“Coração de Criança”. Um poema de Paulo Madeira em homenagem a Macapá

 

Nasceu com o nome de Vila
Com vocação militar
Gerada para defesa
Minha amada Macapá

 

Desde o teu nascimento
Com as bençãos de São José
Já mostravas fortaleza
Com o coração de mulher

O tempo correu com força
No embalo do Majestoso
Viver no teu coração
É cada vez mais gostoso

Quem nasceu nas tuas terras
Quem veio de outro lugar
Encontram em ti um abrigo
Mãe zelosa, Macapá

Hoje é teu aniversário
Vou comemorar com dança
Já és quase uma senhora
Com coração de criança

Sou o teu filho adotado
Me tratas como nativo
Tenho orgulho de dizer:
Teu amor me mantém vivo

Viva minha mãe de leite
Que alimenta e ensina
Segue crescendo e amando
Com uma alma guerreira
Com coração de menina.

Macapá, 04 de Fevereiro de 2022
Paulo Madeira – filho adotivo.

 

O juiz Paulo Madeira é natural de São Luís, no estado do Maranhão. Adotou Macapá como sua cidade do coração desde
9 de agosto de 1996, quando foi empossado Magistrado do Tribunal de Justiça do Amapá.

Aperte o Play: e assista o vídeo animação da música “4 de Fevereiro”, de Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes. #Macapá264anos

Os compositores Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes homenageiam a  cidade de Macapá, com a música “4 de Fevereiro”. Macapá completa 264 anos nesta sexta-feira, 4.

4 de Fevereiro


No teu aniversário quis te dar um presente, mas faltou numerário. Fiquei descontente. Quis te dar um rosário feito de tua semente e um confessionário pra ouvires tua gente.


No teu aniversário eu chorei pra diacho, sobre o teu calendário cujo a foto é um riacho. Que com o choro diário de olhos tão lassos, vazou do calendário escorreu mar abaixo.


Pus os pés no teu chão e pisei mundo inteiro, eu e meu violão, é! Pra que dinheiro. Com a tua proteção, José Marceneiro, chama-se essa canção 4 de fevereiro.


No teu aniversário eu baixei o meu facho, quase que solitário, meio que cabisbaixo, mas teu rio solidário me disse “ô macho, pra quê numerário, dê-lhe um Marabaixo”.

 

Macapá das nostálgicas festas de aniversário da Confraria Tucuju

Era um aniversário muito esperado, e invariavelmente chovia no dia 4 de fevereiro em Macapá, o que criava uma atmosfera inesquecível, poética e apropriada na capital do Amapá, que em tupi-guarani significa “lugar da chuva”. O cheiro de terra encharcada, folhas verdinhas, perfume doce das últimas mangas caídas na rua, nuvens acinzentando o céu e os pedidos para que São José trouxesse o sol pra festa ficar mais bonita. No centro velho de Macapá, a movimentação começava na madrugada, com a montagem do quilométrico bolo confeitado, feito por dezenas de padeiros e confeiteiros, os canhões e fogos preparados para a alvorada, e as ruas no entorno da Igreja Matriz fechadas e vigiadas, até os primeiros sinais do amanhecer do dia.

Assim começava a programação da Confraria Tucuju para festejar o aniversário de Macapá. Uma festa única, popular, para todos, sem diferença entre autoridades e povão, festa das crenças, da tradição, da história, do pioneirismo, da memória, do jovem, do idoso, da criançada, do famoso, do anônimo, do dono da concessionária, do ambulante, do padre, do pai de santo, do marabaixo, do brega, e tantos outras distinções que se uniam, diluindo o antagonismo em linhas paralelas no Largo dos Inocentes, ou Formigueiro, cenário protagonista dessa história iniciada há 264 anos.

Os boêmios que iniciavam as comemorações no dia anterior para ver o dia nascer eram os primeiros a chegar, com o rosto amanhecido, pele amarrotada pelos vincos das tantas gargalhadas e histórias contadas na madrugada, e já marcavam seu lugar na fila do bolo. Acordados pelos canhões e fogos da Fortaleza de São José, a cidade se arrumava para a missa na catedral antiga, chegavam com a roupa de domingo, cheiro de alfazema, alinhados, penteados, senhores e senhoras, o governador, o prefeito, as damas, as marabaixeiras, a professora, o jornalista, a dona de casa, o agricultor, o juiz, e sentavam entre cumprimentos e acenos, quem tinha alguma mágoa ou inimizade, já esquecia, porque naquele dia estava selada a paz, e nada mais importava que não ser celebrar o aniversário de Macapá.

