A comissão organizadora da Parada do Orgulho LGBT de Macapá definiu a Jornalista Ana Girlene e o Prof. Antônio Sardinha como Madrinha e Padrinho do evento.Essa definição simbólica valoriza os aliados e aliadas da comunidade LGBT no Amapá, pessoas que promovem os direitos humanos e políticas públicas voltadas a esse segmento.
De Mãos Dadas por um Brasil de Todas as Cores
Chegamos à 19ª edição da Parada do Orgulho LGBT de Macapá — a mais antiga da Amazônia. Pertencemos à fronteira final do norte brasileiro, a um dos menores e mais pobres estados do país, que igualmente enfrenta crise econômica e casos endêmicos de corrupção. Em meio a muitos problemas, mazelas e descaso, por que existe todo ano um evento que leva dezenas de milhares de pessoas LGBT às margens do Rio Amazonas?
Porque somos brasileiras e brasileiros que acreditam em um futuro melhor para o Brasil. Somos negras e negros que valorizam a sua ancestralidade e lutam por uma sociedade justa e igualitária. Somos mulheres transexuais, lésbicas e bissexuais que cansaram do assédio e creem no modelo prático de uma sociedade em que a violência não seja tolerada. Somos homens héteros, transexuais, gays e bissexuais que querem exercer o direito fundamental de ir e vir de mãos dadas com quem se ama. Somos a juventude que tem fé no que virá e o poder de superar o atual momento de dificuldade pelo qual atravessa nosso país.
Nossa capital morena não tem sido mãe gentil a seus filhos e suas filhas. Casos de violência contra a população LGBT, nas ruas de Macapá, tornam-se evidentes através de xingamentos e agressões físicas. São tempos difíceis nas terras do Cabo Norte. Porém, dentre as dificuldades, encontramos cidadãs e cidadãos à disposição de lutar, por não negarem auxílio e apoio oferecendo prestígio e conhecimento a serviço de uma nova sociedade, um novo país. Eis as mulheres e os homens que são as heroínas e os heróis do cotidiano tucuju: como as merendeiras de Suzano e os bombeiros de Brumadinho, compartilham esperança e alimentam a fé em dias melhores.
A Comissão Organizadora da Parada do Orgulho LGBT de Macapá homenageia duas grandes personalidades de nosso cotidiano amapaense, ícones de solidariedade, carinho e praticantes de ações públicas que transformam vidas de muitas cidadãs e cidadãos. Por esses motivos tão simples e, ao mesmo tempo, demasiado importantes, apresentamos a jornalista Ana Girlene e o professor Antônio Sardinha como, respectivamente, Madrinha e Padrinho da XIX Parada do Orgulho LGBT de Macapá.
Ana Girlene, jornalista, policial civil, há 11 anos no comando da bancada do programa Café com Notícia, prestadora de serviço à sociedade amapaense com isenção e respeito aos seus ouvintes. Desde jovem, Ana almejava alçar voo no jornalismo. Em sua trajetória, conquistou respeito por sua conduta profissional. De igual maneira, rapidamente recebeu o reconhecimento e a admiração dentro e fora do contexto do ofício que escolheu. Nossa poderosa madrinha dispensa apresentações por já enaltecer momentos do cotidiano de filhas e filhos amapaenses e fortalecer os corações de irmãs e irmãos componentes do arco-íris tucuju.
Antônio Sardinha é professor da Universidade Federal do Amapá, coordenador do curso de Pós-Graduação em Estudos Culturais e Políticas Públicas. Atua na luta pelos direitos humanos LGBT há 10 anos. Adotou nossa terra como sua e está na linha de frente da formação de uma nova geração de jornalistas no Amapá. Mestre de acessível diálogo, Sardinha é considerado, indiscutivelmente, um dos máximos exemplos de docentes comprometidos com o compartilhar de sabedoria e conhecimento mesmo além de muros institucionais. Nosso padrinho é ímpar por sempre prestar apoio ao presente movimento junto a formulações e articulações de políticas públicas à população LGBT do Amapá.
Esses são apenas dois dos muitos cidadãos e cidadãs, brasileiros e brasileiras de vozes e atos que não fogem à luta e acreditam em um Brasil de todas as cores.
De mãos dadas por um Brasil de todas as cores.
Comissão Organizadora da XIX Parada do Orgulho LGBT de Macapá