“Pureza” e o horror do trabalho escravo

Nesta sexta-feira (22) será o lançamento social (pré-estreia para convidados) do longa-metragem brasileiro Pureza, a primeira obra das telonas nacionais a abordar a temática da escravidão. O diretor Renato Barbieri, os produtores Marcus Ligocki Jr., Francisco Alan Lima, Alberto Silva Neto, o elenco e os abolicionistas contemporâneos ligados ao filme, tais como o Juiz do Trabalho do TRT8 Jonatas Andrade, presidente da Associação dos Magistrados Trabalhistas do Pará e defensor dos direitos humanos, estão em Belém. No dia 5 de maio será a estreia no circuito nacional de cinema.

“Pureza”, gravado em 2019 na região sul do Pará e inspirado em fatos reais, conta a história de Pureza Lopes Loyola, cuja luta inspirou a criação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, a primeira ação na História do Brasil destinada a combater o trabalho escravo em todo o território nacional.

Determinada a encontrar seu filho caçula, Abel, desaparecido após partir em busca de emprego na Amazônia, a pobre mulher, mãe de cinco filhos, não hesitou em sair de Bacabal (MA) só com uma muda de roupa na bagagem e enfrentar a escravidão moderna, seus efeitos desumanos sobre os indivíduos e o terrível poder de vida e morte dos donos de escravos.

Dona Pureza testemunhou o recrutamento por “gatos”, ia de fazenda em fazenda trabalhar como cozinheira e assim ouviu relatos de horror dos trabalhadores reduzidos a escravos com documentos subtraídos, dívidas contraídas para não morrer de fome e que nunca podiam ser quitadas. Quem tentava fugir era morto e enterrado na mata, em cova rasa e sem nome.

O ano era 1993. No interior do Maranhão, Dona Pureza trabalhava fabricando tijolos ao lado de seu filho Abel, até que ele decidiu tentar a sorte nos garimpos do Pará. Após meses sem receber notícias do filho, ela iniciou uma jornada incansável para descobrir o seu paradeiro. Pureza percorre cidades, se embrenha em fazendas e descobre um cruel sistema de aliciamento e cárcere de trabalhadores rurais. Ela testemunha o tratamento brutal dispensado aos trabalhadores. Com muita coragem, consegue denunciar os fatos às autoridades federais. Sem credibilidade, e lutando contra um sistema forte e perverso, enfrentou muitos perigos para registrar provas e pressionar o governo até encontrar Abel, em 1995.

Dira Paes, no papel da protagonista, estrela o filme, escolhida por seu trabalho social e humanitário. Desde 2015, ela é uma das principais mobilizadoras do Criança Esperança e uma das dirigentes do Movimento Humanos Direitos. Como atriz, são 32 anos de carreira e 43 filmes realizados, entre curtas e longas. Em 2017, ela ganhou o Troféu Oscarito pelo conjunto da obra no Festival de Gramado. Recentemente, estreou como diretora com o filme “Pasárgada”, do qual também é roteirista e protagonista.

O filme já coleciona 28 prêmios em 18 países (Brasil, França, EUA, Guadalupe, Itália, Rússia, China, Alemanha, Panamá, Bolívia, Marrocos, Cuba, Reino Unido, México, Argentina, Colômbia, Líbano e Portugal): no Rencontres Du Cinéma Sud-américain/Marseille (França), arrebatou Melhor Filme Júri Popular e Menção Honrosa do Júri. No Canal de Panamá International Film Festival ganhou como Melhor Filme; no FEMI Festival (International Film Festival of Guadalupe) (Caribe), Melhor Filme; no Big Muddy Film Festival (EUA), Melhor Filme. Também no Infinito Film Festival de Miami/Nova York, Melhor Atriz e Melhor Fotografia; no Seattle Latino Film Festival (EUA), Melhor Atriz. No Salento International Film Festival (Itália), Melhor Atriz; no Workers Unite Film Festival (EUA), Menção Honrosa. No Washington DC International Film Festival (EUA), Menção Honrosa na Competição Justice Matters. No Festival de Cinema de Vitória, Melhor Filme Júri Popular e Melhor Atriz. No Florianópolis Audiovisual Mercosul, Melhor Filme Júri Popular. No Festival do Rio Première Brasil – Competição longas de ficção Encontra Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões Melhor Filme Júri Oficial, Melhor Filme Júri Popular, Melhor Ator, Melhor Direção, e Melhor Fotografia. No 12nd Festin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, Melhor Filme Júri Oficial e Melhor Atriz.

Já neste sábado, dia 23, o filme será exibido em Marabá, na programação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, em duas sessões, uma às 16h e outra às 19h, no Cine Marrocos, e terá a presença do diretor, Renato Barbieri.

Fonte: https://uruatapera.com/pureza-e-o-horror-do-trabalho-escravo/

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