Apagão no estado do Amapá chega ao 8° dia. População enfrenta dificuldades para ter acesso à água mineral, alimentos e gasolina.

Na noite da última terça-feira (03), uma tempestade pode ter causado a explosão seguida de incêndio em um dos transformadores da subestação de energia de Macapá, resultando  em um corte de cerca de 95% da carga e a avaria em outro transformador. 13 dos 16 municípios do estado estão, desde então, sem eletricidade. 

O incidente inutilizou um dos três transformadores e danificou parcialmente o segundo, estando o terceiro em manutenção desde dezembro de 2019. A respeito disso, o presidente da república, Jair Bolsonaro, disse em live, no dia 5, que “é uma coisa esquisita, né? pode até ser que justifique, mas a princípio, 10 meses de manutenção de um transformador é um tanto quanto complicado”. O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, explicou em coletiva de imprensa que a manutenção do aparelho é de responsabilidade  da empresa de transmissão, a LMTE (Linhas de Macapá Transmissória de Energia). 

Com a disposição de apenas 33% da carga média (40 megawatts), atendido pela usina de Coaracy Nunes, o estado do Amapá, que demanda uma carga média de 250 megawatts, tem direcionado as fontes escassas de energia para os atendimentos emergenciais de saúde. O apagão tem afetado diretamente o fornecimento e distribuição de água na cidade de Macapá, sendo esse o maior motivo de transtorno entre os moradores, que têm enfrentado longas filas para o abastecimento de galões de água mineral, gasolina e mantimentos alimentícios. 

“Na manhã do terceiro dia, conseguimos um gerador e pegamos uma fila de duas horas para abastecer. Nem estava aceitando cartão e só tinha um caixa eletrônico disponível para sacar dinheiro. Eu fiz minha primeira refeição às 20h, porque de dia era sempre uma correria para ir atrás de água, gasolina, cuidar da bebê, limpar a casa e tudo mais. Estão sendo dias horríveis demais! Peguei uma fila gigante pra comprar uma sacola pequena de gelo na esperança de conservar alguma comida, além disso, presenciei dois acidentes de carro em apenas uma noite”, relata Isabelle Góes, 18 anos, moradora da Zona Oeste de Macapá.

Prevista pelo Ministro Bento Albuquerque como ação imediata para solucionar parcialmente o problema de fornecimento de energia no estado, na noite de sexta-feira (06), 60% da carga de eletricidade foi restabelecida, mas não de forma ininterrupta. O regime de racionamento está sendo administrado pelo Governo do Amapá, priorizando os serviços essenciais de saúde. “Temos energia por três horas, agora, e estamos aproveitando esse tempo para congelar tudo e carregar os eletrônicos. Cozinhamos boa parte, mesmo o freezer tendo aguentado até agora. Meus vizinhos ainda estão sem água, tivemos que abrir o poço para ajudar alguns. O caminhão pipa passou aqui na rua ontem, mas a Zona Norte ficou 100% no escuro”, diz a estudante Beatriz Melo, 21 anos, moradora do conjunto Boné Azul.

Em ofício entregue pessoalmente ao Ministro Bento Albuquerque, o governador do Amapá, Waldez Góes, apresentou uma lista de demandas prioritárias, direcionada ao gabinete de crise do Governo Federal, membro da grupo de órgãos responsáveis. Entre as prioridades, o pedido de geradores para as unidades de saúde e o abastecimento da Companhia de Água e Esgoto (CAESA) para agilizar o fornecimento de água potável à população são as medidas emergenciais.

A Prefeitura Municipal de Macapá, na figura do prefeito Clécio Luís, estabeleceu dois novos decretos referentes ao caso. O Decreto nº 3.461/2020, que estende os horários de funcionamento de postos de combustíveis para 24 horas, sem restrição de horário; e outro, de nº 3.462/2020, que declara estado de calamidade pública por 30 dias em Macapá. Sobre a medida, o prefeito diz que ela vai facilitar a compra de outros insumos para o abastecimento da capital. 

Apesar da crise afetar 89% dos habitantes, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Amapá manteve o calendário eleitoral para as eleições municipais da próxima semana, 15 de novembro. “Quanto às urnas eletrônicas, todos os equipamentos dispõem de bateria com autonomia suficiente para garantir o direito de voto do primeiro ao último eleitor de cada seção eleitoral”, disse em nota o presidente do TRE, desembargador Rommel Araújo. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se comprometeu com o envio de 12 mil baterias para serem instaladas, para garantir sem riscos de instabilidade técnica o andamento do processo. 

Os custos dessas ações para a recuperação da eletricidade, por parte do governo federal, ainda são incalculáveis. No que diz respeito aos geradores termoelétricos, o Ministério de Minas e Energia emitiu uma portaria autorizando a Eletronorte a realizar a contratação de serviços e compra de materiais.

“Para mim o pior está sendo ver a situação de calamidade. Porque tenho visto grandes carros indo nos comércios e comprando todos os galões de água, inclusive os galões vazios. Colocando mais combustível do que deveriam na bomba, não se importando se os outros iam ficar sem. Pessoas comprando todas as lanternas, velas… Fico pensando nas pessoas aqui da rua da minha casa que não têm as mesmas condições e que já está faltando para essas pessoas. Nessas horas sinto muita raiva’, desabafa, aos prantos, Thainá Rodrigues, moradora do bairro Novo Horizonte, região periférica de Macapá. 

Em decorrência do apagão, o último boletim epidemiológico da COVID-19, que deveria ser publicado na quarta-feira (4) não foi ao ar. com 179 novos casos confirmados, o estado do Amapá teria retornado, ainda na última semana de outubro, à faixa laranja na classificação de risco de contaminação da doença, segundo dados da Vigilância em Saúde (SVS). A ausência de energia elétrica em muito tem contribuído para a proliferação do contágio. Supermercados, Shoppings center e Aeroporto têm sido foco de aglomerações ao longo dos dias. Para o enfrentamento da situação, a Prefeitura de Macapá disponibiliza vans para a realização de testagens rápidas para as pessoas que não manifestaram sintomas. 

 

Fontes: live do dia 05/11 no Facebook do Ministério de Minas e Energia e Portal do Ministério de Minas e Energia. 

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