Sentindo na pele

* Gilvana Santos

O hospital A. C. Camargo Câncer Center, referência no tratamento de câncer no país, informa que o câncer de pele é o mais comum e representa mais da metade dos diagnósticos no mundo. São mais de um milhão de novos casos por ano nos Estados Unidos e cerca de 120 mil novos casos no Brasil. Uma das mais respeitadas instituições brasileiras no combate à doença, também traz em seu site a seguinte orientação: “Em caso de suspeita de melanoma, seu médico irá perguntar quando a mudança em sua pele surgiu, se ela aumentou de tamanho ou mudou de aparência, se alguém mais em sua família teve câncer de pele e sobre a sua exposição aos fatores de risco. O especialista deverá também observar tamanho, forma, cor, textura da lesão, se ela sangra ou descama”.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) “Como a pele – maior órgão do corpo humano – é heterogênea, o câncer de pele não-melanoma pode apresentar tumores de diferentes linhagens. Os mais frequentes são carcinoma basocelular, responsável por 70% dos diagnósticos, e o carcinoma epidermoide, representando 25% dos casos. O carcinoma basocelular, apesar de mais incidente, é também o menos agressivo.

São estatísticas assustadoras. Mais assustadora, ainda, é se deparar com esta realidade na própria pele, literalmente. Fui vítima da própria ignorância ao pensar como a maioria dos brasileiros de que isso “só acontece com os outros”. Ao ignorar os cuidados na prevenção do câncer de pele e os prováveis sintomas da doença, acabei aumentando as estatísticas desse mal.

Decidi compartilhar minha dolorosa experiência ao me deparar com essas estatísticas e ao saber pelo cirurgião plástico, dr. Alexandre Lourinho, que atende pela rede pública e particular inúmeras vítimas de câncer de pele, que boa parte das pessoas atingidas estão no interior do Estado. São agricultores e agricultoras, assim como, ribeirinhos, em sua maioria da terceira idade, que quando descobrem, a doença já está na fase mais avançada. Como consequência, apresentam as mais diversas e indescritíveis sensações e lesões que comprometem e, praticamente, inviabilizam a qualidade de vida dessas pessoas que fazem parte das populações tradicionais da nossa imensa floresta amazônica. São vítimas, provavelmente, da constante incidência dos raios solares na nossa quente e úmida região Norte.

O relato aqui da minha experiência é para servir de alerta para a prevenção do câncer de pele (melanoma e não melanoma) que pode se manifestar com o surgimento “repentino” de erupções ou uma simples mancha. Temos que ficar atentos aos sinais e manchas na pele e procurar um médico especialista na área (dermatologia), a fim de obter um diagnóstico.

Sabia dos sintomas, mas não me preocupava com aquele pequeno sinal na parte superior da “maçã” do rosto, quase na “órbita” do olho direito, que surgiu do nada, depois foi crescendo lentamente e se aproximando do olho. Quando inflamou pela primeira vez, com tamanho, aproximado, de 2 mm,  procurei um dermatologista que, sem enfatizar o perigo que eu corria, me orientou a fazer uma cirurgia plástica para retirar o “sinal”. Tratamento ao qual nunca considerei a possibilidade de fazer, primeiro pela minha falta de coragem para cirurgias e segundo por questões financeiras (as plásticas não eram tão comuns e as cirurgias tinham custo elevado). E, pior, não pensava ser uma cirurgia necessária para garantir minha saúde.

Depois de alguns anos, não sei quanto tempo, me dei conta, ao final do ano passado, que o “sinal” estava grande e muito próximo do meu olho direito. Isso porque começou a inflamar com frequência e resolvi procurar ajuda médica. Sempre protelando, em junho, o “sinal” apresentando inflamação constante por alguns meses, enfim, fui me consultar com a dermatologista Maria Gorete. Ao expor o meu problema, mesmo a olho nu, ela constatou e, de chofre, deu a triste e desesperadora notícia de que aquele “sinal” já havia se transformado em um tumor que necessitava de retirada urgente para realização de biópsia, a fim de confirmar a sua quase certeza de que se tratava de um câncer de pele do tipo “cancinoma basocelular”.

Em menos de 30 dias, fiz a cirurgia para retirada do tumor que já estava medindo 1,5 x 1,3 cm, segundo o resultado da biópsia que trouxe ainda a temida confirmação de um “cancinoma basocelular”,  o tipo mais incidente, porém o menos agressivo. A boa notícia dada pelo médico que fez o procedimento, o cirurgião plástico, Alexandre Lourinho, era de que no resultado da biópsia constava a retirada total do tumor, com a expressão conclusiva de “margens livres”.

