Sobre a Orla

* Mariléia Maciel

Nos programas matinais, entre os assuntos mais comentados, está a limpeza da orla de Macapá. É um problema que conheço bem, pois caminho no local, de 6h às 7h, do início da Fab até o final do Parque do Forte. Os problemas de fato existem, mas as mudanças, mesmo que pequenas, são visíveis. A insegurança estava em todos os cantos, no percurso o jeito era caminhar, ou correr, fazendo ginástica no pescoço pra não corre riscos. Mas há alguns dias o policiamento está sendo feito, pelo menos na trajetória que eu percorro, por homens à pé ou em viaturas. Isso intimida os bandidos.

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A falta de limpeza também é muito criticada. Na verdade, uma das coisas que desestimula a caminhada é a enorme quantidade de lixo, urubu, ratos e pombos no caminho, que não combinam com a paisagem. Mas  já vemos garis no pedaço, o que reduziu a quantidade de lixo espalhado. Conversando com uma gari,  ela me explicou que agora são três trabalhadores na área, divididos entre a frente da casa do governador, Praça do Coco e parquinho. Eles têm das 5h às 13 pra dar conta do recado, e ela me disse que dão. Mas reclamou da falta de respeito e higiene dos ambulantes e  donos de restaurantes. Segundo ela, são os responsáveis pelo lixo espalhado, principalmente de sexta a segunda-feira. Conversei também com um trabalhador de quiosque da Praça do Coco, e ele contou que falta a PMM colocar lixeiras grandes pra acondicionarem o lixo no fim da de noite, ou equipes de garis quando acaba o movimento.

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O secretário José Montalverne explicou que o mato alto deve ser retirado assim que uma das equipes da Semur estiver disponível. “Sei que é um problema, já fizemos essa limpeza tempo atrás, mas o mato cresce rápido. Assim que desocuparmos uma das equipes, vamos encaminhar para o local”, disse.

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Trapiche

Um problema que precisa ser olhado com atenção é a situação do Trapiche. O bar que fica no local não atrai turista porque não promove eventos culturais da região, e sim festa de reggae. Nada contra, mas outro dia estive no local com uma turista e tivemos que nos contentar com um camarão e peixe de gosto nada atrativo. Pedi uma música regional pra substituir as canções de fim de festa que tocavam, e a atendente sacou o celular, conectou na caixa amplificada e toma-te bregão. Quando tem festa no bar, fins de semana, fica crítico. O que resta da noitada é um monte de garrafas de vidro jogadas no trapiche e na água, copos descartáveis, resto de comida, cheiro de xixi, e às vezes, ainda sobram alguns garotos dormindo por lá.

 

Caminhada na Orla de Macapá, pela manhã. Funciona assim

Segunda-feira – poucas pessoas se arriscam a deixar de lado a preguiça e dar uma caminhada. Além do lixo, que neste dia dobra porque no domingo tem muita criança no parquinho, pais nada exemplares que jogam lixo por lá, e frequentadores dos bares e quiosques, temos ainda que dar de encontro com grupos de bêbados afoitos e muitos casais que ainda não perceberam que a noite acabou, já é segunda-feira e a orla não é motel. Disputam espaço com os urubus. Melhor evitar a caminhada.

Terça e quarta-feira – melhores dias pra caminhar. É quando a ficha cai que no final de semana fez muitas gordices e precisa voltar à forma. A orla fica lotada de atletas e nenhum bêbado. É bonito ver jovens, adultos e idosos se exercitando. Fico imaginando as promessas de regime que são feitas na caminhada. Aconselhável.

Quinta-feira – Muita gente se preparando para o final de semana que tá pertíssimo. É um vai-e-vem pra suar e deixar o corpo em forma e caber naquela calça que só entra se vestir deitada, de perna pra cima, na cama. Estimulante e contagia.

Sexta-feira – Acabou-se o que era doce. Muitos preferem continuar a festa e amanhecer na orla, afinal, tem lugar mais bonito pra ver o dia iniciar? O problema é que falam gracinhas sem-graça, ficam no meio do caminho, estacionam em lugar proibido e até ofendem. Uma vez ouvi de uma turma que passou de carro, “tem que dar a volta no mundo pra emagrecer, gorda!”. Claro que eu ri, mas poderia ter outra reação.

Sábado e domingo – A orla fica vazia de desportista e apreciadores de natureza, no entanto, a certeza de dar de cara com um porre é 100%. Tem um quiosque bem próximo da casa do governador, que nestes dois dias fica lotado de bêbados. Ainda temos que presenciar os porres dançando agarrados, na falta de damas.

P.S: Essa é a realidade que vejo quando caminho. O esforço dos Poderes para organizar a orla é louvável, mas ainda falta, como a presença do Conselho Tutelar e Batalhão Ambiental.

Em tempo: Sempre adorei amanhecer na orla de Macapá, ainda acho que não tem melhor local pra acabar uma noitada, o que não podemos permitir é que os amanhecidos importunem ou causem insegurança em quem caminha, visita ou trabalha no local, muitos dos quais são idosos. Continuo apaixonada pelo nascer do sol mas hoje prefiro apreciar sóbria. Mas outro dia amanheci de emendada por lá e amei. Na Rampa do Açaí, outro trecho da orla, os vendedores reclamam da dificuldade em comercializar produtos por causa do volume de carros-festas e bêbados que atrapalham o acesso aos barcos.

  • Parabéns, amiga. Ficou ótima esta postagem com as dicas e críticas, tudo em um texto leve e gostoso de ler que vc sabe fazer como ninguém.

  • Pra acabar com o lixo que fica exposto, toda manhã, na orla,com urubus circulando, principalmente em frente ao hotel macapa, uma boa medida seria colocar containers(com tampa) para recolher lixo 02 vezes ao dia. E multar os bares e restaurantes imundos.

    • Luiz, os próprios donos de quiosques falaram isso. Dizem que falta esse incentivo da PMM. Mas, convenhamos, tem que ter um grande trabalho de conscientização para tirar os vícios antigos, de jogar lixo em qualquer lugar.

  • Como sugestão a exemplo de Natal, onde existem jardins e canteiros com plantas e gramados tem sempre uma equipe minima fazendo a mautenção, na minha opinião com esse trabalho preventivo além de se manter os jardins e canteiros limpos e conservados se diminui os custos operacionais, devido o quantitativo de pessoas, aquisição de mudas, etc. Mas está a nossa amiga de parabéns pelas noticias, abç.

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