Perspectivas para o agronegócio no Amapá

* Charles Chelala. Economista. Professor. Mestre em Desenvolvimento Regional

 Charles Chelala

 

 

 

 

 

O agronegócio tem sido a “salvação da lavoura” (perdão pelo trocadilho) da economia brasileira nos últimos anos, com a indústria patinando e os serviços crescendo lentamente. Os números falam por si só: aproximadamente 40% das exportações (acima de US$ 90 milhões), mais de 16 milhões de empregos e crescimento de 7% no ano de 2013.

Trata-se também de um tema controverso que envolve aspectos sensíveis, como a pressão sobre as florestas; a “reprimarização” do Brasil que estaria voltando a ser um mero exportador de commodities em detrimento da indústria, dentre outros não menos polêmicos, como o duro debate travado em torno do novo código florestal brasileiro.

O Amapá sempre observou à distância estas discussões, uma vez que o nosso setor primário nunca foi relevante, estando muito aquém de suas possibilidades. Entretanto, o quadro rapidamente começa a mudar. A matéria publicada pelo jornal Valor Econômico de 14/04/2014 comprova o fato já em sua manchete: “Cerrado do Amapá pode se tornar nova fronteira agrícola”.

A reportagem traz números impressionantes da velocidade do avanço do plantio de grãos no Estado: “de 2012 para 2013, a área plantada com grãos passou de 2,4 mil para 10 mil hectares, enquanto a produção de grãos passou de 7,6 mil toneladas para 25 mil toneladas no período, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Mais, “a Embrapa estima que em 2014 a área plantada com grãos possa chegar a 20 mil hectares. Projeções para daqui a 20 anos mostram que a área deve atingir o potencial máximo, com 200 mil hectares.”

A matéria lembra que o atual estímulo partiu da decisão de se implantar no Amapá o Terminal Graneleiro e indústria de beneficiamento de grãos pela empresa Cianport,uma joint-venture das poderosas Agrosoja e Fiagril que atuam no Mato Grosso e optaram pelo Amapá como ponto de transbordo da sua produção, abandonando as caras rotas para os portos do sul-sudeste brasileiro. “A rota pelo Rio Amazonas proporcionaria uma redução de 30% nos custos de frete para produtores de Mato Grosso”. “De acordo com dados do Instituto mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), seria possível transferir 50% dessa carga com a viabilização dos portos no Norte, incluindo Santana”, revela a matéria do Valor.

Ou fato interessante demonstrado na reportagem é a divulgação de um estudo realizado pela Embrapa com 15 dos principais produtores do Estado revelando “que 47% têm mais de 30 anos de experiência no setor. A maioria, inclusive, tem como origem Estados com larga tradição no agronegócio, como Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais”.

Apesar do crescimento espantoso, o volume ainda é irrisório em termos nacionais, mas é considerável em relação ao porte da economia amapaense, ainda mais num setor tão contraído. Como temos área disponível a preços menores (apesar de ascendentes) que em outras regiões e contamos com a vantagem de custos reduzidos de logística (proximidade do porto), a tendência de expansão deve se confirmar. É necessário ressaltar que tal expansão  deve ser acompanhada de redobrados cuidados ambientais para que aqui não se repita o desflorestamento ocorrido em outras regiões. Mas mesmo este risco é reduzido, pois no cerrado do centro-oeste brasileiro, por exemplo, a derrubada da mata ocorreu inicialmente pela pecuária que era seguida pela agricultura, diferente do movimento atual no Amapá.

A oportunidade que se descortina para o Amapá tem ainda o dom de viabilizar produções satélites do plantio e beneficiamento de grãos, como a piscicultura, avicultura e suinocultura, que atualmente não são rentáveis pelo preço das rações no nosso Estado. Outra importante vantagem será o estimulo ao desenvolvimento do interior e desconcentração da conurbação Macapá-Santana, que detém 75% da população e 76% do PIB estadual comprimidos em apenas 6% da área geográfica amapaense. Finalmente, destaque-se o impulso em um segmento da iniciativa privada, o que contribuirá para a libertação da dependência da economia do contracheque público e ampliação da arrecadação tributária própria do Estado e dos municípios.

  • Esse é o nível de debate que interessa ao Amapá.
    É muito bom saber que alguém que se dispõe a concorrer ao governo opte pela qualificação das propostas. Isso que precisamos. Você já tinha o meu voto nessas eleições e a cada dia o tem ainda mais Chelala. Abraço Fraterno.

