O mito da desaparição do dinheiro

*Charles Chelala – Economista. Professor. Mestre em Desenvolvimento Regional.

O início da campanha eleitoral trouxe com força um mantra repetido por alguns postulantes à cadeira do setentrião, que pode ser resumido à seguinte frase: “o dinheiro deixou de circular no Amapá”. É sobre este tema que pretendo abordar neste artigo sob a ótica técnica.

Primeiramente, verificando a economia nacional observa-se que, de fato, o Brasil passa por um mal momento. A revista “Exame” do início deste mês vem com a manchete “Parou”, trazendo uma ampla matéria na qual demonstra a estagnação econômica e o futuro incerto dos indicadores. Claro que esta crise nacional afeta o Estado do Amapá.

Entretanto, há mais evidências de que a economia do nosso Estado esteja em evolução positiva, com desempenho bem superior ao do restante do Brasil.

Analisando os números, verifica-se que o Produto Interno Bruto do Amapá, apesar de pequeno em relação ao país, tem apresentado desempenho comparativamente melhor que a média nacional. Mas os últimos dados disponíveis do PIB são de 2011, assim, vamos ver alguns indicadores mais recentes da conjuntura.

O IBGE realiza a pesquisa mensal do comércio, que investiga todas as empresas do ramo com mais de vinte empregados. Nesta pesquisa, o comércio do Amapá apresenta um crescimento nas receitas de 14,3% acumulado neste ano de 2014 (janeiro a junho), o terceiro melhor do país cuja média foi de 10,5% no mesmo período.

A evolução dos empregos com carteira assinada, demonstrada pelo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) aponta que o Amapá criou em torno de quatro mil novos empregos por ano, desde 2011, o que perfaz uma média anual acima de 8% no crescimento do emprego formal no Estado. Para efeito de comparação, o Brasil gerou apenas a metade disso (4,2%) em média nos últimos três anos.

Como 48% da renda criada no Amapá vem do setor público, temos que analisar também o comportamento do investimento governamental, que possui um considerável efeito multiplicador na economia. Pesquisando nos Balanços Gerais do Estado, constata-se que nos últimos três anos foi investido, um pouco mais de um bilhão de reais, crescimento significativo em relação ao triênio anterior, cuja somatória não chegou a 300 milhões. Só para efeito de ilustração, neste momento estão em obras (ou prontas para iniciar) aproximadamente cinco mil unidades residenciais em Macapá nos conjuntos residenciais Macapaba, São José e Jardim Açucena.

Além dos números, há elementos evidentes a olho nu. Destaco as dezenas de novos edifícios e de loteamentos aquecendo a construção civil e o mercado imobiliário no Estado; o agronegócio, com crescimento exponencial na produção de grãos no cerrado amapaense e novamente o comércio, com empreendimentos de porte recém inaugurados e pelo menos quatro outros grandes centros comerciais em obras e prestes a abrirem suas portas. Ora, o empresário não investiria assim se houvesse a suposta “redução na circulação de dinheiro”.

É claro que ainda há muito por fazer na melhoria do ambiente favorável para atração de investimentos, em especial na infraestrutura, no marco legal e na qualidade das instituições. Mas a tese da “falta de dinheiro na praça” não se sustenta diante dos fatos comprováveis.

  • Porque estas informações não aparecem na mídia do estado? Todos repetem esta história de que na época do WG o dinheiro curculava. Impressionante o poder que a mídia local tem de desinformar e enganar a população.

  • Criar clima de terra arrasada só comparada à Faixa de Gaza é uma especialidade do pessoal que prega a ‘harmonia’ entre os poderes. O pior é que por repetição conseguem fixar a mentira na cabeça de uma pá de gente. A maior reclamação dos que ‘rejeitam’ o atual governo é justamente a falta de ‘circulação de dinheiro na praça’. Na maioria das vezes os queixosos inclusive aumentaram seus empreendimentos no período, mas o grupo citado os convence que estão quebrando. Beija-Flor e alguns panfletos políticos apelidados de jornais repetem diariamente que o estado tá falido como só seu representante deixou. O ‘pessimismo’ como diz a presidenta Dilma no plano nacional, é patético quando observamos empreendimentos sendo erguidos todos os dias no Amapá e a prosperidade dos seus habitantes.

