Potocas e Glocalismo

Por Marco Chagas. Geólogo, professor doutor em Desenvolvimento socioambiental

Algumas propostas dos candidatos são “verdadeiras potocas” que acabam se tornando “potocas verdadeiras”. Entretanto, basta um olhar mais atento para perceber que tudo não passa de uma estratégia de mídia, tão longe do possível que somente o riso para amenizar a indignação. Sob a ótica do planejamento, não existe conexão lógica nas propostas dos candidatos, pois não se percebe o que é plano, programa e projeto. É uma confusão de assustar. Uma dica! Sugiro aos candidatos definirem um plano de governo e comentarem sobre seus programas prioritários. Isso basta!

Outra dica é articular os programas propostos localmente às discussões globais sobre os municípios, como a que ocorreu por ocasião da Conferência Rio+20. Isso é uma forma de demonstrar coerência e visão estratégica de planejamento. A ação dos munícipios é chave para o alcance das metas do milênio da ONU. Por exemplo, um programa de recuperação da dinâmica hídrica urbana se integra a estratégia global de melhoria da saúde e de sustentabilidade ambiental; um programa de fomento a produção de alimentos se vincula ao combate a fome; um programa de incentivo ao cooperativismo contribui para a diminuição da pobreza, e por aí vai. A essa articulação dos protocolos globais com a realidade local, alguns autores têm denominado de “glocalismo”.

Os candidatos também poderiam sinalizar aos eleitores quem serão seus colaboradores na gestão dos municípios. Colocar um município para funcionar requer competência técnica, qualidade desprezada pelo discurso do “asfalto primeiro, saneamento depois”. A impressão que se tem da administração pública é que tudo é improviso e o desdobramento traz um significado perverso para a sociedade quanto ao tempo perdido na administração de problemas em detrimento de resultados. Não faz parte da cultura nacional o planejamento, mas temos que insistir no planejamento como instrumento de governança municipal para que o cidadão possa se engajar de forma responsável nas transformações do seu entorno.

 

Marco Antonio Chagas é doutor em desenvolvimento socioambiental pelo NAEA/UFPA e professor da UNIFAP/Curso de Ciências Ambientais.

  • Acabo de fazer um comentário sobre essas “potocas”,bizarrice acima de tudo.Qualquer benfeitoria em estados/municipios,precisa ter planejamento,mas como diz o Marco Antonio,são “potocas” que acabam virando verdades,por serem propaladas com tanta convicção.Para quem(?),não sei,pq nem os própios candidatos acreditam em suas “potocas”,creio.

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