Sessão Pipoca: ‘Lisbela e o Prisioneiro’

 

Um filme nacional que tem como gênero comédia romântica. Parece ser o combo do cúmulo do clichê, e talvez Lisbela e o Prisioneiro (2003) até seja um pouco disso, mas com particularidades que o tornam um dos filmes mais marcantes do cinema brasileiro. O filme está disponível no YouTube e outras plataformas de streaming.

O filme é uma adaptação do livro de Osman Lins, de título homônimo, escrito em 1964. Existem várias diferenças entre um e outro: No livro, a história se ambienta quase que totalmente dentro da cadeia, ao passo que no filme são vários os cenários, sendo o cinema um dos principais. Como é comum em adaptações para o cinema, alguns personagens foram cortados do filme e há alterações bastante significativas, como o fato da personagem Inaura, que originalmente foi retratada como irmã do matador Frederico Evandro, passar a ser sua esposa no longa.


A história gira em torno do casal protagonista, Lisbela (Débora Falabella) e Leléu (Selton Mello). O palco do romance é Vitória de Santo Antão, cidade pequena do nordeste pernambucano.

Leléu é o típico galanteador que conquistou várias mulheres em todos os lugares que já passou e nunca se apegou de fato a nenhuma, enquanto Lisbela é a típica protagonista pura, moça de família, até certo ponto boba, fascinada por cinema, com uma vida já pré-determinada: de casamento marcado, seu destino é ter filhos e ser dona de casa, sem fugir muito do padrão. Outros personagens importantes são: Frederico Evandro (Marco Nanini), que jura Leléu de morte ao encontrá-lo com sua esposa, Inaura (Virgínia Cavendish), Douglas (Bruno Garcia), noivo de Lisbela, que acaba sendo um personagem cômico justamente por tentar ser levado a sério, o Tenente Guedes (André Mattos), pai de Lisbela, e o Cabo Citonho (Tadeu Mello), atrapalhado, acaba ajudando Leléu muitas vezes sem querer, levando várias broncas do Tenente Guedes ao longo da trama, é o responsável por grande parte dos momentos hilariantes do filme. Aqui instaura-se o clichê do gênero, os personagens e o roteiro não fogem ao senso comum.

Porém, uma das características que torna o filme memorável é a metalinguagem presente durante todo o longa. Lisbela, deslumbrada com cinema, sabe de cor qual a sequência que ocorre nas comédias românticas e sempre explica para o telespectador o que vai acontecer. A trama cumpre o que promete: é leve mas encantadora, e é uma delícia dar de cara com algo tão tipicamente brasileiro, sem ser caricato ou forçado. Sem margem para dúvidas, é um filme que vale a pena.