  • Caro Chelala,
    Vc não entendeu. Alguns dos que propagam que o dinheiro parou de circular, na realidade querem dizer que parou de circular no bolso deles. Muleke

  • Talvez a teoria não consiga explicar a prática, mas o fato é que quem é do comercio sabe que dinheiro sumiu de circulação (é o meu caso).

  • A tese da “falta de dinheiro na praça” tem duas vertentes. Uma daqueles que há usam com o objetivo de negativar o desempenho da economia no atual governo, por trás estão interesses politiqueiros e eleitoreiros. A outra, são daqueles que estavam acostumados com as práticas clientelistas, desonestas, tendenciosas e sujas na aplicação e uso do dinheiro público, esses são os ladrões, os pilantras que querem novamente assumir o Setentrião.

  • A tese da “falta de dinheiro na praça” tem duas vertentes. Uma daqueles que há usam com objetivo de negativar o desempenho da economia na atual gestão, por trás estão interesses eleitoreiros e politiqueiros. A outra, são daqueles que estavam acostumados com as práticas clientelistas, desonestas, tendenciosas e sujas na aplicação e uso do dinheiro público, esses são os pilantras ladrões que querem retornar ao Setentrião.

  • Mas quando se atrasa por vários meses o pagamento de trabalhadores como os da UDE.Para ELES o dinheiro não circula mesmo.

  • Como as estatísticas enganam! Me lembro de uma publicação muito antiga. Na Suiça um dado alarmante surgiu nos jornais: O desemprego tinha aumentado 50%! Tinham dois desempregados e passou para tres.

  • Ah! então foi por essa falta de dinheiro, que colocaram aquele anuncio no BomNegocio.com vendendo a bandeira amarela. “Puft!fiz um bom negocio”.

  • O dinheiro parou de circular na mão dos que se beneficiavam do poder, enriqueciam ilicitamente, da noite para o dia. Só para vocês terem uma ideia, logo que o Governador Camilo assumiu, eu estava trabalhando na CPL do meu órgão, e um empresário falou da seguinte forma: “Na época do Waldez que era bom, porque eu ganhava o meu, o presidente da CPL ganhava o dele e o artculador/agente político ganhava o dele”.

  • É impossível termos um avanço na economia estadual diante de tanta inoperância legislativa e executiva. A criação de pólos econômicos nas áreas: agronegócio, cultura, educação… que certamente consolidaria outras bases de sustentação econômica(redução dependência de recursos da união)está ligada diretamente a instituição de políticas públicas. Atuações sérias, responsáveis, visionárias tanto de Legisladores como de Chefes do Executivo provocariam mudanças no universo econômico do estado.

  • Mas uma coisa é certa, na época do governo Waldez a grana corria frouxa, que nos diga a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. BASTA LEMBRAR BANDO DE BESTAS!

  • Vc mudou bastante sua opinião com relação a conjuntura econômica do Estado em relação ao inicio do ano quando vc era pré candidato ao governo e publicou texto nesse mesmo blog. Será porque vc deixou de ser concorrente de Camilo e passou a aliado?

  • Pingback: Café com Notícia » Para o economista Charles Chelala “desaparição do dinheiro” no Amapá é mito UM PROGRAMA QUE RESPEITA A SUA INTELIGÊNCIA

  • realmente no tempo da harmonia o dinheiro circulava,só na sala do secretário de segurança PF achou meio milhão de reais!

  • Muleke, você usou as palavras bem dentro da ferida! O dinheiro agora está circulando de verdade, por isso que a bandalha está achando ruim.

  • Artigo muito bem engendrado, e vai direto ao ponto – os números. O que acontece no Amapá, é justamente o que o autor do artigo pontua no seu início, as pessoas estão repetindo um mantra que vem sendo sistematicamente difundido, durante os três anos e oito meses de governo Camilo, pelas emissoras de rádio e TV pertencentes a um grupo político opositor – estratégia que deu certo, já que onde vou o povo repete a mesma ladainha. A pergunta que fica é: O que pode ser feito para mudar esse quadro?

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