Quando o dinheiro circulava num ciclo virtuoso: reflexões sobre o PIB do Amapá

José Reinaldo Picanço*

*Professor, Doutor em Ciências Sociais e ex-Secretário de Estado da Indústria, Comércio e Mineração.

 

Recentemente foi publicado pelo IBGE o estudo das Contas Regionais do Brasil, que apresentou o resultado do crescimento acumulado da economia brasileira entre 2010 e 2013. O Produto Interno Bruto (PIB) registra toda a riqueza gerada em determinado território, com o Brasil crescendo 9,1%.

Sobre o desenvolvimento da economia amapaense, o PIB passou de R$ 8.239 bilhões (2010) para R$ 12.762 bilhões (2013), num crescimento real de 18,3%, mais que o dobro que o PIB Nacional e ¼ maior que da Região Norte (13,6%). O Estado foi o segundo melhor desempenho entre os entes federados, só ficando atrás de Mato Grosso (21,9%).

 

Entre outros indicadores

Os dados do CAGED do Ministério do Trabalho, que mede o nível de emprego formal, reforçam o crescimento da economia amapaense mostrado pelo PIB.

Tabela 1. Saldo do número de empregos formais (2010 a 2013)

UF 2010 2011 2012 2013
Brasil 2.472.738 1.566.043 1.237.996 1.464.457
Norte 126.346 120.660 62.372 75.291
Amapá 2.624 6.801 5.108 3.598

Fonte: MT/CAGED

 

Analisando o saldo gerado pela diferença entre o número de pessoas contratadas e demitidas, vê-se que em 2011 o saldo de contratações foi de 6.801 ou 2,59 vezes maior que em 2010 (2.624 contratados). O desempenho positivo também se repetiu em 2012 (5.108) e 2013 (3.598) contratações de saldo.

 

O desempenho positivo da economia amapaense está relacionada com a realização de investimentos públicos e privados. Por seu lado, a iniciativa privada contribuiu significativamente através de investimento na geração de energia (Hidrelétricas Ferreira Gomes e Caldeirão, e Linhão de Tucuruí). No comércio registrou-se o crescimento das principais redes locais e inauguração dos Shoppings Vila Nova e Amapá Garden, ambos em 2013.

 

Mesmo em 2014, com os sinais mais claros da crise global, o empresariado local e nacional acreditava no virtuoso ciclo de crescimento vivido pelo estado e novos empreendimentos foram inaugurados: Santa Lúcia Center, Macapá Shopping e rede Atacadão (Grupo Carrefour). Outros setores também apresentaram desempenho positivo como a construção civil, o agronegócio e o mercado imobiliário.

 

A experiência mostra que a iniciativa privada responde com investimentos quando percebe um cenário favorável ao desenvolvimento, que ofereça um nível mínimo de segurança quanto ao retorno dos valores investidos.

 

A contribuição pública para esse cenário remete à decisão política do Governador Camilo, de optar pelo planejamento de resultados, reorganizar a máquina pública e sanear as inadimplências recebidas. Medidas que possibilitaram a retomada de obras paralisadas e a captação de recursos no BNDES para investir em infraestrutura produtiva e social. Isso alavancou a construção civil com edificação de moradias populares, obras hospitalares, escolas, abastecimento de água e asfaltamento de rodovias, entre outros benefícios.

 

No gráfico abaixo que tem como base os Balanços Anuais do Estado, foi feita uma relação entre o orçamento geral e os valores aplicados em investimento direto. Com isso, é possível destacar aquilo que é gasto no custeio da máquina governamental e os valores aplicados em investimentos que criam empregos e estimulam o desenvolvimento.

 

Gráfico 1: Relação entre Orçamento Global e Investimento do Estado do Amapá (1994 a 2014)

grafico

     Fonte: Balanços do GEA

  • Ano de 2014(até junho)

 

O gráfico demonstra que em 2011 registra-se a quebra de uma tendência observada nos oito anos anteriores, quando o orçamento quase triplicou, mas os valores nominais de investimento mantiveram-se quase inalterados, numa relação francamente desfavorável ao desenvolvimento.

Em 2010 os recursos de investimentos alcançaram R$ 65 milhões, apenas 2,5% do total executado. Em 2011 os valores investidos aumentam para R$ 138 milhões, 4,2% do dinheiro gasto. Em 2012 e 2013, observa-se que o montante aplicado foi ainda mais expressivo, respectivamente, R$ 497 milhões (12%) e R$ 422 milhões (9,3%).

 

O “dinheiro não circula”?: a invenção do mito

O desempenho da economia amapaense revelado pelo resultado do PIB e por outros indicadores socioeconômicos, jogam por terra o discurso de que o “dinheiro parou de circular”, cantado em verso e prosa nos últimos quatro anos pela oposição e seus aliados nos meios de comunicação. O que fica claro, é que tudo não passou de uma bem orquestrada estratégia de marketing político-eleitoral para encobrir a verdade e ludibriar a sociedade amapaense.

Uma parcela significativa da mídia local e de neo-comunicadores deveria explicar à população, se teriam negado a realidade por erro de análise ou faltaram com a verdade dos fatos, descumprindo sua missão de bem informar, num desserviço com a ética e com a formação responsável e equilibrada da opinião pública amapaense.

 

  • Daniel, isso foi dito em várias oportunidades durante a campanha eleitoral, mas as decisões para a votação são emocionais, ou por interesse em ver pedido pessoal ser atendido. O desgaste continuo do Governador Camilo pela midia local foi promovido para que as pessoas não decidissem com racionalidade.

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