Na hora dos parabéns, após a missa, as roupas ainda estavam alinhadas, colarinho engomado, saia esticada, maquiagem e cabelo intactos, algumas sombrinhas para proteger do sol ou da chuva, e a fila já se enrolava pela praça Veiga Cabral pelo Cruzeiro, com pessoas de panela e vasilhas plástica nas mãos, se preparando para o grande momento. A organização inicial dava lugar ao momento que todos sabiam que aconteceria, que era a confusão por causa do bolo, e no final, as roupas engomadas acabavam manchadas de confeito, e o glacê que desenhavam os pontos turísticos de Macapá se desmanchavam nas vasilhas, bocas e camisas, por baixo de críticas, gargalhadas e ironias, e a cena de cinema grotesco ganhava pinceladas de humor pastelão, marcando mais um aniversário de Macapá.

A cena da distribuição do bolo era rapidamente substituída por saias, tambores, flores e chapéu na cabeça, hora do Encontro das Bandeiras dos marabaixos da Favela e Laguinho, quando geralmente a chuva já havia encerrado sua participação especial, e marcava o reencontro das famílias negras que nos anos 40 saíram do centro da cidade para povoar os que hoje são estes bairros tradicionais. No dia 4 de fevereiro era o encontro destas famílias, muitas ligadas por laços de sangue, resgatando da memória as rodas de marabaixo que Mestre Pavão gostava de contar, próximo da Igreja Matriz, quando ainda se jogava a “carioca’, e a molecada fazia a festa junto com os mais antigos, e comiam as “rosquilhas” como lanche especial.

Enquanto as rodas de marabaixo aconteciam, outra roda se formava na Biblioteca Elcy Lacerda, desta vez, para a parte cívica da festa, com os hinos tocados pelas bandas de música, e as autoridades ganhavam um tempinho para dar seu recado, com certa urgência, porque atrás da igreja as famílias de pioneiros já se organizavam embaixo das barracas, formando um grande aglomerado de história, vivência, amizades iniciadas gerações atrás, piadas, muitos risos, fotos, memória, em um só espaço, um eco de felicidade repercutia nos grupos animados, alguns já com cerveja nas mãos, outros com caldo de cana para amenizar a ressaca da noite anterior, as equipes de jornalismo a postos para a cobertura e entrevistas. Pessoal da música, da igreja, aposentados, artistas, políticos, bêbados, senhorinhas, punks, roqueiros, bregueiros, universitários, a artesã que vende camisa, a que faz um vatapá delicioso, o senhorzinho do caldo, o imigrante, o turista, o hippie, o desabrigado, o poeta declamando sua homenagem à Macapá, o fotógrafo fazendo os registros da festa, o guarda municipal que batuca o pé no ritmo da festa, o sambista, a passista, todos imponentes, já se organizando para pegar um bom lugar, de preferência ao lado de um ambulante, para esperar os shows que exaltavam a música regional, sem distinção de estilo, porque era o dia de festejar Macapá.

Almoço dos Pioneiros começava exatamente ao meio-dia, preparado com muito cuidado pela Confraria Tucuju, sem gordura, sem fritura, sem exageros, servido com muito carinho para eles, que formavam a memória viva da nossa cidade. Mas também tinha a vez do povão, que formava as filas para degustar a feijoada preparada pelo Malafaia, que passava a madrugada na beira do fogo temperando a comida que era disputada por todos, que queriam comer antes que os shows começassem, e a frente do palco enchesse de dança e rodopios, de passos estranhos e também cadenciados, sem a obrigação da perfeição, o objetivo era um só: festejar Macapá.

O dia passava, os grupos acabavam e se formavam novamente, pessoas chegava, pessoas iam, a sarjeta ia enchendo de gente sentada, dando beijos nos cachorros de rua, cantando mais que os cantores, um coro enorme de emoções, os bancos do Largo disputados na sorte, ninguém mais sabia quem estava pagando tanta cerveja, depois se descobria que estava saindo do próprio bolso, o menino do bombom já tinha vendido o da semana inteira, o tabuleiro de tapioquinha estava vazio, o chopeiro com a cuba leve e o bolso cheio, água quente, vendedor de balão granado, pés pisados, roupas suadas, novas canções criadas, versos inspirados, passos atrapalhados, voz gaguejante. E os que ainda resistiam desde a manhã, a esta hora estavam com a roupa encardida, com cheiro de chuva secada pelo sol, os cabelos grudados, e disparando as últimas piadas entre soluços e suspiros.

