Que tipo de empreendedor você é?

Por Marciane Santo – Diretora Técnica do Sebrae no Amapá 

 

É bastante comum quando tratamos de empreendedorismo, associarmos a figura do empresário, quando pedimos um exemplo, é natural lembrarmos daqueles empresários mais famosos, que têm exposição em meios de comunicação, que lideram grandes empresas e que são bem sucedidos em suas atividades empresariais. Mas a pergunta que sempre surge, é se eles são natos, com habilidades vindas desde criança, ou são preparados para ser um empreendedor.

 A palavra empreendedor, está entre as palavras mais utilizadas nos dias atuais, servindo para caracterizar um empresário bem sucedido, um servidor público proativo, um líder social engajado ou um jovem disruptivo e, de fato, o empreendedorismo virou uma grande “febre” de inspiração que molda os novos perfis profissionais. É importante salientar, que para ser empreendedor não é necessário ser empresário, o contrário também deve ser ressaltado: nem todo empresário pode ser considerado um empreendedor. E, para a melhor compreensão, precisamos entender os vários tipos de empreendedores extraídos de uma vasta pesquisa, com mais de 800 pessoas e uma equipe de quatro pesquisadores que deu origem ao livro, Empreendedorismo na Prática, do autor José Carlos Assis Dornelas, especialista em empreendedorismo.  Vejamos:

  • O Empreendedor Nato: São empreendedores com histórias brilhantes de superação, que vão do nada até grandes impérios. Geralmente começam a trabalhar muito cedo, adquirem habilidade de negociação e de vendas, são otimistas e visionários. Dedicam o seu tempo de forma integral para a realização do seu sonho, buscam referências no seio familiar, em amigos próximos, e até mesmo, existem muitos, sem referência próxima alguma. Exemplos: Sílvio Santos, Bill Gates e Irineu Evangelista de Souza (Barão de Mauá).
  • O Empreendedor que Aprende (Oportunidade): De repente se deparou com uma oportunidade de negócio e tomou a decisão de mudar a sua atividade profissional para se dedicar ao negócio próprio. Geralmente, é uma pessoa que nunca pensou em empreender, o momento de tomada de decisão ocorre quando recebe o convite para uma sociedade ou ainda, quando ele percebe que pode ter um negócio próprio, através de uma oportunidade vista no mercado. 
  • O Empreendedor Serial: é aquele apaixonado não apenas pelas empresas que cria, mas principalmente pelo ato de empreender. Como é uma pessoa muito dinâmica, não fica muito tempo à frente da empresa, prefere o desafio e a adrenalina envolvidos na criação de algo novo.
  • O Empreendedor Corporativo: São executivos com alta capacidade gerencial e conhecimento de ferramentas administrativas. Assumem riscos, mas precisam lidar com a falta de autonomia, já que nunca terão o caminho 100% livres em função de conselhos administrativos superiores. Adoram planos com metas ousadas e recompensas variáveis. 
  • O Empreendedor Social: Tem como missão de vida construir um mundo melhor para as pessoas e comunidades onde estão inseridos. Os seus negócios não visam ao lucro, e sim, o impacto social e o desenvolvimento das pessoas. São movidos por um desejo imenso de mudar o mundo, criando oportunidades para aqueles que não têm acesso a elas. As suas características são semelhantes às dos demais empreendedores, mas a diferença, é que se realizam vendo seus projetos trazendo resultados para os outros e não para si próprios. Os empreendedores sociais são um fenômeno mundial e, principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil, tem um papel social extremamente importante, já que através de suas ações e das organizações que criam preenchem lacunas deixadas pelo poder público. 
  • O Empreendedor Informal (Necessidade): Cria o próprio negócio porque não tem alternativa. Geralmente não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não resta outra opção a não ser trabalhar por conta própria. Normalmente se envolvem em negócios informais, desenvolvendo de forma precária o empreendedorismo, e como consequência obtêm pouco retorno financeiro. É um grande problema social, pouco contribuem com o desenvolvimento econômico, ficam na informalidade e não agregam inovação e tecnologia por falta de recursos financeiros, limitando a sua chance de crescer e se expandir. Na verdade, os empreendedores por necessidade são vítimas do modelo capitalista atual, pois não têm acesso à recursos financeiros, à educação e às mínimas condições para empreender de maneira estruturada. Suas iniciativas são simples, pouco inovadoras. Esse tipo tem diminuído bastante nos últimos 10 anos com o advento do Microempreendedor Individual (MEI)”.
  • O Empreendedor Cooperado: Este tipo de empreendedor, costuma empreender ligado a cooperativas, como artesãos, costureiras e produtores rurais. Por isso, trabalho em equipe é primordial. Sua meta é crescer até poder ser independente. “Empreende de maneira muito intuitiva”, explica Dornelas. Geralmente, estes empreendedores dispõem de poucos recursos e tem um baixo risco.
  • O Empreendedor Herdeiro (sucessão familiar):  Este recebe logo cedo a missão de levar à frente o legado da família. Empresas familiares fazem parte da estrutura empresarial de todos os países, e muitos impérios foram construídos nos últimos anos por famílias empreendedoras, que foram habilidosas em passar o bastão a cada nova geração. Mais recentemente, porém, tem ocorrido a chamada profissionalização da gestão de empresas familiares, através da contratação de executivos de mercado para a administração da empresa e da criação de uma estrutura de governança corporativa.
  • O Empreendedor público: O empreendedor público é uma variação do corporativo para o setor governamental. Para Dornelas, ainda existem muitos funcionários públicos preocupados em utilizar melhor recursos e inovar nos serviços básicos. Sua motivação está ligada ao fato de conseguir provar que seu trabalho é nobre e tem valor para a sociedade com dinamismo, eficiência e otimização de recursos.
  • O Empreendedor “Normal” (Planejado): Toda teoria sobre o empreendedor de sucesso, sempre apresenta o planejamento como uma das mais importantes atividades desenvolvidas pelos empreendedores. O planejamento aumenta a probabilidade de um negócio ser bem sucedido e, em consequência, leva mais empreendedores a usarem essa técnica para garantir melhores resultados. O empreendedor que busca minimizar riscos, que se preocupa com os próximos passos do negócio, que tem visão de futuro clara e que trabalha de forma pautada em metas de curto e longo prazos, esse empreendedor é o tido “normal” ou planejado. Então, o empreendedor normal seria o mais completo do ponto de vista da definição de empreendedor e o que teria maior referência a ser seguida, mas que na prática ainda não representa uma quantidade considerável de empreendedores.  

Todo os tipos de empreendedores elencados possuem em comum a procura por satisfação pessoal, o alcance da independência financeira, um sonho de criança, e claro, desejam deixar a sua “marca” pessoal na nossa existência através de um legado. Como tudo é efêmero e dinâmico, os modelos de perfis apresentados podem mudar rapidamente, afinal não são estáticos, dependem diretamente da evolução e mudanças nos cenários e nas pessoas. E você conseguiu se identificar em algum perfil? Ou será que você é um empreendedor fora dos perfis abordados? Afinal, que tipo de empreendedor você é?

  • Na verdade, ninguém nasce empreendedor. É através do contato social e estudos associados que favorecem o desenvolvimento de aptidões e talentos como características de personalidade ao longo da vida. Todos os contatos e referências irão influenciar diretamente no nível de empreendedorismo de uma pessoa, já que um empreendedor é um ser social.

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