Por Lourival Freitas
No ano de 2003, como diretor da Eletronorte, apresentei ao governador Waldez uma proposta de solução da dívida da Cea com a Eletronorte. A proposta se resumia na transferência do crédito da Eletronorte para a Eletrobrás e a transformação deste montante numa participação da Eletrobrás no capital da CEA. A Eletrobrás passaria a ter aproximadamente 35% do capital da CEA e o governo continuaria com participação majoritária de 65%.
A vantagem para a Eletrobras-Eletronorte seria o fim da recorrente inadimplência da CEA com a Eletronorte, e para a CEA, seria a reabilitação perante o setor elétrico e possibilidade de aplicação dos reajustes tarifários reconhecidos pela ANEEL e o acesso a financiamentos disponíveis nos fundos setoriais para aplicação na recuperação, modernização e ampliação no sistema de distribuição.
Para quem conhece o setor elétrico e detêm o mínimo conhecimento de gestão financeira não seria difícil concluir que a CEA caminhava para a morte, pois acumulava prejuízos constante e era visível a sua incapacidade de geração de caixa para reverter a situação de insolvência. Em 2003 o Patrimônio Líquido da CEA já era negativo.Ou seja o tão propalado e venerado “ patrimônio do povo do Amapá” já não existia.
O mais incrível foi que o governo Waldez, alegando a defesa do patrimônio do povo não aceitou a ajuda da Eletronorte para salvar a CEA. Qualquer empresa do mundo não dispensaria esta parceria
Qual foi a resultado deste ufanismo caipira e irresponsável:
1- por sucessivas irregularidades e inadimplência a ANNEL recomendou em 2007 a retomada da concessão pelo governo federal;
2- a divida só com o suprimento de energia pela Eletronorte que era de aproximadamente R$ 120.000.000,00 em 2003, alcança agora a estratosférica cifra de R$ 1.000.000.000,00(isto mesmo, um bilhão de reais).
O mais incrível agora, é que estou ouvindo os novos gestores e alguns incautos bradarem novamente a defesa do “patrimônio do povo do Amapá”. O governo passado ficou 8 anos defendendo o patrimônio do povo do Amapá e o resultado, é que este mesmo povo terá que pagar um conta de R$1.000.000.000,00. Resultado de um administração perdulária, populista e irresponsável.
Com todo o esforço e austeridade que a nova direção está fazendo, a CEA não deixou de piorar. Com apenas um mês da nova administração a dívida já aumentou R$25.000.000.00.Explico: R$10.000.000,00 de energia comprada da Eletronorte e não paga; R$15.000.000,00 correspondente a 1% da dívida total de R$1.500.000.000,00).
Se o atual governo conseguir defender “o patrimônio do povo” por mais 4 anos, o povo, coitadinho, estará argolado com no mínimo mais R$1.200.000,00.
A nossa defesa pela Federalização da CEA está baseada na convicção de que no atual modelo do setor elétrico o Estado do Amapá já demonstrou a sua incapacidade de gerir um sistema fundamental para o seu próprio desenvolvimento.Não devemos permitir que a demagogia , o populismo e a irresponsabilidade continuem prosperando e impedindo o desenvolvimento do nosso Estado
Brasília, 17 de fevereiro de 2011.
Lourival do Carmo de Freitas
Analista de Sistema
Administrador de Empresas- CRA/DF 021674
Funcionário da CEA cedido para a Eletrobrás
7 Comentários para "A defesa do “patrimônio do povo do Amapá”"
Incontestável o raciocínio.
Lourival, concordo é puro ufanismo caipira.
Que papo é esse? E quem vai pagar o roubalheira e o saque que fizeram na CEA e em todas as instituições do estado? Vai ficar por isso mesmo? Você acha que esse rombo é resultado apenas de má gestão? Por que a eletronorte não cortou o fornecimento, como a CEA faz com os comuns dos mortais? Não vamos jogar a sujeira pra debaixo do tapete, isso tem que ser investigado.
Sr. Lourival, o que esperar de Waldez Góes? O sujeito ficou 10 anos tentando assumir o poder e foi com tanta sede ao pote que se lambuzou todo (com dinheiro público, dentre outras coisas). Enfim, um p#$% loca!
E vc esqueceu que a CEA já estava com o PT desde a 1ª era capiberibe? então pq culpar só o WG? Só pode ser algo pessoal.
Estranho que depois de tantos anos só agora o Lourival resolveu falar… Será que por que com a CEA sendo estadual ele não mama nada, e como tem influência federal poderia tirar uma casquinha com a federalização! Sei não!!
…Confesso!! Tenho medo das “boas idéias” do Lourival! A última custou a demissão de um monte de pais e mães de famílias quando ele era deputado federal. Lembram? Até hoje essa galera rala pra volta pra folha de pagamento e alguns já até morreram de tanto desgosto.
O Sr. Lourival quando foi Diretor da Eletronorte, indicado por Zé Dirceu, teve a oportunidade de contribuir para a solução da CEA. Não o fez, e agora fica no jus esperniandi de Brasília. Tá que nem o Gabeira quando discutia os problemas da amazônia passeando no calçadão de copacabana.