É indescritível as inúmeras sensações e confusão de sentimentos a partir do diagnóstico da doença até a sua cura, pós-cirurgia, constatada pelo exame. Ainda estou em recuperação da cirurgia realizada na Clínica de Cirurgia Plástica dr. Alexandre Lourinho, no dia 22 de junho, devido complicações com a aderência do enxerto de pele feito no local da incisão, mas feliz com o resultado de ter tirado a tempo um câncer que poderia me ter tirado a visão. Aliás, feliz é pouco, estou muito feliz, felicíssima.

Agradeço a Deus, à minha família e ao apoio dos amigos Jorge Ney (Índio), Doaci e amiga Mariléia Maciel que acompanharam meu sofrimento desde o diagnóstico da doença. Aos amigos e amigas, colegas de trabalho e todos que me apoiam, agora, na recuperação, meus agradecimentos. Agradeço ainda a atenção dos funcionários da clínica, especial à Mara que ao saber do meu problema, mesmo sem vagas para consultas por pelo menos um mês, levou ao conhecimento do dr Alexandre, médico cirurgião plástico competente, atencioso e dedicado, que com sua habilidade e conhecimento me trouxe a saúde de volta e ainda me atura, até hoje, por conta desse processo de recuperação.

Este não é o fim, mas só o começo de uma constante vigilância para que a doença não se manifeste novamente. Quem passou por isso sabe que tem que fazer acompanhamento médico constante e aqui fica meu alerta de que a prevenção é o melhor remédio. Eu senti na pele!

Gilvana Santos (jornalista profissional atuando em assessoria de imprensa).

  • Consigo imaginar o drama, pelo qual passou a nossa amiga Gilvana. O meu primogênito, hoje com 27 anos, aos 18 foi constatado um câncer, o temível linfoma de rodkins. o tratamento completo deu-se no hospital A.C. Camargo, instituição a qual é considerada de referencia no tratamento dessa tão devastadora patologia. Enfim, o meu amado filho está curado com a graça de DEUS, e exerce a advocacia aqui em Brasília-DF, cidade que nos acolheu há oito anos, por conta da proximidade com São Paulo e por desígnios divinos.SL 37,5.
    PS: Leio sempre as noticias no seu blog.

  • Para minha amiga de todos os momentos, mais de alegria que de tristeza, Gilvana Santos.

    Que nós tenhamos sempre motivo pra rir, comemorar e brindar, mas que, naqueles momentos em que precisarmos de ombro, palavra ou consolo, a gente tenha sempre uma a outra pra contar.

    Daqui a muitos anos, que a gente sente com nossos netos nos pés e conte tudo o que de lindo e compensador vivemos. Vamos mostrar pra eles que, mesmo com o mundo de cabeça pra baixo, ou não, vale a pena acreditar em amigos, porque sem eles, a vida seria mais doída, solitária, sem graça e sofrida. Podemos contar pros netos que um dia existiu um balcão, em um bar, onde os amigos se reuniam pra “bebemorar” e dizer um “bríndio”, e que estes mesmos amigos também se encontravam quando o choro chegava e um abraço era necessário. Que aqui tinha um carnaval onde a disputa era ferrenha, e cada amigo tinha uma escola de samba, mas isso não era motivo pras amizades acabarem. Podemos contar ainda, que no Laguinho tinham as melhores esquinas e casas pra reforçar a amizade, e as feitas neste bairro, fatalmente eram inesquecíveis. Vamos dizer que o trabalho nunca será motivo pra se afastar de alguém, e que o verdadeiro amigo, encontra tempo pra sentar com pessoas queridas e botar a conversa em dia, acha tempo pra ligar, mandar e-mail, uma mensagem por celular ou redes sociais. É bom lembrar a eles que amizade não tem preço, nem cor, idade, raça, classe, ou qualquer empecilho colocado injustamente para se afastar de alguém, e que distância geográfica nunca impede que os amigos se queiram bem e se ajudem. Pode impedir um brinde, um abraço apertado, mas nunca atrapalha a força, pensamento positivo e o conforto que somente um amigo de verdade pode dar, porque amigo, é um irmão de coração e de alma.

