O belo discurso da secretária de Cultura à comitiva da França, sobre a complexidade e riqueza das relações e povos da fronteira

Estamos na Amazônia, essa vasta região que é a um só tempo, tão única por sua magnitude em biodiversidade e tamanho, quanto múltipla por suas abundantes expressões e variações culturais. As identidades cabocla, crioula e ribeirinha, assim como todas as influências histórico-culturais, desde a ameríndia, a do europeu e a afro-descendente, demonstram de maneira clara a complexidade de uma região que guarda em si a riqueza de muitas amazônias.

Hoje, o Amapá e a Guiana Francesa se encontram neste evento que remarca a contínua aproximação, sempre buscando o fortalecimento dos laços de cooperação entre esses dois territórios.

Na nossa história mais recente, Brasil e França, Amapá e Guiana Francesa, Oiapoque e Saint Georges, a partir desse desejo comum pela integração, ergueram no meio da nossa floresta, a Ponte Binacional que vemos como potencial instrumento de materialização dos sonhos de integração, de intercâmbios, de trocas e de cuidados, não apenas como vizinhos que se aproximam, mas como parentes que se reconhecem por meio do DNA histórico, do DNA das geografias e do DNA das nossas culturas.

Nosso desejo é que essa ferramenta que une as duas margens, se transforme no grande corredor das artes da região das Guianas. Que por ela atravesse os saberes das culturas tradicionais, a criatividade e todas as linguagens das artes contemporâneas, nesse grande Portal de conexões chamado Rio Oiapoque

Que a cultura indígena, bushnengué, crioula e artistas da Guiana Francesa, de forma rotineira e naturalizada, encontre com os fazedores de cultura das nossas tradições que também é indígena, quilombola e ribeirinha, e servem de base referencial aos nossos artistas amapaenses.

Toda essa riqueza dos bens culturais produzidos pelos trabalhadores da cultura, tanto na Guiana quanto no Amapá, deve ser foco de nossas políticas no intuito de atrair os diversos segmentos produtivos nesse âmbito, os quais são atravessados pelo Turismo, pelo Comércio Exterior, pela Ciência, pela Tecnologia e pela Inovação, por exemplo, fundamentais para o desenvolvimento social e econômico.

A cultura amapaense e a cultura franco-guiananense são irmanadas pelo Rio Oiapoque, patrimônio simbólico e histórico compartilhado entre Brasil e França. Esse rio é nosso ponto de contato e nele nos faz criar uma cultura própria – A cultura de fronteira. Somos povo de uma cultura transfronteiriça!

E que tudo isso seja farol e norteie as nossa relações.

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