizado estrategicamente próximo a grandes mercados e ainda ostenta um regime aduaneiro especial, a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana. Por que então, amargamos a penúltima posição entre os Estados do Brasil (vencemos apenas Roraima) e os investimentos privados preferem se dirigir a outros sítios?

Ocorre que não basta ser bem aquinhoado pela natureza ou possuir uma pequena vantagem fiscal. O ambiente favorável aos investimentos deve ser construído e, ao Amapá, faltam dois elementos decisivos: a infraestrutura mínima e a estabilidade política.

Com relação ao primeiro, nosso Estado ostenta os piores índices nacionais de infraestrutura, segundo o anuário Exame. Ainda nesta semana fomos lembrados dos nossos indicadores de saneamento comparáveis à África Subsaariana. Mais além do saneamento, nossa principal rodovia não é totalmente pavimentada, isso para não falar das rotas locais e vicinais; o porto não atende às necessidades mínimas de uma produção em escala; o aeroporto com obras paralisadas há mais de uma década; nossa única ferrovia é obsoleta e monopolizada; convivemos com precária infraestrutura urbana das cidades; os meios de comunicação falhos (inventamos aqui a ligação de celular “à prestação”); a internet é lenta e cara (ainda não experimentei a nova “banda larga” anunciada); a energia elétrica é oscilante e com reduzido alcance e, por mais que estejam em obras três hidrelétricas que solucionarão o problema de geração, ainda haverá muito por fazer em matéria de distribuição.

Não há como fugir às comparações, por exemplo, com a BR 174, que liga Manaus à Boa Vista e esta capital à fronteira com a Venezuela, com mais de mil quilômetros totalmente pavimentados já há vários anos.

O outro ponto que afugenta investidores é a carência de estabilidade política. Os escândalos de corrupção aos quais o Amapá foi submetido na última década, as alternâncias de grupos no poder descomprometidos com a agenda de desenvolvimento, além da descontinuidade de políticas públicas e de regras claras para os negócios, geram a sensação de insegurança no empresário, que prefere investir no Acre, em Rondônia, ou no Pará.  Para superar esta dificuldade é necessário que o Estado não titubeie em assegurar condições adequadas para aqueles que queiram aqui investir, como no setor de logística portuária, energia elétrica, agronegócio, mineração e até com relação ao petróleo.

Assim, são duas as emergências em matéria de promoção do desenvolvimento do Amapá e libertação das amarras da economia do contracheque: avançar na infraestrutura e passar firmeza institucional aos empresários que começam a colocar o nosso Estado no seu mapa de investimentos.

  • Meu nobre professor, o que está no artigo acredito não seja novidade para quem conhece um pouquinho de economia. Mas vejamos, se a credibilidade política fosse tão determinante (não estou dizendo que não seja importante)o Brasil, pós mensalão, estaria falido, outros grandes Estados como São Paulo tem notícias constantes de corrupção. Mas compreendo que você já escreve como postulante ao cargo de governador (daí dá pra entender). Uma contradição no seu artigo é mostrar que o Amapá é o penúltimo Estado da Federação na economia e vc enfatizou que só ganhamos de Roraima, e depois deu um exemplo de desenvolvimento citando o próprio estado de Roraima, que apesar da Rodovia que o liga a Manaus e a Venezuela (toda pavimentada há anos), e apesar de não ter passado pelos escândalos recentes que o Amapá passou é o mais pobre da federação. Então, parece que dentro do seu próprio artigo existem teses que derrubam sua teoria de que o investimento privado e a estabilidade política são os principais determinantes hoje para o Desenvolvimento do Amapá. Saudações e um forte abraço Profº Chelala.

  • Prezado Chelala, na Edição nº 56 da Revista Auto Retrato (informativo da FECOMERCIO), você escreveu um artigo com o título “2014: cenário de otimismo na Economia amapaense”. Considerando que esta edição corresponde a nov/dez de 2013, de lá pra cá suas ideias mudaram bastante. O cenário mudou tão repentinamente? Sua visão de desenvolvimento do Amapá mudou completamente se comparado os dois artigos, a que se deu tamanha mudança de ponto de vista?

    • MUITO CLARO E OBJETIVO SEU ARTIGO, O SETOR PESQUEIRO, DENTRO DOS RECURSOS NATURAIS DISPONÍVEIS, EM SUAS DIVERSAS ÁREAS, PESQUISA, EXTENSÃO, CULTIVO, COMERCIALIZAÇÃO E FISCALIZAÇÃO SOFREM DENTRO DESSE PROCESSO DE CARÊNCIA ECONÔMICA… SEU POSICIONAMENTO QUANTO A INFRAESTRUTURA BÁSICA E INSTABILIDADE POLÍTICA, SÃO REFLETIDOS NOS DIVERSOS SETORES PRODUTIVOS…..ABRAÇOS PROF. CHELALA….

  • Como disse o Pedro Henrique, não é preciso ser gênio para saber tudo isso que vossa senhoria coloca. É o óbvio para quem se preocupa com a situação desse estado e vossa senhoria tem toda razão. Resta saber se esse discurso não é apenas uma prévia de mais um candidato a governo.
    Enquanto a fauna politica desse estado, tanto de direita, centro ou esquerda, for do mesmo eco-sistema, jamais haverá mudança, apenas continuísmo.
    Que me perdoem os funcionários públicos, mas nossos políticos são apenas funcionários públicos, olhando para o próprio pé, tropeçando na própria incompetência, procurando desculpas na administração dos outros.

  • Parabéns pelo artigo Professor Chelala. Com essa visão parece que a coisa é fácil. Não é fácil pois passa por mudanças culturais de um ESTADO que sustenta uma população com uma economia do contra-cheque, passe a ser de uma população que sustente o ESTADO. O primário precisa ser feito, tem que se dar o passo inicial, caminhar. Vemos um ESTADO em que governantes nos últimos 20(vinte) anos jamais se preocuparam com isso, pois usam o ESTADO para se eleger, ou se reeleger, e dai colocam suas famílias para tomar conta de tudo, e os apadrinhados em cargos públicos. A mudança começa agora, e esse é o nome que quebra a polarização das oligarquias tucujus (Góes e Capiberibes). O Amapá merece mais. Chelala vem ser o nosso governador.

        • Prezados o povo desse ESTADO tem uma longa caminhada pela frente. É um grande engano achar que o Professor Chelala não dê nem para a saída. Ele tem tudo para ser o Governador que o Amapá merece. O nosso estimado governador Camilo ficou com todo o dinheiro da Prefeitura em 2013 e boicotou a Cidade de Macapá e o trabalho do prefeito Clécio (números apresentados nesse blog pelo professor Chelala). Chega dessas picuinhas e desses egos que não tem os olhos voltados para o povo. O SOL começou a brilhar para Macapá com o prefeito Clécio e vai brilhar em todo o Amapá com o Chelala governador.

          • Não sei se vivo em outra cidade, mas não vejo tudo isso. De diferente até agora só o discurso da moralização. O que mais sentimos na pele que são as ruas cheias de buracos continua igual ou pior (sem nenhuma saudade do Roberto!).

        • Temos que deixar de paixões, de encarar a politica como um jogo de futebol. Precisamos ver para crer. De um ponto de observação fora do foco das fogueiras das vaidades. Vale lembrar Nietzsche, parodiando sua obra Para Além do Bem e do Mal.
          Não esperemos muito desses carinhas, porque não farão muita coisa. É apenas uma questão de lógica. Simples assim.
          Como no poker paguemos para ver.

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