“Criei todos os meus filhos com a renda daqui”, diz empreendedora que trabalha há 50 anos no Mercado Central

Construído no governo de Janary Gentil Nunes e inaugurado no dia 13 de setembro de 1953, o novo Mercado Central de Macapá reabrirá as portas no dia 16 de janeiro (quinta-feira). O espaço traz o conceito de Cidade Inteligente, que alia tecnologia, inovação e sustentabilidade ambiental a uma economia dinâmica e a potencialização do turismo local. O mercado foi revitalizado com recursos oriundos de emenda parlamentar do senador Randolfe Rodrigues, no valor de R$ 2,5 milhões, e mais R$ 1,2 milhão de contrapartida do Município.


Ponto histórico de Macapá, o mercado é cheio de histórias e personagens que ajudaram na construção da cidade. Uma dessas pessoas é dona Maria Consuelo Gomes Melo, de 64 anos. Mais conhecida como Consuelo. Simpática, faladeira e muito solícita, ela completa no dia 2 de março 50 anos trabalhando no Mercado Central de Macapá. Além de muita história, relembra que a renda do espaço ajudou a criar os três filhos.

“Quando cheguei aqui, a cidade toda vinha comprar no mercado. Meus irmãos já trabalhavam aqui e me ajudaram com o alvará junto à prefeitura. Eu amo esse espaço. Com o dinheiro daqui criei todos os meus filhos”, conta. A empreendedora relembra que quando chegou, na década de 1970, a realidade do mercado era muito boa, tinha muita venda, e a cidade inteira fazia filas para comprar.

Naquela época, dona Consuelo vendia verduras, carnes e peixe no local. Ela lembra da lanchonete da dona Ivete, da dona Isabel e do seu Alberto. Nesse período também funcionava a Mercearia do Prego. “Quando meu cunhado faleceu, eu comecei a vender alimento e assumi o boxe dele. Vendia carne, porco, língua, camarão e mais um pouco. A gente comprava os produtos na feira do camarão, tudo vindo do interior do Pará e do Amapá”.

Naquele período, o mercado abria às 5h e fechava às 13h. Como quase não havia comércios e açougues na cidade, o movimento todo era no centro. Nessa correria, dona Consuelo viu a cidade crescer, se desenvolver e o mercado se tornar patrimônio da cidade e ponto turístico. Ela passa tanto tempo no local que o trata como uma segunda casa.

“Meus meninos cresceram aqui. Então, é minha segunda casa. Aqui eles brincaram, cresceram e aprenderam. Hoje continuo aqui porque amo vender comida. Esse é um negócio que a gente pretende passar para a família, para meus filhos e netos”, frisa.

Essa paixão também é compartilhada por outra empreendedora, dona Raimunda das Graças Moreira, de 55 anos. Há 15 anos no mercado, ela também trabalha no ramo de alimentos. “Eu amo trabalhar nesse ramo de comida, adoro fazer isso e atender ao público. Daqui tirei um dinheirinho pra criar meus filhos e até formei um outro dia. A gente está com muita expectativa. Na esperança de que tudo dê certo, que o local se transforme em um ponto turístico e que renda muito para a gente”.

Ambas as empreendedoras estarão no mercado. Elas comercializarão refeições de filhote, filé de dourada, caldeirada, porco, assado de panela, sarapatel, com preços que variam entre R$ 10,00 e R$ 25,00.

Nova estrutura

O mercado mantém a sua arquitetura colonial e conta hoje com 63 boxes, sendo 21 quiosques com divisórias em vidro e mais 3 ilhas na área térrea, 24 no espaço superior (mezanino) e 15 boxes no entorno. O ponto turístico terá ainda espaço para shows, elevador de acessibilidade, novas escadas, telhado termo acústico, piso em porcelanato e, na parte externa, calçadas por toda a área do entorno, além de um espaço de jardim na entrada.

Após reaberto, o mercado funcionará das 6h às 20h, com variedade de produtos tradicionais como verduras, frutas, peixes, carnes, ervas e especiarias. Além disso, terá também artesanato, espaço gourmet, chopperia, sorveteria, tapiocaria, hamburgueria, café, produtos fitness e batedeira do açaí do grosso.

Para os turistas que pretendem conhecer o mercado, ele fica localizado na Rua Cândido Mendes, Centro, e funcionará de segunda a segunda.

Fotos: Nayana Magalhães

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