Poucos sabiam, mas quando a noite caia, um grupo saia para levar os últimos pedaços de bolo para quem não pôde ir na festa da cidade, o enfermeiro que estava nos hospitais, o vigilante, o vendedor do ponto fixo na Beira Rio, o policial militar, o gari, todos recebiam sua fatia, e enquanto isso, um batalhão se formava no Largo dos Inocentes, para desmontar o palco, limpar o chão, tirar os confetes presos nas árvores, os banheiros químicos, sob os protestos dos últimos ébrios, com o rosto corado, e o eco dos riso, músicas e conversas ainda presente no ar. Sem dúvida, Macapá teve já suas melhores festa, as mais animadas, com participação de todos, que hoje não passam de lembranças de um tempo que ficou emoldurado, como aquele quadro antigo na parede, que quando a gente olha, os olhos ficam molhados, e a gente se pergunta: porque tudo isso acabou?

Feliz aniversário, Macapá!!!

Mariléia Maciel

Na madrugada de aniversário, Macapá ganha show de Finéias Nelluty, Enrico Di Miceli e Ariel Moura, na rampa do açaí

 

O maestro Finéias Nelluty, o cantor Enrico Di Miceli e a cantora Ariel farão uma apresentação nesta sexta-feira, 4, de fevereiro na rampa do Açaí para celebrar os 264 anos de Macapá, data que é comemorado o aniversário da cidade.

O projeto é idealização de Nelluty e existe desde de 2019. A apresentação começa às 5h30 da manhã com o nascer do sol e de fundo o majestoso rio Amazonas e segue até às 7h da manhã. Músicas, como “Vem conhecer Macapá” e outras serão tocadas para homenagear a cidade do batuque e marabaixo.

Aperte o Play: “Meu Endereço”, de Zé Miguel e Fernando Canto. #Macapá264anos

 

Um cantador que traz no coração o amor de sua gente e de sua raiz com a alma cheia de gente da floresta, com o perfume das matas e dos vivos, que tem morada no meio do mundo, onde o seu endereço é bem fácil, na esquina do rio mais belo, o Amazonas, com a linha do equador, bem no meio do mundo. Assim é a música “Meu Endereço” de Zé Miguel e Fernando Canto, que retraTa a cidade de Macapá.

Foto: Lilian Monteiro

O aniversário de Macapá é nesta sexta-feira, 4, de fevereiro, a cidade fará 264 anos.

Meu Endereço

Meu endereço é bem fácil
é ali no meio do mundo
onde está meu coração meus livros
meu violão
meu alimento fecundo

A casa por onde paro
qualquer carteiro conhece
é feita de sonho e linha que brilha
quando anoitece

Na minha casa se tece
mesura na luz do dia
pra afugentar quebranto na hora da fantasia

É fácil o meu endereço vá lá quando
o sol se pôr
na esquina do rio mais belo
com linha do equador

Aperte o Play: “Tô em Macapá”, Nivito Guedes e Sabatião. #Macapá264anos

Composta pelos músicos Nivito Guedes e Sabatião, “Tô em Macapá” virou a queridinha do público quando foi tocada pela primeira vez em um festival em 2008, no aniversário da cidade.

Curiosidade: A canção surgiu por acaso através de uma ligação, quando Nivito Guedes e Sabatião estavam em um dos quiosques da Beira-Rio, próximo ao trapiche Eliézer Levy. O músico conta que a dupla ouviu um turista falando ao telefone sobre as belezas da cidade. E resolveram escrever e musicar a canção.

Tô em Macapá 

Quer saber

Onde eu tô?
Tô no norte do Brasil
Eu tô em Macapá

Dançando marabaixo
Tomando gengibirra
Coisas de nossa origem
Tô falando do curiaú
Tô no trapiche fortaleza e no quebra mar
Saboreando um sorvete de cupuaçú
Eu tô no meio do mundo
Do norte para o sul
Indo pra fazendinha comer camarão no bafo
Na volta rampa santa inês ou praça Zagury
Comer um charque com farinha e açaí

É um paraíso na terra
E nada é iqual aqui
Tenho um amor do lado
Tô apaixonado por ti
Arrepiado quando vejo este teu luar
Alucinado com as ondas desse rio-mar
Sentindo o sol raiando no antigo garapé
A sua benção meu querido São José