Pra não ficar totalmente fora da folia republico artigo do jornalista Arilson Freires, escrito ao término do carnaval de 2009

A provocação é de Vinícius de Moraes. O poeta carioca chamou São Paulo de túmulo do samba e imortalizou a polêmica. Era outro contexto, outra temática. A analogia é uma brincadeira a uma séria questão restrita ao carnaval. O macapaense precisa esperar a tarde da terça-feira gorda – os estertores da festa – pra sair às ruas.

Depois da irrefreável Banda, tem a quarta-feira de cinzas com o Formigueiro e o Caldeirão do Pavão. Fora isso, o carnaval de rua de Macapá é um túmulo. Sexta, sábado, domingo e segunda a diversão não sai às ruas. A folia está presa ao sambódromo e suas arquibancadas vazias na sexta e segunda.

Aqui vai todo o respeito ao desfile das escolas de samba no sábado e domingo, embora tenha faltado esmero em algumas ocasiões. Seria o caso de apelar para a obviedade e dividir os grupos em grupos como é elementar o conceito de grupo, e não misturá-los. Grupo de acesso numa noite, e grupo especial em outra. Alega-se que a mistura de grupos em dois dias de desfile evita afugentar o público para uma única noite, a da apresentação das escolas maiores. A falta de público é uma questão maior. As escolas precisam buscar consolidação. E quem disse que isso vai ser fácil?

Mas vamos fechar este parêntese, e voltar à vaca fria. Por que o macapaense precisa esperar a tarde da terça-feira gorda pra ir às ruas no carnaval? Uma lei impede as micaretas neste período em nome da preservação cultural, e impõe o silêncio ao melhor lugar de Macapá: a orla da cidade. As capitais do Brasil costumam usar o melhor lugar da cidade para as manifestações artísticas. Que não fossem micaretas. Que tal blocos transportados do sambódromo para as ruas? Ou vá lá, vamos rever os conceitos e transfigurar as micaretas, quem sabe, com um marabaixo eletrônico no trio puxando o cordão de foliões.

Diversão paga não é um problema em si. Alguém tem que ganhar com isso. Quando os carnavais de clubes existiam, pagava-se para entrar. Então, melhor ainda quando o retorno desta diversão paga é garantido ao folião. Mas é possível também se divertir gratuitamente. Cerca de 200 blocos saíram às ruas no Rio de Janeiro. No Recife, tem o Galo da Madrugada com 2 milhões de pessoas, e as ruas de Olinda pra quem quiser. Salvador tem uma profusão de festas ao ar livre que não se restringe aos abadás. Pra não acharem que estamos longe demais, o carnaval de Santana ganhou cara. A festa se manteve nas ruas, e a cidade se assumiu micareteira.

O espírito carnavalesco invade a alma foliã de Macapá no mês de fevereiro com os ensaios de bateria das escolas, o aquecimento nas comunidades. Mas quando a festa chega, arrefece.

O caminho aqui não é impor a verdade, que como o carnaval pode ser multifacetada. É preferível buscar a reflexão. As ruas de Macapá estão com cara de túmulo do samba durante o carnaval. Sexta, sábado, domingo e segunda. Dias desperdiçados. Carnaval tem todo ano, mas é uma vez só. Macapá precisa aproveitar melhor as suas ruas.

Arilson Freires

  • Estive ontem no Sambódromo. Tive o desprazer de presenciar as arquibancadas vazias, enquanto os blocos passavam. Somente uma mente burra ou obcecada por lucro a qualquer custo poderia imaginar que alguém em sã consciência iria desembolsar dinheiro para assistir a um bando de pessoas pulando,cantando e bebendo pela Evaldo Veras. As arquibancadas estavam um verdadeiro velório. A alegria se restringia à passagem dos blocos. Depois que eles passavam, restava apenas o vazio, e se desenhava cada vez mais nitidamente o reflexo de uma gestão incompetente, truculenta, tirana, imbecil, imoral que está transformando de fato o carnaval do Sambódromo num túmulo. Agora eu pergunto: que poderes essa pessoa tem pra fazer tudo que está fazendo? Como a gente costuma dizer: “Em quem ela se fia?”. Quem está lucrando com todo esse desgoverno? P.S. Todos os presidentes das associações carnavalescas também são culpados, todos são coniventes com tudo que está ocorrendo no carnaval do Sambódromo. A custa do que ocorre essa conivência é o que nós precisamos descobrir.

  • O arilson tem toda a razão. Com relação ao desfiles dos blocos, não sei qual a finalidade. Público não existe. A título de sugestão. Que tal usar a orla da beira rio para os desfiles dos blocos?. Ali não é usado para as micaretas? Tá na hora de pensar nisso.

  • O carnaval deve ir aonde o povo está, é assim que deveria ser.
    Aquí em Teresina Piauí o carnaval foi distribuído para 4 bairros de maior densidade populacional.
    Tanto as Escolas de samba como os blocos estão indo dar o seu ar da graça com muito samba no pé.
    E o pvão não paga nadica de nada.
    Fala aí para esses organizadores para copiar a idéia, uma boa idéia que se diga.
    Abraços

  • eu pergunto e assumo a cara! QUEM DE FATO ESTÁ BANCANDO O BOÊMIOS???????????????? ISSO TEM CARA DE DINHEIRO SUJO!! E TENHO DITO!!!!

  • O que acabou com o nosso carnaval,foi waaw elefante branco chamado de sambódromo,onde o dinheiro público é derramado, mas o “povão” fica impedido de assistir os desfiles das escolas de samba.O sambódromo deveria ser implodido,permitindo que o carnaval de rua voltasse a ser o que foi em épocas passadas. A Banda, que completa 45 anos, é a única chance que o povo tem de se divertir sem pagar ingresso. Nesta terça feira, a Banda vai passar novamente,atraindo milhares de brincantes. E lá, só não vai quem já morreu!!!…

  • O que acabou com o nosso carnaval,foi esse elefante branco chamado de sambódromo,onde o dinheiro público é derramado, mas o “povão” fica impedido de assistir os desfiles das escolas de samba.O sambódromo deveria ser implodido,permitindo que o carnaval de rua voltasse a ser o que foi em épocas passadas. A Banda, que completa 45 anos, é a única chance que o povo tem de se divertir sem pagar ingresso. Nesta terça feira, a Banda vai passar novamente,atraindo milhares de brincantes. E lá, só não vai quem já morreu!!!…

  • O carnaval em Macapá é o que se viu, antes, durante e depois – do carnaval – neste ano. O resultado não deveria ser outro.
    Carnaval “oficial” sem público – povão – é carnaval? Não é.
    É necessário repensar o carnaval em Macapá, principalmente, retirar seu planejamento das mãos de meia dúzia de imbecis que se imaginam sumidades em carnaval, cultura, turismo etc.
    Mais povo, mais sociedade, mais comunidade etc., não fariam mal ao carnaval.
    Importante, também, é repensar essa história de cobrar ingresso no Sambódromo – prédio público, se o carnaval é feito com grande incentivo financeiro do público – dinheiro público.
    Tudo isso vem de longe, não é de hoje!
    Esse papo que o carnaval de Macapá é o terceiro melhor do Brasil ou do Norte – li em algum jornaleco da capital, é piada de mal gosto. É ufanismo ridículo …
    O carnaval é festa popular. É dai que deve ser pensado, planejado … Principalmente se houver dinheiro público envolvido. Quem quiser ganhar dinheiro fácil ou projeção política, com carnaval, que vá trabalhar.

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