“Que Thai? A Thai do Desenhos da Thai?” Bolinhas rosadas na bochecha e olhar gateado marcam a assinatura da Thainá Rodrigues no retrato que a artista fez de mim e minha gata. Uma ilustração que ao mesmo tempo sou eu, e é ela. E que agora ocupa um pedaço da minha parede, junto com outros prints também assinados por ela.
Nascida em Macapá, a jovem de 25 anos é arquiteta e bacharela em direito, mas foi na profissão artista que encontrou, entre o lápis de cor e a caneta digital, o que realmente gosta de fazer. “Quem foi meu professor, sempre leu uma prova rabiscada de desenhos”, comenta entre risadas, lembrando que desenha desde a época de escola, quando o traço ainda não era preciso e a ilustração era uma brincadeira adolescente.
“Eu acredito que adquiri mais segurança para comercializar minhas artes e meus trabalhos depois que eu fiz o curso técnico de ilustração e comecei a praticar mais, porque até àquele momento, eu desenhava por hobby”. Foi compartilhando timidamente na internet, em 2018, que Thai começou a receber pedidos de encomenda. E acompanhar ilustradores de vários lugares e estilos diferentes em muito contribuiu para isso.
Atualmente se aventurando com animações, a artista carrega como lema a necessidade do estudo constante não só pelo aperfeiçoamento técnico, mas expansão dos potenciais no trabalho que já coloca no mundo. Nortista nata e sempre com um “mana” na ponta da língua, ela deixa a arte imitar a vida, ou o que se imagina que seja a vida. Da zoeira xenofóbica do “É verdade que NO Macapá não tem carro e jacaré anda na rua??” às queimadas na Amazônia, os olhos de Thainá apontam espontaneamente para a realidade de dentro, com o humor e rebeldia que cabe no traço, agora, muito mais seguro de si.
“Conciliar o ser ilustrador e ser empreendedor é um caminho muito sofrido. Eu procuro ter o máximo de contato com pessoas que também trabalham como isso, não só para trocar conhecimento e aprendizado, mas para trocar nossas dores, porque é difícil você ter que ter o controle de tudo e ter que fazer tudo só. Atender o cliente, organizar o algoritmo das redes sociais, vender e ainda manter o foco no desenho”, desabafa ela.
“Eu vejo um carinho muito grande das pessoas com o meu trabalho, tenho uma troca bem legal com meus clientes. São pessoas que me divulgam, me agradecem, a grande maioria volta para fazer outros pedidos e isso para mim é incrível!” A receptividade do público, que com o tempo passou a identificar de longe as ilustrações de Thainá, foi do papel para a mesa digital, e da mesa, para estampas de canecas, bottons, bolsas e adesivos. Lançada no dia 12 de outubro, a loja “Os Desenhos da Thai” tem produção local e sustentável, com produtos de temáticas divertidas e embalagens personalizadas.
Incentivadora e integrante do cenário de pequenos empreendedores de Macapá, Thai sabe que é na partilha o trabalho ganha força. “Eu acredito que os artistas podem sim se unir, e eu não falo só de ilustradores, para tentar ter um alcance maior e que a gente não precise passar tanto perrengue e sufoco trabalhando na área” e rabiscando assim, um mundo em que a profissão artista não seja uma utopia.