Tristes memórias da mineração no Amapá e a próxima tragédia

*Marco Antonio Chagas. Professor-Doutor do curso de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Unifap

 

Na década de 1980 ocorreu o rompimento da bacia de rejeito do baixinho da mineradora ICOMI, na longínqua Serra do Navio, no coração do Estado do Amapá. Há também informações que dão conta do deslizamento do bota-fora da mina F-12, uma das maiores da ICOMI, carreando toneladas de rejeito da mineração de manganês para o rio Araguari.

Nessa mesma década, na região do Lourenço, norte do Amapá, a Mineradora Novo Astro, após 10 anos de exploração de uma mina que chegou a produzir 50 gramas de ouro por tonelada, encerrou suas atividades sem recuperar a área degradada, além de poluir igarapés com mercúrio e cianeto. Esses igarapés formam as nascentes de importantes rios do norte do Amapá. Para camuflar o passivo ambiental, a Novo Astro deu um jeitinho político de repassar a concessão minerária e a estrutura física sucateada para a cooperativa dos garimpeiros sob a chancela do Estado.

Vamos avançar mais um pouco… Em 1997 a ICOMI encerrou suas atividades no Amapá e zombou da cara dos amapaenses ao repassar seus ativos pelo valor de um “chope”. Para trás deixou um passivo ambiental imensurável e negligenciado. Não cumpriu o Plano de Recuperação das Áreas Degradadas (PRAD) e ainda deixou uma “cidade de lego” sem um plano de sustentabilidade financeira.

Pois bem, chegamos a MMX. Vou começar pelo título de cidadão amapaense concedido pela Assembleia Legislativa do Amapá ao dono da empresa. A MMX vendeu minério de ferro produzido no Amapá antes de obter o licenciamento ambiental. Essa é uma tática para “animar” o mercado, mas também significa “corrupção a vista”. E não foram poucas! O engraçado é que nesse momento já se falava em abrir uma CPI para investigar a empresa do então “cidadão amapaense”.

Em dezembro passado estive no lançamento do livro “Tragédia em Mariana: a história do maior desastre ambiental do Brasil”, da jornalista paraense Cristina Serra. Li o livro e recomendo. No dia do lançamento em Macapá, entreguei a Cristina um exemplar do meu livro “Amapá: a mineração e o discurso da sustentabilidade – de Augusto Antunes a Eike Batista”. Ela recebeu e me perguntou: – então Marco, quais as lições aprendidas? Pouco mais de um mês depois, a Tragédia de Brumadinho!

 

 

  • Em 1984 eu estive no Lorenzo e a mineradora Novo Astro era propriedade do Sr.Delfin Neto.Segundo diziam na currutela do Português. Ouvi muito falarem sobre isso no bar conhecido como PRIMEIRO GOLHE de propriedade do Carioca.

  • Em 1992 trabalhei na área da novo astro mantive contato com as pessoas mais influentes ali.entre elas 1Dr.Adolfo.2Albertinhoos dois estavam no ponto mais alto hierarquia.depois engenheiros de mina geólogos.certa vez um geólogo me falou que a produção diária era próximo de 70 kg.

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