    Um brinde à você, conte sempre comigo, pra rir, fofocar, distrair, andar ao lado ou chorar. Quero continuar sua amiga, neste renascimento que mostra o quando você é forte.
    Parabéns pela coragem em enfrentar o que aconteceu sempre com esse sorriso, mesmo quando as incertezas tomavam conta de seu pensamento.
    Parabéns por não ter parado de trabalhar, continuado com sua fé em Deus e esperança de que tudo daria certo.
    Parabéns por ter a serenidade de publicar o que você passou, com certeza vai ajudar muitas pessoas.
    Obrigada por tudo, você sabe o quanto é importante para mim, com seus conselhos, ralhos, risos, brindes e momentos alegres.
    Que venham marabaixos, batuques, carnaval, jogos ou qualquer momento pra estarmos rindo. Mas quando as tormentas chegarem, também estarei aqui com meu abraço, ombro e tudo o que for necessário pra ver você dando essa gargalhada empolgante que você tem.

  • Então era isso? Te perdoo por não me avisar. Felizmente foi só um susto! Beijos, Gil. Te amo, amiga. Fique com Deus.

  • Oi Gilvana,
    Em 1989 fui acometido pelo mais agressivo dos cânceres de pele: o melanoma maligno. Também originário de um inocente sinal existente em meu braço direito. As cirurgias pelas quais passei mutilaram uma parte do braço, mas foram decisivas em minha recuperação. Eu me esforço sempre em alertar pessoas quando percebo sinais com características que penso comprometedoras, mas nunca percebi que algum dos meus orientados tenha tomado qualquer providência. Eu também, na época, havia sido advertido quanto aquele sinal e nada fiz. O cenário de vida no momento do diagnóstico é duro e imagino pelo que passou porque também passei. O bom é que passa. Graças a Deus você está bem. Parabéns por tornar público esse infortúnio e ajudar a esclarecer os sintomas desse câncer mais comum do que se imagina. Saúde e abraços.

  • Obrigada, Lene pela publicação e obrigada a todos pelo apoio. E, vamos à luta sempre com protetor solar. Logo eu que adorava me bronzear ao sol, agora, corro dele igual diabo da cruz rsrs o jeito é assumir minha brancura. Bjs a todos vcs queridos amig@s

  • Giovana querida, parabens pela coragem de relatar sua história, vc é forte e batalhadora. Ontem estava no consultório do meu dermatologista Dr. Pedro Cabral e encontrei uma amiga que não via a algumas semanas, fiquei tão constrangida, porque não queria ser indiscreta e perguntar, quando olhei pra ela e vi um… sinal, ferida não sei nem como dizer, na face dela então conversando me relatou que era um CA e que começou como uma alergia que ela não procurou orientação médica, por pensar que não fosse nada de grave, hoje ela está impossibilitada de trabalhar porque senti muita dor nos olhos(sendo cabelereira) com especialidade em produtos quimicos não consegue trabalhar. e agora logo cedo ao abrir o blog da querida Alcilene deparei-me com sua mensagem. Gostaria de me solidarizar com vc e sua família, porque nessas horas a família tem uma grande parcela na recuperação. bjos fique com Deus.

  • Oh! Minha Querida Amiga “Gilvana”: Obrigado pela coragem de tornar público o problema de saúde que você atravessou, e com a ajuda do Bondoso Deus tirou de letra, pois com esse procedimento vc está ajudando e alertando outras pessoas a se precaver desta terrível doença, e é exatamente por isso que considero que a Humildade é a mais importante das virtudes do ser humano, e vc tem isso em plenitude. Falar que vc é inteligente, companheira, leal, etc., é chover no molhado. Amiga já realizamos inúmeras coisas interessantes juntos, entretanto, a 1ª Feira Agropecuária do 1º Governo do hj Senador Capí foi demais: Que Show, a equipe era muito competente. Pra finalizar faço meu os comentários da também grande amiga Mariléia Maciel, só acrescentando um detalhe: Não tenho dúvida nenhuma de que as pessoas “inteligentes” do nosso Estado nasceram no Bairro do Laguinho todavia as “vivas” são do Bairro do Trem, com um pequeno detalhe: Os “inteligentes” morrem e os “vivos” continuam rsrsrsrsrs. Não Te Mete. Bjs do Amigo Matta e que Nossa Senhora da Conceição (Padroeira do Trem) te cubra de bençãos “Amiga”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *