Madiba

*Marco Chagas. Geólogo, professor, Doutor em Gestão Ambiental

Mandela nasceu na África do Sul, dia 18 de julho de 1918. Filho de um chefe da tribo Thembu da nação Xhosa, Mandela nasceu batizado com o nome “Rolihlahla” ou “encrenqueiro”, no seu significado mais preciso. Os filhos de Mandela o chamavam carinhosamente de “Madiba”.

Quando vi Madiba pela primeira vez em 2003 na abertura da Conferência Rio+10, em Joanesburgo, um sentimento de família me tocou. Era como se eu já o conhecesse e ele me oferecia um afago. Depois percebi que esse era o mesmo sentimento daquelas 10.000 pessoas que silenciavam para ouvir Mandela falar de “liberdade”. Tentei tocá-lo como um amuleto, mas a única coisa que consegui foi me juntar aos 10 minutos de aplausos da plateia. Mandela agradeceu dançando ao som de Miriam Makeba, o “Pata Pata”.

Ninguém nessa vida conseguiu traduzir melhor o significado da palavra “liberdade” do que Mandela. 30 anos preso numa ilha, num quarto de 2mx2m, dormindo num fino colchonete e banho diário de água salgada, sem direito a toalha. Em determinada época do ano a temperatura na Ilha Robben é negativa. Mandela sobreviveu.

Anos depois, Mandela abraçou seus algozes brancos e convidou-os a formar uma nação livre. Visitei uma escola em Soweto e pude entender o significado do gesto de Mandela ao presenciar crianças brancas e negras cantando o hino sul-africano de mãos dadas. Na época do Apartheid os negros eram proibidos de muitas coisas, inclusive cantar publicamente o hino de seu próprio país.

Sinto-me um pouco órfão e confesso uma frustação por não tê-lo tocado em 2003. Em 2014 voltarei à África do Sul e, quem sabe, chegar bem pertinho para dizer-lhe “OBRIGADO, MADIBA!”.

 

*As fotos abaixo são: 1. Cela onde aparece o colchonete onde Mandela dormia; 2. Ônibus que conduz visitantes a prisão, na Ilha Robben, onde se lê: “a jornada nunca é longa quando o destino é a liberdade”!

Prisao Mandela

onibus_prisao Mandela

 

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