Afinal, por que dendê no Amapá?

O  presidente Lula lançou no dia 06.05.2010 em Tomé Açú, no Pará, o Programa Nacional de Estímulo à Produção de Óleo de Palma que inclui a abertura de linhas de crédito para o cultivo da palma na Amazônia. Ao mesmo tempo, Lula entregou títulos provisórios de terra e licenças ambientais para 3.700 agricultores familiares da região.

O novo programa federal pretende tornar o Brasil o maior produtor mundial de dendê garantindo o suprimento de combustível renovável. A área de produção de palma será aumentada para 130.000 hectares, até 2014, em 44 municípios das regiões Norte e Nordeste. Novecentos parceiros na agricultura familiar e 300 médios e grandes produtores participarão imediatamente do programa.

Hoje a produção nacional é liderada pelo Pará, onde o óleo de dendê é transformado em biodiesel por nove usinas. A Petrobras está construindo outras três e, em parceria com a empresa portuguesa Galp Energia, deverá exportar 250.000 toneladas de dendê por ano, a partir de 2015, para industrializar e distribuir no mercado europeu. O investimento previsto é de R$ 1 bilhão – R$ 554 milhões do Brasil e R$ 430 milhões de Portugal.

Para identificar as áreas de melhor qualidade para a dendeicultura, o Governo Federal, encomendou à Embrapa Solos o  Zoneamento Agroecológico do Dendê para as Áreas Desmatadas da Amazônia Legal – ZAE-Dendê, como o apoio financeiro da Finep. A Amazônia Legal, estabelecida no artigo 2 da lei no 5.173, de outubro de 1966, abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, parte do Maranhão e cinco municípios de Goiás, compreendendo cerca de 59% do território brasileiro (IBGE).

Este trabalho, entregue pela Embrapa no início do corrente ano, possibilitou conhecer e espacializar o potencial agroecológico da produção da cultura do dendezeiro, visando à produção de óleo para alimentação humana e para biocombustível de forma sustentável e com impacto reduzido sobre a biodiversidade da região. Para isto, o zoneamento teve como foco principal as áreas desmatadas da Região Amazônica, com ênfase a fronteira com países vizinhos.

O zoneamento agroecológico de uma espécie vegetal corresponde à

identificação, caracterização e delineamento cartográfico de unidades ambientais reconhecíveis na paisagem natural, classificadas em função de sua aptidão para o  cultivo sustentável de tal espécie. Desta forma deve ser obrigatoriamente confrontada a informação sobre as exigências ecofisiológicas da espécie e sobre a oferta ambiental da área onde se pretende implantá-la. No caso do ZAE do dendezeiro, o levantamento de tais exigências, expressas de modo pragmático pelas exigências de solo e clima, constituiu uma etapa específica do trabalho.

Cada solo componente da unidade de mapeamento (UM) teve o seu potencial

para a produção de dendê avaliado individualmente, sendo que a classe de aptidão predominante definiu a aptidão da unidade de mapeamento. Em todas as avaliações realizadas prevaleceu o critério de que o fator mais limitativo é o que define a aptidão da unidade. A avaliação da aptidão das terras foi realizada em dois níveis tecnológicos de manejo, B(baixo insumo e modesto uso de tecnologia) e C(alto aporte de capital e tecnologia), visando diagnosticar o comportamento de cada componente da UM em dois níveis operacionais distintos.

A aptidão das terras foi avaliada com base nas informações de solos disponíveis, considerando as características dos solos componentes das unidades de mapeamento, de acordo com os seus graus limitação ao uso, em quatro classes de aptidão das terras para o dendê: Boa, Regular, Marginal ou Restrita e Inapta. Essas classes são estabelecidas de acordo com o grau de intensidade com que os fatores de limitação afetam as terras para os níveis de manejo B e C.

É necessário que se explique inicialmente o que é o Zoneamento Agroecológico do Dendê para que se possa entender o grande interresse do Governo Federal na dendeicultura na Amazônia Legal. É uma política de Governo, que deverá ultrapassar a produção de óleo oriunda da soja, na obtenção de biodiesel. O dendê nocauteou todas as outras oleoginosas que se apresentavam como prováveis produtoras de biocombustíveis.

O quadro abaixo é para classe de manejo B(agricultura familiar), que muito próximo ao manejo C(mais tecnificado) mostra os resultados, sob forma numérica, do Zoneamento Agroecológico do Dendê.

De posse do relatório da Embrapa Solos, realizado pelo supra-sumo dos técnicos brasileiros da área, se tem noção do potencial de cada estado amazônida. O maior deles é o Pará, seguido de Rondônia e Amazonas. Goiás e Tocantins tem potencial zero, seguido do Maranhão. O Amapá tem um percentual tão pequeno de terras preferenciais e tão esparsamente distribuídas, que é inviável tecnicamente e financeiramente sua cultura no Estado. A pergunta, então, é: Que conversa bonita é essa dos indonésios virem jogar dinheiro fora em um estado sem aptidão para a dendeicultura? Será que tiramos a sorte grande na loteria do agronegócio? A resposta fica por conta da sociedade amapaense que precisa saber e discutir com base, os negócios  que se apresentam ao Estado como a salvação da lavoura, literalmente.

Está aberta a discussão para que nossos técnicos, estudantes e cidadãos quaisquer, venham participar.

José Maria Oliveira da Costa

Engenheiro Mecanico

Tecnólogo em Gestão Ambiental

Especialista em Ecologia e Gestão Ambiental

[email protected]

  • sor viverista a 23 anos gostaria muito de conhecer o amapa.o dende para quem nao conheci e uma palmeira muito rustica se adapta em solo acido arenoso se vose tem muito najazeiros ai,nao presiza fazer analis de solo.

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