MP-AP recomenda aos profissionais de mídia que sigam as orientações da OMS sobre divulgação de casos de suicídio

Resultado de reunião ampliada, realizada no último dia 17, no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça, quando houve amplo debate sobre a responsabilidade dos meios de comunicação ao divulgar casos de suicídio, a 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde expediu, nesta quarta-feira (24), uma Recomendação aos profissionais de mídia do Amapá, para que sigam as orientações da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e da Organização Mundial de Saúde (OMS) ao abordarem o tema.
Para fundamentar a Recomendação, a titular da 2ª Promotoria da Saúde, promotora de Justiça Fábia Nilci, destacou que o fenômeno do suicídio é complexo e multicausal, sendo determinantes os fatores sociais, econômicos, biológicos, culturais, além da história de vida do indivíduo, exigindo-se, portanto, uma atuação intersetorial para sua prevenção e intervenção eficiente em situações de crise.
“O imenso estigma social que recai sobre a pessoa que se suicida impede muitas pessoas de procurarem ajuda. O tema deve ser falado abertamente, mas de maneira consciente, responsável, sem alarmismo, evitando-se divulgar métodos e sem apontar o suicídio como solução para qualquer problema”, acrescentou a promotora.
Nesse sentido, o Ministério Público do Amapá (MP-AP), considerando, dentre outros fatores, que o Brasil é signatário do Plano de Ação em Saúde Mental, lançado em 2013 pela OMS, recomenda aos profissionais de mídia que sigam orientações como: questionar-se, antes de iniciar a matéria, por que divulgar? Qual a relevância? Que tipo de impacto a reportagem poderá́ ter?
Ao elaborar a matéria, o profissional de mídia deve adotar uma postura empática, colocando-se no lugar do outro, considerando a dor daqueles que enfrentam o luto por aquele que morreu por suicídio e lembrando daqueles que estão vulneráveis, pensando em tirar a própria vida. Importante também dar preferência às informações sobre a maneira de evitar o suicídio e sempre utilizar fontes de informação confiáveis e autênticas.
Outro aspecto fundamental é não divulgar explicações simplistas ou associar a morte por suicídio a um só fator. Ao invés de noticiar o suicídio, informar como prevenir. Não fornecer detalhes do método letal, nem fotos; evitar buscar culpados, teorizar as causas.
Não indicar o local onde o fato ocorreu e ampliar o espaço para entrevistas com especialistas em saúde mental também contribuem para uma comunicação mais assertiva.
“Por fim, considerar sempre que a abordagem adequada de um indivíduo com ideação suicida pode garantir que sua vida esteja salva no futuro, e que a prestação de informações corretas à sociedade civil sobre o tema é uma das possibilidades de ajudá-los a identificar pessoas em risco e prevenir o ato suicida”, reforça a promotora Fábia.
A Recomendação seguiu orientações técnicas dos profissionais que atuam no Ambulatório de Atenção à Crise Suicida (AMBACS) e está assinada, ainda, pelos promotores de Justiça André Araújo, coordenador das Promotorias da Saúde, e pelo promotor de Justiça Manuel Felipe Menezes, do Juizado Especial Cível e Criminal.
 Leia na íntegra a recomendação

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