Sinais trocados na economia amapaense

Por Charles Chelala. Economista, Professor e Mestre em Desenvolvimento Regional

O debate sobre o desempenho da economia amapaense neste primeiro semestre de 2011tem pautado as discussões, com opiniões divergentes e sempre acaloradas por posições políticas na busca de atribuir ao governo responsabilidades pelo bom ou mal resultado, uma vez que por aqui impera a “economia do contracheque”.

Quero contribuir no debate trazendo alguns dados objetivos, lembrando que o Amapá é carente de informações conjunturais, pois ainda não está incluído em algumas importantes pesquisas como a do emprego, a da inflação e a da indústria mensal.

Assim, vamos observar os seguintes indicadores disponíveis: comércio exterior, venda de veículos novos, variação do emprego formal e desempenho do comércio.

Primeiramente, as exportações estão indo muito bem. No primeiro semestre de 2011 foram exportados mais de 260 milhões de dólares, o que é mais do que o dobro do obtido no ano passado, muito melhor que a evolução nacional que foi de 32% em igual período, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior.

Com relação aos veículos novos, segundo a Fenabrave, no nosso Estado foram vendidos pouco mais de quatro mil veículos (de passeio e comerciais leves) entre janeiro e maio de 2011, uma evolução de 8,97% em relação ao mesmo período do ano de 2010, praticamente na mesma média nacional, que atingiu 8,25%.

Os empregos formais apresentaram variação positiva no Amapá, entre janeiro e junho, de 2,84% com a criação de 1.729 postos. Entretanto, este crescimento foi inferior à performance nacional, que variou positivamente em 4%, criando mais de 1,4 milhões de postos neste primeiro semestre, conforme o Caged.

O pior dos resultados, no entanto, coube ao comércio, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, cujo último dado é de maio de 2011. Neste indicador, o comércio amapaense reduziu seu movimento em -1,2% nos quatro primeiros meses do ano, muito inferior à média nacional de 7,4% positivos. Pior ainda, somos o único Estado neste ano cujo desempenho comercial apresentou variação negativa em todo o Brasil. Como o segmento do comércio é o segundo mais importante na economia amapaense, atrás apenas do Estado, este fraco desempenho é fortemente sentido em toda a sociedade.

Não é objetivo deste artigo discutir causas e nem apontar responsáveis. O que pode se afirmar é que se esperava certo solavanco na economia do Estado diante do ajuste fiscal proposto pelo novo governo. Entretanto, como a administração pública responde por 46% do Produto Interno Bruto do Amapá, é importante perceber que seu papel de indução não pode ser subestimado para que os sinais emitidos pela economia deixem de ser contraditórios e voltem a apontar todos na mesma direção do desenvolvimento.

*Economista, mestre em desenvolvimento regional

  • Caro Chelala, o baixo desempenho do comércio nos primeiros quatro meses de 2011 é atribuído a dois fatores: 1) Alto endivamento da população, incluindo ai os empréstimos consignados e excesso de compras no período de natal e ano novo; 2) retração nas compras em função da inadimplência com consequente cadastro na serasa e SPC. Por outro lado, não acredito muito nas estatísticas dos comerciantes de Macapá, pois os mesmos parecem “gato na vasilha de comida, estão de barriga cheia mas continuam rosnando”. Nunca está bom pra eles! Os contra-cheques continuam em dias, alguns magros e outros gordos.

    • Se o raciocinio fosse esse o primeiro semestre de todo ano seria igual, endividamento de dezembro. E a consignação sempre existe em qualquer época do ano. Pelo contrário, como a consignação foi liberada em abril deveria ter no curto prazo um efeito positivo, uma injeção na economia, pelo menos agora!

    • Tb acho que comerciantes aqui choram de barriga cheia.A economia do contracheque é um fato,mas eles(os comerciantes),não são competitivos em suas áreas.O comércio neste Estado é carente de promoções,liquidações e novidades,atrativos em geral.O comerciante aqui em vez de liquidar seus estoques à preços menores,estocam e os colocam à venda novamente, dependendo da época(a natalina é 01 ex.),ou seja,colocam coisas à venda coisas caquéticas,velhas,danificadas e fora de moda,não querem perder uma agulha sequer e ainda cobram o “olho da cara” por estas velharias.

