“O Complexo de Dorothy”: Espetáculo fica em cartaz na África do Sul sob adaptação e direção do ator amapaense Anderson Barroso

“O Complexo de Dorothy ou o Meu Destino é Pecar” é o novo espetáculo do diretor e ator amapaense Anderson Barroso, que atualmente vive em Pretoria na África do Sul, onde atua também como professor de teatro. Barroso iniciou sua imersão no teatro em Macapá como aluno de Álvaro Braga, na Escola de Arte Cândido Portinari e posteriormente como discípulo e parceiro de trabalho de grande diretora de teatro amapaense Zeniudes Pereira.

Após a morte de sua mestra  Zeniudes Pereira e um longo período trabalhando com a Cia SuperNova Teatro Experimental, Anderson Barroso seguiu para Rio de Janeiro. No Rio estudou teatro e história, trabalhou intensamente com seu grupo de teatro e performance arte, Bando Filhotes de Leão. Ao lado do seu parceiro de trabalho e criação artística Wellington Dias, juntos realizaram diversos espetáculos de teatro, performances artes e dezenas de projetos artísticos, culturais e educacionais.

Depois de dez anos morando e trabalhando no Rio, Barroso seguiu para África do Sul, onde realizou sua pós- graduação em Criação Teatral, seu Mestrado foi em Direção Teatral ambos pela Universirty of Pretoria. “O Complexo de Dorothy ou o Meu Destino é Pecar” é o quarto espetáculo dirigido por Barroso no continente africano. Em 2017 ele dirigiu o clássico brasileiro de Plinio Marcos “Navalha na Carne”, que teve duas temporadas de sucesso e ganhou o prêmio de melhor cenário durante o Festival de Teatro Kopanong.

“O Complexo de Dorothy ou o Meu Destino é Pecar” é uma livre adaptação da obra “Dorotéia” do dramaturgo Brasileiro Nelson Rodrigues. Falecido em 1980 e considerado o maior dramaturgo brasileiro de todos os tempos, Nelson deixou uma grande e consolidada obra de teatro com um total de 17 peças. Seus textos são recheados de sarcasmo, ironia e críticas ao falso moralismo. Com diálogos ácidos e com um forte simbolismo, seus escritos tratam de paixão, sexo, adultério, família, conservadorismo, morte, traição, infidelidade, assassinato e erotismo.

Partindo desse universo Rodriguiano, o texto original foi traduzido para o inglês por Barroso e sua esposa, a professora de literatura e Inglês Megan Jelley. A obra e investiga a condição feminina. Uma história que carrega uma mensagem de crítica, um deboche ao universo conservador das relações, do sexo e da beleza. Um sarcasmo sobre a salvação e a crença.

A peça pode ser lida como uma revolta contra o patriarcado e contra a figura do homem opressor. Também é uma crítica as normas e modelos padrões midiáticos, que ditam o que é beleza e que condenam através do preconceito as diversidades e as escolhas individuais. Uma peça engajada na crítica a objetificação do corpo feminino, desconstruindo através da ideia da mulher como um objeto para agradar e satisfazer o homem.

Sinopse

Dorothy é uma linda mulher, ex-profissinal do sexo, que após perder o filho decide abandonar a vida de prostituição e alcançar a redenção na casa de três primas. As três primas viúvas e puritanas, Meridith, Chantel e Maura, são orgulhosamente feias e abominam a ideia da entrega amorosa e vivem uma vida casta e cheia de privações. Para aceitar Dorothy, as primas impõem-lhe uma condição: que ela se torne feia. No decorrer da história, inicia-se uma tentativa irracional de levar a protagonista ao caminho da virtude e das privações. O enredo envolvente e repleto de fantasias fará o espectador conhecer um mundo caótico, onde o feio torna-se a representação da pureza, onde o ser humano revela suas múltiplas facetas. No elenco estão os atores Sul Africanos Danielle Britz, JoAnn Briel, Lizanne Schultz and Wentzel Lombard. Tradução do texto: Megan Jelley e Anderson Barroso. Adaptado, dirigido por Barroso. O espetáculo ficou em cartaz no teatro na Embaixada do Brasil em Pretoria, e segue por outras temporadas nos teatros do continente.

 

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