(Thiago de Mello)
Da altura extrema da cordilheira
Onde as neves são eternas
A água se desprende e traça um risco trêmulo na pele antiga da pedra:
O Amazonas acaba de nascer
A cada instante ele nasce
Descende devagar, sinuosa luz, para crescer no chão
Varando verdes, inventa seu caminho e se acrescenta
Águas subterrâneas afloram para abraçar-se com a água que desceu dos Andes
Do bojo das nuvens alvíssimas, tangidas pelo vento, desce a água celeste
Reunidas, elas avançam, multiplicadas em infinitos caminhos
Banhando a imensa planície cortada pela Linha do Equador
Planície que ocupa a vigésima parte da superfície deste lugar chamado terra, onde moramos
Verde universo equatorial que abrange nove países da América Latina e ocupa quase a metade do chão brasileiro
Aqui está a maior reserva de água doce ramificado em milhares de caminhos de água
Mágico labirinto que de si mesmo se recria incessante
Atravessando milhões de quilômetros de quadrados de território verde…
É a Amazônia,
A pátria da água
Fotos: Mariléia Maciel