Com sede na Beira do rio Amazonas: disponibilidade de água e expansão imobiliária na rodovia JK

* Prof. Marcelo José de Oliveira – Geólogo, especialista em hidrogeologia e doutor em desenvolvimento sustentável do trópico úmido pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA. Professor do Curso de Ciências Ambientais da UNIFAP.

A proximidade com o centro da cidade, o inestimável valor ambiental, dentre outros atrativos, vem despertando o interesse do setor imobiliário pela porção sul do perímetro urbano de Macapá, precisamente o entorno da rodovia JK. A região é considerada como uma área nobre e ideal para implantação de condomínios destinados à classe média–alta da sociedade amapaense, hoje disposta a investir na qualidade de vida, lazer e principalmente na segurança.

Diante de tal oportunidade, nos últimos cinco anos verifica-se a implantação de vários loteamentos ou condomínios, alguns inclusive com a marca de empresas com experiência imobiliária. Contudo, adverte-se que, como grande parte dos empreendimentos implantados aqui em nossa cidade, há deficiências no planejamento dos espaços e aqui vou me ater a um problema relacionado a um bem básico e imprescindível ao homem: a água.

Os condomínios ou loteamentos estão sendo implantados sem a devida atenção à questão do suprimento de água potável. São abastecidos por poços em uma região de pouco conhecimento hidrogeológico e foram construídos com base na empiria dos “furadores” de poço. O resultado já está aparecendo nesse período de estiagem, uma vez que alguns poços estão apresentando redução na vazão, podendo comprometer o abastecimento. Essa situação deverá ser agravada ano após ano, pois hoje a demanda ainda é pequena, considerando o atendimento para dois ou três condomínios em implantação, agora imaginem no futuro, quantos não estarão disputando, ou como diz um amigo, chupando a água da terra?

É importante chamar atenção para esse problema e, a partir de agora, iniciar um processo de planejamento para evitar o desabastecimento no futuro. Há pelo menos duas possibilidades: ou se estende a rede de distribuição da CAESA, ou se investe em conhecimento sobre a disponibilidade de água subterrânea.

Vale o antigo ditado popular que diz “é melhor prevenir do que remediar”, pois o investimento é alto e após todo sacrifício na realização do sonho da casa própria, não dispor de água para atender suas necessidades básicas, quem investir corre o risco de ficar com sede na beira do rio Amazonas.

  • Artigo de um especialista que deveria ser levado em consideração pelas autoridades, pelos responsáveis pelo abastecimento de água do Estado, pelos construtores e, pela comunidade em geral que deveria ser mais exigente com a qualidade de vida e da natureza. Caro Marcelo, orgulho-me de nossas conversas no pedal do amanhecer, quando também constatamos o abandono e pouco caso em relação à mobilidade em geral do cidadão amapaense e do ciclista. Desejo sucesso no retorno positivo de suas preocupações que também são as minhas. Um abraço.

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