Dante Ozzetti traz em 3 projetos o som brasileiro produzido no Amapá

Dante Ozzetti teve contato com o pessoal da música do Amapá em um projeto realizado em São Paulo em 2009, reunindo artistas de lá e daqui. Um deles foi a cantora Patrícia Bastos, com quem acabou fazendo vários trabalhos.

Dante Ozzetti e Patrícia Bastos, às margens do rio Amazonas em agosto de 2021.

As suas idas ao norte do País se tornaram frequentes. Lançou o instrumental Amazônia Órbita (2016), a partir de pesquisas de ritmos locais, como lundu indígena, marambiré, carimbó, marabaixo e cacicó. Agora, o compositor, arranjador, produtor e e violonista está envolvido na realização de três álbuns de artistas da região.

 

“O Amapá está na fronteira com a Guiana Francesa e tem muita influência dos ritmos de lá, como o cacicó, o zouk. O que chega no Amapá é via transmissão oral, de quem atravessa o rio Oiapoque (fronteira do Estado com a Guiana Francesa)”, conta Dante.

 

Parceria

Em outubro, o músico lança Abre a Cortina, um disco inédito que comemora 25 anos de composição dele com Luiz Tatit, seu maior parceiro.

“É um disco que fazia tempo que queríamos realizar. O álbum tem a nossa cara, nosso jeito de compor”, diz. A parceria já rendeu mais de 40 músicas gravadas, com melodias de Ozzetti e letras do Tatit.

O novo álbum conta com as participações especiais de Ná Ozzetti (irmã), Patrícia Bastos, Renato Braz, Lívia Mattos e Lívia Nestrovski, além de instrumentistas de peso, como Fi Maróstica (baixo), Guilherme Held (guitarra), Sérgio Reze (bateria), Fábio.

Produtor da Ná Ozzetti, trabalho que já lhe valeu prêmios e indicações, Dante afirma estar preparando repertório do novo disco da cantora que sai em 2022.

Ozzetti e Bastos

No primeiro disco que se envolveu da Patrícia Bastos – o terceiro de estúdio da carreira dela, o Eu Sou Caboca -, foi gravado uma música dele com o dos maiores poetas-compositores do Norte, Joãozinho Gomes, que nasceu em Belém, mas é radicado em em Macapá. Nesse mesmo trabalho da cantora fez alguns arranjos. Esse disco é marcado por ritmos do Pará e do Amapá.

 

Depois, passou a produzir os discos seguintes da Patrícia, o Zulusa (2013) e o Batom Bacaba (2016). Nas andanças por lá, conheceu músicos e passou a acompanhar o trabalho do paraense Trio Manari.

Agora já pensa no novo disco da cantora amapaense. Para isso, os dois passaram recentemente vinte dias na Guiana Francesa estudando os ritmos locais. “Essa influência estará mais presente no trabalho agora. Nos outros, tinha um pouco da cultura paraense”, diz Ozzetti.

O segundo projeto ligado ao Amapá, que será lançado em breve, é o de Oneide Bastos, mãe da Patrícia e que se chama 60 anos de Canto Amazônico. Ela foi uma das primeiras cantoras amapaense a gravar um disco. “Tem uma voz excepcional, incrível”, resume.

Segundo ele, será um trabalho de valorização da voz, menos percussivo e mais orquestral. “Tem composições dela e outros artistas amapaenses, voltado muito para a Amazônia”.

E tem um álbum que está pronto. É o Timbres e Temperos, com Enrico di Miceli, Joãozinho Gomes e Patrícia Bastos. O trio já existia e o trabalho vai ser lançado em novembro também com produção de Dante Ozzetti.

“Quando fiz o Amazônia em Órbita me deparei como lidar com a Amazônia. Você tem um jeito de mergulhar na mitologia de lá, tem a questão da contemplação da mata, dos rios, como fez Villa-Lobos”, afirma. “No Amapá, a cultura de lá vem do Caribe Tem os indígenas e os quilombos enraizados.

Fonte: Carta Capital