Por Marco Antonio Chagas. Doutor em desenvolvimento socioambiental pelo NAEA/UFPA e professor da UNIFAP/Curso de Ciências Ambientais
As “vantagens comparativas” do Amapá nem sempre significam “vantagens competitivas”. A localização do Amapá em relação aos mercados globais é um exemplo de vantagem comparativa, mas que ainda não é competitiva.
A palestra magna de Luiz Antonio Pagot, no Amazontech 2012, foi uma aula de geopolítica regional. Pagot apontou os gargalos para o Amapá tornar-se competitivo, sem excluir precauções socioambientais. A industrialização local, uma das teses para impulsionar o desenvolvimento, está batendo na porta do Amapá para pedir “licença social” para entrar.
O “Polo Amapá de Negócios Sustentáveis” é um cenário possível, mas que depende de uma revolução de Governo. Logística de transporte, energia e desburocratização são os componentes principais para atração de investimentos privados e estímulo aos negócios da sociobiodiversidade.
A logística de transporte passa pela pavimentação da BR-156 e modernização portuária do Amapá que possa aferir competitividade em relação aos portos do sul e sudeste, reduzindo custos de transporte e ofertando melhores condições de armazenamento, embarque e desembarque de produtos e mercadorias. A estrada de ferro também constitui importante meio para transporte de produtos agrominerais, incluindo a produção dos polos Serra do Navio-Pedra Branca e Porto Grande-Ferreira Gomes.
A energia é ainda um problema pela falta de qualidade e oferta. Mas, as projeções de geração são positivas. A conexão do Amapá ao Sistema Interligado Nacional e a migração da geração de fonte térmica para hídrica garantirá melhor energia para o Estado com capitalização de ganhos ambientais. A logística de rebaixamento e distribuição global de energia é providencial.
Quanto à desburocratização, esse parece o maior apelo do setor privado. A falta de tecnologia, pessoal qualificado e marco regulatório estável impõe a administração pública uma condição precária e propicia a atos ilícitos ou de decisão centrada em figuras palacianas.
Hélio Beltrão, inspirador do Programa Nacional de Desburocratização da década de 1980, assim analisava o problema dos excessos da administração pública: “O brasileiro é simples e confiante. A administração pública é que herdou do passado e entronizou em seus regulamentos a centralização, a desconfiança e a complicação. A presunção da desonestidade, além de absurda e injusta, atrasa e encarece a atividade privada e governamental.”
Roberto da DaMatta também comenta que “o mundo público é quase sempre subjugado pelo universo privado da família, dos compadres, parente e amigos e que o discurso público utiliza um idioma libertário, mas a prática se faz dentro de um outro quadro de referência que segue a lógica das lealdades relacionais”.
No campo em que entendo um pouco, posso afirma que desde os anos 70 a política ambiental vem desmitificando o antagonismo “meio ambiente X desenvolvimento” e os instrumentos disponíveis são eficientes para quem conhece e sabe usá-los em benefício da sociedade e do desenvolvimento sustentável.
3 Comentários para "Polo Amapá de Negócios Sustentáveis"
O Governo tem que parar de investir somente em cultura. Cultura é bom prá alma, mas na medida certa. Mesmo a cultura elitizada pode ser “pão e circo”.
Senhor Governador, demite esses teus secretários fracos, que não querem trabalha, principalmente os da área de desenvolvimento tecnológico e burocrático.
Essa questão logistica é o nó górdio do Amapá. Vou dar um exemplo. Comprei um trator de esteira em Pompéia, São Paulo. Aluguei um caminhão para trazê-lo. O preço acertado foi de R$ 5.000,00. Até Macapá. A travessia, de Belém para Macapá, foi R$ 2.500,00.
Rodou quase todo o Brasil por cinco paus e para atravessar esses pouco menos de 500 km, lá se foram cinquenta por cento de aumento no frete.
Arranje uma fórmula para desenvolver este estado com abserdos como este.
Os grandes entraves do Amapá hoje são: Transporte, Energia e Comunicação.
Esses são os primeiros passos para o desenvolvimento de um Estado. Sou de fora, e a impressão que tenho é que a instabilidade politica regional atrapalha muito os qualquer plano no sentido se resolver esses 3 problemas. Aqui a politica manda na sociedade, quando deveria ser o contrário.