Para MP-AP, lama fluida tem que ser solução para o desenvolvimento da navegação sem prejuízos ambientais 

Uma das particularidades da costa do Amapá, a lama fluida, foi discutida durante dois dias (23 e 24), por especialistas, autoridades marítimas, parlamentares, práticos, promotores e estudiosos durante o “Seminário Sobre Aspectos Gerais da Navegação em lama Fluida e sua Aplicabilidade no Arco Lamoso da Região da Barra Norte do rio Amazonas”, realizado pela Marinha do Brasil. O Ministério Público do Amapá (MP-AP) é apoiador da iniciativa e desde maio deste ano reúne com representantes da Marinha para discutir as possibilidades de uso da lama como alternativa econômica e sem prejuízos ecológicos. A procuradora-geral de Justiça, Ivana Cei, e os procuradores Nicolau Eládio e Judite Teles, estiveram presentes no evento.

O fenômeno da lama fluida é conseqüência dos sedimentos do rio Amazonas, faz parte do ecossistema local e é influenciado pelo movimento das marés e translado de embarcações de grande porte, o que pode facilitar ou dificultar a passagem de navios de cargas. O Amapá, junto com os estados do Maranhão, Roraima, Amazonas e Pará, compreendem a Barra Norte, onde a incidência de lama fluida é constante. A Marinha do Brasil iniciou em 2017 um estudo para monitorar a área e buscar alternativas para que a lama seja benéfica para a navegação sem prejuízos ambientais e materiais.

O seminário reuniu estudos, pesquisas e experiências com o objetivo de indicar alternativas para que a lama deixe de ser considerada um problema e se torne potencial econômico, assim como ocorre em outros países. Atualmente, como conseqüência da movimentação da lama, o calado dos navios são limitados a 11,7 metros, o que impede a passagem de embarcações com cargas maiores e reduz a velocidade . De acordo com especialistas, o aumento de centímetros de calados significa o acréscimo de 50% de transporte de carga nos navios que navegam na costa do Amapá, o que traria benefícios econômicos por ser este trecho da Barra Norte, o principal ponto de escoamento da produção do Brasil com a Europa e Estados Unidos.

“Queremos o desenvolvimento econômico, e as pesquisas apresentadas informam que há possibilidade da lama ser tratada, e se melhor estudada e conhecida, maiores são as chances de, em vez de problemas, ser solução. Mas é importante ressaltar que todos os experimentos não podem se chocar com o meio ambiente, a lama não pode ser retirada e jogada fora, mas pode ser cuidada e transformada em benefício. Este seminário é muito importante porque temos aqui todas as vertentes envolvidas, os acadêmicos, a Marinha, os práticos, empresários, pesquisadores, entidades que protegem a navegação segura, e nós, enquanto instituição que apóia o desenvolvimento, mas acompanha os procedimentos para que não haja prejuízos ecológicos nem abusos, e as comunidades tradicionais da Amazônia  sejam respeitada”, disse a PGJ Ivana Cei.

O seminário ocorreu no auditório do Sebrae/AP, e contou com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, governador Waldez Góes, senador Randolfe Rodrigues, deputado federal e coordenador da bancada, André Abdon, prefeito Clécio Luis, comandante da Marinha, Ilques Barbosa Júnior, vice-presidente da Internacional Naritime Pilot’s Association (IMPA) Ricardo Falcão, entre outras autoridades marítimas. As palestras foram ministradas por professores Doutores especialistas no assunto, e alto comando da Marinha do Brasil.

Mariléia Maciel
Assessoria Operacional/CAOP-AMB

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