  • Concordo com Ruben. Temos que deixar as fofocas de lado e discutir questões relevantes que interessam a todos. A duras penas estamos pavimentando as bases do nosso desenvolvimento. A vez do Amapá está chegando e precisamos nos unir a este esforço. Que venham mais temas desta envergadura.

  • A análise desse discurso merece maior aprofundamento. Vejo como um tema que precisa ser mais bem debatido, inclusive nas universidades. O discurso da eficiência do agronegócio como fundamento de uma nova representação da agricultura capitalista, muitas vezes escamoteia efeitos negativos como a concentração de renda, de terra e de capital, com reflexos perversos para trabalhadores, camponeses e ambiente.

  • O que eu gostaria no momento era que o prefeito ai de Macapá se preocupa-se DE FATO com minha cidade.
    Estamos vivendo num verdadeiro queijo suíço, putzzz meu Deus ! E tanto buracos que ainda vamos ser engolidos por um ai.
    Li num vidro traseiro de um veiculo: “NÃO ESTOU EMBRIAGADO, TO DESVIANDO DOS BURACOS”
    O discurso do prof. Chelala e contundente, porém precisamos de uma cidade re(or)ganizada, onde possamos nos deslocar com segurança.
    Bom feriadão ai !

  • $m 1993 tinha um candidato que pregava exatamente essa ascensão do agronegócio. Esse era seu plano de governo. Chamava-se PRODECER. Programa de desenvolvimento do cerrado. Após 21 anos de um buraco negro no que poderia ter sido o grande salto do Amapá, se volta à estaca zero. O agronegócio é o negócio dizem os iluminados. Meu Deus!

  • De vez em quando aparece uma pessoa bem informada, com boas idéias, com foco para soluções dos nossos problemas. E o melhor, foca na solução para o bem do povo amapaense. O Prof. Chelala, homem íntegro e inteligente tem sido boicotado pela sua capacidade de ser o elemento surpresa dessa eleição. Afinal aparece como um dos poucos candidatos que não tem manchas e nem sujeiras, e que não faz de parte de nenhuma oligárquia que vem comandando este Estado a 20 anos e que fizeram e fazem até 30/12/2014 por desmerecer o voto do povo amapaense. O Amapá merece muito mais do que oligárquias, o Amapá merece Chelala governador.

    • kkkkkkkkkkkkkkk é pra rir mesmo !
      “(…) homem integro e inteligente”, ora ora sr. João, precisamos de pessoas assim, concordo, mas realmente nossa maior necessidade é de um gestor que possa organizar nossa querida cidade. Vivemos num verdadeiro queijo suíço, parece que nossa cidade está abandonada completamente.
      Veja bem: – Menos oratória. Mas trabalho!
      Caros Amapaenses, escolham bem seus representantes, afinal, vamos ter que aturar por 4 anos.
      Boa noite ai !

      • Prezado Nico, o desconhecimento é algo que nos impede de ter uma opinião mais fundamentada. A nossas cidade poderia estar bem melhor, com toda a certeza. Mas, todos sabemos que temos uma prefeitura falida pelas mais diversas gestões que passaram por lá. Mais um “mas”, é possível reconstruir o que foi destruído. O problema que precisa da ajuda de todos, e infelizmente o nosso governador acha que Macapá não é prioridade. Em 2013 ficou com quase todo o dinheiro da PMM retido e repassou apenas 500.000,00 para a PMM, enquanto que no ano anterior na gestão da oligárquia azul repassou alguns milhões. Foram em torno de 100.000.000,00 (cem milhões) que deixaram de entrar nos cofres da PMM e que fizeram muita diferença na gestão do Prefeito Clécio. Oligárquias amarelas e azuis se degladiam pelo poder em detrimento do bem estar do povo, que não é prioridade nessa briga. O Prof. Chelala é um cara que não tem nome de oligarquia no Estado, e o Prefeito Clécio também não. São novos nomes, com novas idéias que incomodam os donos das oligárquias que tem penalizado o povo do Amapá por mais de 20 anos. Quem sabe com alguém que pense diferente possamos ter um Estado melhor e o SOL nascer para todos do Amapá.

  • voces nao estao dando conta da buraqueira da cidade de macapa imagine ser governador do estado do amapa, todo politico e mentiroso e o pai da mentira e o diabo

  • Quero ver a cara do Chelala e de uma galerinha do PSOL quando o partido coligar com o PSB. Eu vou rir!!!

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