      • Realmente, dependendo do lugar, é assim mesmo. Mas está tendo liquidação no ‘shopping’ Macapá. hihihhi

  • Caro Chelala, tenho grande admiração por vc.Dentro dos dados apresentados deve ser feito algumas considerações para se enteder a real necessidade do Estado: a EXPORTAÇÃO depende de como anda a economia de quem tá comprando, e não a nossa, ou seja, não é merito do Estado. Com relação a VEÍCULOS, são muitas as facilidades de se comprar um carro, de forma que não pode ser um indicador de crescimento da economia, vc pode comprar um carro sem nem mesmo ter dinheiro no bolso. Os dados do comércio sim, esse mostra o retrato fiel da nossa realidade, por medir o termomêtro do consumo. Em se tratando de expectativas realmente são frustantes, o Governo promoveu recessão em 15 anos de profissão foi a primeira vez que eu vi em um perigo eminente de crise o governo cortar gastos. Isso é despreparo ou descaso!

    • Você chegou no Amapá quando? se for esse ano tá perdoado, porém se vc mora aqui no Amapá a mais de oito anos e não ficou sabendo das operações da PF: Antidoto, Toque de Midas, Sangue suga e Mãos limpas, e do desvio de mais 1.8 BILHÃO do dinheiro publico, da falta de um projeto de geração de renda, da falta de projeto de infraestrutura: como banda larga, energia e portos etc… É triste e lastimavel, pois realmente é muito facil atirar a primeira pedra e fazer questão de não olhar o grande causador de tudo isso que foi o projeto politico governo do PDT “Harmonia com os poderes, e para o povo só festa e o futuro e que se dane”, sendo assim a bomba um dia ia estourar, e agora quem paga o pato?!

      • O artigo discute a atual situação da economia do Estado. O que escrevi no comentário é fato! Se não for mostre-me argumentos.

    • Senhor Economia, eu concordo em parte… apenas em parte. Não acho que seja culpa do governo o fato da nossa economia não ser das melhores. Não sei porque (quase) todos sempre fazem isso, parece que só existe este argumento: “é culpa do governo, governo, governo, governo!” / As pessoas devem ter iniciativa, moço. Não podemos esperar que o governo resolva todos os nossos problemas e faça tudo por nós, ainda mais em um país sub-desenvolvido como o Brasil. Mesmo sem corrupção alguma, o ‘governo’ brasileiro (e muito menos o amapaense) tem fundos suficientes pra sustentar um Estado a base do ‘contracheque’. Que espécie de parasitas somos nós ao exigir isso?

      • É simples, o Governo representa sozinho 47% da riqueza do Estado. Porisso quando o governo vai mal tudo vai mal. O Camilo promoveu recessão, contração na economia. A receita do Estado (record nos últimos anos) prova que o problema não é dinheiro. E então, a culpa é de quem?

        • Culpa sua que esta misturando besteirol com economia……kkkkkkk.AFF! Deus me livre de vc como consultor financeiro…hehehehe

          • Se vc chama dados e fatos de besteirou imagino seu nível de análise da situação. Coloque aí sua análise Carla!

              • CArla, acho que é você que está falando besteira, o economista, mostrou o ponto de vista dele e defendeu o seu ponto de vista, e vocÊ não disse nada a respeito.
                Concordando ou não com ele respeito o ponto de vista de cada um e se discordar discordo com argumentose nao como você fez.

  • Foi um sacrifício que o Governo teve que fazer pra garantir o bom funcionamento do Estado. Mas as coisas já estão melhorando e vão melhorar ainda mas, principalmente apartir de janeiro, que o Governo vai ter um orçamento eleborado pela atual gestão e uma menos porcentagem de dívida. Vale lembra que o Governo já pagou $230 milhões só em dívida do Governo passado, e ainda vai pagar mas até p final do ano, isso prejudicou muito os investimentos e a geração de emprego. Quanto mas emprego gerado, mas as vendas no comércio crescem.

  • Posso falar porque sou micro empresario desde o governo do CAPI, passando pela DALVA e Waldez e chegando ao CAMILO.
    na epoca do capi as vendas eram otimas e cresciam todos os meses, o salario saia dia 25 e o comercio continuava ativo ate o dia 20 do mes posterior, nao tinha tantas empresas de emprestimo consignado, o dinheiro circulava bastante isso foi ate o final do governo da DALVA, quando o Walde assumiu nos primeiros 6 meses tudo continuava normal, mas derrepente comecei a notar uma mudança no comportamento em geral da circulação do dinheiro, o dinheiro saia dia 25 mas não durava tanto dia 15 no maximo ja sumia do comercio, no final do governo o dinheiro sumia do comercio dia 10, e pela primeira vez cheguei a ver os bancos totalmente vazios, agora no camilo a coisa continua preta mas tudo isso eu acho que e devido a falta de investimento do governo, pois esta engessado com as dividas do waldez.
    espero que o camilo descentralize a distribuição dinheiro pois ao meu este foi o erro do waldez tudo era muito centralizado.

  • Aqui no Amapá se o Estado demite, o comércio cai e a imprensa taca o pau (fora os que ganham jabá), os Onibus param e o caos social aumenta, as greves proliferam e pagamos todos aff.

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