Cordão das Pastorinhas se apresenta sexta-feira no Teatro das Bacabeiras

Está marcada para a próxima sexta-feira, 21, às 18h, no Teatro das Bacabeiras, a apresentação do Cordão das Pastorinhas, um auto de Natal encenado por moradores da vila de Mazagão Velho – comunidade localizada a cerca de 70 quilômetros de Macapá. O evento tem o apoio institucional da Secretaria Extraordinária de Políticas para Afrodescendentes (Seafro).

Trata-se um dos mais tradicionais grupos culturais de Mazagão, que conta o nascimento de Jesus Cristo de uma forma pra lá de especial. Com caracterização impecável, moradores do lugar encenam a vinda do Menino Salvador à Terra, através de auto natalino.

Cultura e tradição premiadas pelo Ministério da Cultura (MinC), com o prêmio Culturas Populares 2009. São pelo menos oitenta integrantes – a maioria mulheres – personalizando um texto que emociona o espectador. As crianças também têm participação garantida na peça.

Antes, o espetáculo se resumia ao distrito mazaganense, no mesmo cenário a céu aberto onde é encenada a Festa de São Tiago, em julho; agora, o Cordão das Pastorinhas “invade” os palcos macapaenses, como é o caso da apresentação de sexta, no Bacabeiras. “É um desafio e uma honra mostrar esse trabalho cultural para o público de Macapá. É compartilhar um pouco da cultura de Mazagão Velho, que carregamos na veia desde criança”, diz, entusiasmada, dona Joaquina Jacarandá, de 60 anos, que é mestra do Cordão.

Um pouco da história do Cordão

O Cordão das Pastorinhas de Mazagão Velho foi trazido de Belém (PA) em 1909 pelas senhoras Ana Ayres e Dica Flexa. Naquele ano, ela assistiram ao ensaio da apresentação do auto natalino em uma praça da capital paraense. A encenação era feita por alunas do Colégio Santo Antônio.

As duas mazaganenses ficaram encantadas com o que viram. A peça foi reproduzida naquele mesmo ano na bucólica vila de Mazagão Velho. Em 33 atos, o nascimento de Cristo é relatado com diálogos e canções. Além dos mais conhecidos – o Menino Jesus, José, Maria e os três Reis Magos – também são introduzidos outros personagens, a exemplo da egitana, florista e o casal de galegos.

Ao longo dos anos, alguns personagens e passagens foram adaptados, mantendo-se sempre a tradição oral e a força de vontade dos moradores, que se esmeram para dar ao público o espetáculo mais bonito possível.

Conheça alguns personagens

A Saloia faz referência às influências lusas na criação dos autos natalinos que os jesuítas montavam para catequizar os índios, no período da colonização brasileira. Os saloios eram campônios da zona rural da região de Lisboa.

Já os galegos, um simpático casal luso ou espanhol (isso porque a Galiza, antiga Galícia, durante a Idade Média foi alvo de disputas entre as duas nações europeias) e até hoje é questionada a condição e a herança histórica dos galegos.

Também tem a Cigarrinha, o Satanás tentando as camponesas e as ciganinhas, as ciganas rica e pobre, a Florista, os Besouros, a Jardineira, a jovem Sara, a Borboleta e as Borboletinhas, o Ladrão arrependido, as Pastorinhas e muitos outros.

Para conferir tudo isso é só comparecer ao Teatro das Bacabeiras, na sexta-feira, a partir das 18h.

Gabriel Penha/Seafro

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