Timbres e Temperos: Artistas de Macapá se unem para apresentar os ritmos e a cultura amapaense em disco inédito

Dois dos compositores mais atuantes da região norte do Brasil se uniram a mais expressiva voz amazônica atualmente para lançar um disco que apresenta ao mundo, a riqueza da cultura do Amapá. Assim é Timbres e Temperos, o primeiro álbum de canções inéditas do trio formado pelo violonista, compositor e cantor Enrico Di Miceli, pelo poeta, escritor e também cantor, Joãozinho Gomes e pela cantora Patrícia Bastos. O disco estará nas plataformas digitais no dia 26 de novembro.

Foto: Divulgação

O nome do álbum é uma homenagem à dupla de compositoras, cantoras, percussionistas, violonistas e violeiras Luli & Lucina, que em 1986 lançou o vinil Timbres Temperos. “Sou parceiro de Lulhi e Lucina desde de 1982, com elas escrevi centenas de canções; as meninas me ensinaram a ser o artista que hoje sou. Termos feito com que o nosso CD fosse homônimo do vinil Timbres Temperos, delas, foi uma forma de agradecê-las”, conta Joãozinho. E Enrico completa, “quando assisti pela primeira vez o show de Luhli e Lucina, em 1982, eu senti que algo mudaria no meu modo de compor música popular. Penso que entre a nossa música, há pontos de encontros rítmicos e literários, mas também vejo algumas diferenças, já que nos tambores de Luhli e Lucina se reportam mais ao sagrado, e, os nossos tambores, mais ao festivo”.

Foto: Johnny Sena

A ideia de um projeto reunindo os três artistas surgiu logo após o lançamento em 2009, dos álbuns Amazônica Elegância, de Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes e Eu Sou Caboca, de Patrícia Bastos. Nesses dois trabalhos, a cultura amapaense foi retratada nas canções, destacando a força e a beleza da mulher amazônica, os costumes ribeirinhos e sobretudo, os ritmos da região. Os constantes encontros pelos palcos e gravações ao longo de tantos anos, só aumentavam o desejo de produzir um álbum com o violão de Enrico, a poesia de Joãozinho e a interpretação de Patrícia. Juntos, através de um único repertório, queriam contar ao mundo um pouco da história do povo amapaense, trazendo em suas letras personagens importantes da região, com uma sonoridade muito particular.


Para Patrícia, “o projeto é mais um grito que estamos dando com a intenção de que o Brasil e o mundo nos ouçam e, passem a enxergar e a dar mais atenção a toda riqueza cultural, natural e humana da nossa imensa e preciosa Amazônia.” Esse era o momento de unir os três artistas e transpor os limites amapaenses com suas produções.

Timbres e Temperos conta com a direção musical e os arranjos do músico e compositor paulista Dante Ozzetti, que soube valorizar ainda mais a criação musical do Amapá ao dialogar com uma sonoridade contemporânea e nacional. Nesse caminho, agregou ao repertório a guitarra e efeitos de Guilherme Held e o contrabaixo de Fi Maróstica, ambos de São Paulo, permitindo uma troca positiva entre os sons das diferentes regiões. Além do próprio Dante Ozzetti na guitarra e violão, participam ainda do disco, de Belém o Trio Manari (percussão) e os macapaenses Edson Costa, o Fabinho (guitarra e violão), Alan Gomes (baixo), Nena Silva (percussão) e Hian Moreira (bateria).

O repertório apresenta os principais ritmos amapaenses, como o batuque e o marabaixo, e também o cacicó e o zouk, gêneros da Guiana Francesa presentes na fronteira com o Amapá e que influenciam fortemente os artistas. Dançando com Oxum (Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes), Mandala a Mandela (Enrico Di Miceli, Cleverson Baia e Joãozinho Gomes), Encontro dos Tambores (Enrico Di Miceli, Leandro Dias e Joãozinho Gomes), Estamparia (Enrico Di Miceli e Jorge Andrade), Maniva (Enrico di Miceli e Joãozinho Gomes), A Chiquinha é chique (Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes), O meu coração Benedito (Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes), Timbres e Temperos (Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes) – para Luhli e Lucina, Amo à beça (Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes) e Filosofia fula (Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes) – para Clícia Vieira Di Miceli, formam o disco.

 

SOBRE OS ARTISTAS

Enrico Di Miceli

Compositor e cantor da Amazônia brasileira. Músico refinado e compositor de melodias marcantes, a sua musicalidade tem a beleza e a riqueza de quem recebe as interferências universais, mas garante em suas melodias as influencias desse imenso mundo amazônico: o batuque e o marabaixo dos antigos quilombos do Amapá, os ritmos da fronteira, dos índigenas e os sons da floresta. Com um trabalho consolidado em sua região, Enrico Di Miceli tem 30 anos de carreira e possui dois CDs gravados. O primeiro, em parceria com Joãozinho Gomes, intitulado Amazônica Elegância, lançado em 2010 pelo Projeto Pixinguinha Editoração e o Todo Música, álbum que mostra a sua versatilidade como compositor de melodias.

Joãozinho Gomes

Poeta e compositor paraense, nascido em Belém do Pará, (há 30 anos radicado em Macapá-Amapá. Hoje, cidadão amapaense e macapaense) iniciou suas atividades poéticas e musicais em 1978. Reconhecido como um dos mais atuantes poetas-letristas do atual cenário líteromusical brasileiro, Joãozinho Gomes ostenta uma obra que agrega parceiros – compositores e poetas – de vários lugares do país. A sua produção musical consiste em centenas de canções e cerca de cinco livros, da qual, duzentas e dez canções foram gravadas, e somente um livro fora editado, “A Flecha Passa e poemas diVersos”. Não é raro, músicas com seus versos serem encontradas em discografias de cantoras e cantores pelo país afora. Contudo, somente vinte por cento de sua extensa e eminente obra está publicada.

 

Patrícia Bastos
Nascida em Macapá (AP), Filha do educador Sena Bastos e da cantora Oneide Bastos, Patrícia cresceu em ambiente musical. Durante cinco anos, foi vocalista da banda Brinds e logo depois, partiu para carreira solo. Já cantou com artistas como Lô Borges, Vitor Ramil, Nilson Chaves, Boca Livre, Lula Barbosa, e também acompanhada por grandes violonistas como Aluísio Laurindo Jr., Sebastião Tapajós, Dante Ozzetti, Natan Marques e Manoel Cordeiro. Foi indicada em 2014, no 25° Prêmio da Música Brasileira, nas categorias “Melhor Cantora Regional” e “Melhor Álbum Regional” por seu CD “Zulusa”, além de ter sido indicada na categoria Revelação. O sexto álbum intitulado Batom Bacaba, lançado através do edital Natura Musical de 2015 e produzido por Du Moreira e Dante Ozzetti, foi novamente indicada para a 28ª Edição do Prêmio da Música Brasileira de 2017 nas categorias de Melhor Álbum e Melhor Cantora, e também ao Grammy Latino de 2017 como Melhor Álbum de Raízes Brasileiras.

Por Débora Venturini

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