A Jari e o Estado

Por Marco Antonio Chagas – Doutor em desenvolvimento socioambiental pelo NAEA/UFPA e professor da UNIFAP/Curso de Ciências Ambientais

 

O Projeto Jari já foi o mais polêmico do mundo e motivador de muitos movimentos contrários a internacionalização da Amazônia. Estima-se que cerca de 100.000 hectares de floresta amazônica foram convertidos em floresta homogênea. A saga de Ludwig de “ver a floresta crescer como um grande milharal” não se concretizaria nos tempos atuais.

Atualmente, o Projeto Jari desdobra-se em produção de celulose e manejo de floresta nativa. Cerca de 3.000 trabalhadores dependem da produção de celulose, envolvendo a fábrica e o manejo da madeira plantada. O anúncio da dispensa desses trabalhadores poderá repetir uma história já vivida pela Jari em outros tempos, mas administrada pelo empenho social de antigos gestores com colaboração de políticos do Amapá. A Jari sobreviveu!

A fábrica de celulose da Jari é antiga e de baixa eficiência. Em 2007 sofreu um incêndio e foi retocada. Não gera lucro e precisa ser modernizada para atender novas demandas do mercado, como anunciado pelo proprietário da Jari, Sérgio Amoroso. Caso contrário, o risco de acidentes é crescente e as não conformidades do processo industrial levara a Jari a falência.

O BNDES é a principal fonte de fomento da “nova fábrica”, projetada para voltar a operar daqui a um ano. O problema é que 3.000 trabalhadores não suportam tanto tempo parados e os impactos negativos para a região serão de grandes proporções.

Não é hora de politizar a situação, pois se trata de questão de Estado. Um bom começo seria uma reunião entre a Jari, o Governo do Amapá e a Bancada Parlamentar do Amapá para avaliar tais impactos e dar encaminhamentos políticos que o caso requer.

 

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