* Clara Banha. Procuradora de Justiça
Ao terminar de ler o livro FLORESTAS DO MEU EXÍLIO, de João Alberto Rodrigues Capiberibe, o Capí, tive vontade de escrever algum comentário sobre a obra. Não comentário literário, pois não me julgo capaz para tanto, mas o comentário, de uma mulher fazendo análise sobre a atuação de Janete Capiberibe nos fatos.
O livro é empolgante, nos prende do inicio ao fim, em busca de sabermos mais sobre o ocorrido, que somente cessa ao findarmos a leitura. Mas me desculpe acho que o título deveria ser: “ FLORESTAS DO MEU EXÍLIO E A SAGA DE UMA MULHER GUERREIRA”.
Janete Capiberibe à época contava com 22 anos de idade. Mas as adversidades dos acontecimentos a transformaram. Janete Menina/Janete Mulher/Janete Mãe. Janete tornou-se uma junção de todas estas Janetes, transformando-se em Janete Guerreira. Corajosa, destemida, obstinada.
Com o nascimento da filha, era de se esperar que optasse em priorizar a segurança da criança, afinal é o inerente a uma mãe. Mas não Janete. Sem se descuidar da filha, optou em proteger o marido, o companheiro.
Como quando no aniversário do Capi, com todo o carinho de uma mulher, fez o bolo. Mas corajosa, não aceitou ser impedida de entrar no presídio com ele, mesmo esfarelado pela repressão, ela na sua determinação afirmou: “ Esse é o primeiro e último aniversário que passas aqui dentro, juro”.
Obstinada, desafiou os poderosos, e não desanimou diante da enrolação para fazê-la desistir, conseguiu uma audiência com o Juiz Auditor do Tribunal Militar. Por sua insistência Capi foi atendido por um Oficial Médico e posteriormente transferido para um hospital.
Janete planejou, Janete organizou, Janete executou a fuga da família pelas águas barrentas dos rios da Amazônia.
Planejou desde o primeiro momento, quando cruzou os dedos ao prometer ao Juiz, que não tentariam a fuga.
Organizou, providenciando os suprimentos necessários para a viagem, principalmente pensando na filha Artionka.
Executou, ao procurar as pessoas amigas que ajudariam financeiramente e na localização da embarcação adequada para a fuga, bem como o apoio logístico.
Quando decidem que revelariam a Don José suas identidades e contariam a verdade, é Janete quem toma a iniciativa.
Capí em sua narrativa detalhada, fez justiça à sua companheira, deixando que ela se transformasse em uma das personagens marcantes de seu livro.
Parabéns Capi, pela História narrada no livro, por nos levar a conhecer o outro lado da repressão que existiu em nosso País. Mas parabéns acima de tudo, pela grande mulher e companheira que tens a teu lado.
4 Comentários para "FLORESTAS DO MEU EXÍLIO /E A SAGA DE UMA MULHER GUERREIRA"
Por trás de uma grande mulher, tem sempre um grande homem. Sem maledicências.
Valeu, Dra. Clara, parabéns pelo belo texto sobre o livro do CAPI!
Concordo plenamente com suas observações sobre a nossa querida Janete, que sem dúvida nenhuma, é uma mulher de grande valor e muita coragem.
Parabéns Dra. Clara, Janete é realmente uma grande guerreira,batalhadora, que junto com Capi formam um casal maravilhoso.
A saga de um casal que resistiu e enfrentou a repressão terrível da ditadura é sem dúvida um exemplo de obstinação e luta. Parabéns João! Parabéns Janete!