Delfim à esquerda do PT

Por Charles Chelala. Economista, professor, mestre em Desenvolvimento Regional

Em artigo publicado na revista “Carta Capital” com o título “O futuro do Brasil passa por mudança em seu papel na nova ordem mundial”, o economista Delfim Netto alerta para os perigos da política econômica passiva que hoje é praticada pelo Brasil.

Citando apenas dois trechos bem representativos do texto, o ex-ministro da Fazenda afirma que “É claro que o Brasil não pode aceitar passivamente o modelo de desenvolvimento agromineral-exportador induzido que lhe está sendo imposto pela nova divisão internacional do trabalho: para a China, o fornecimento universal dos bens industrializados, para a Índia, o fornecimento global dos serviços, e, para o Brasil, o de fornecedor residual de produtos agrícolas e minerais”.

Em seguida, o economista defende que “a aceitação desse modelo coloca em risco o futuro da economia brasileira como instrumento de construção de uma sociedade justa, com baixos índices de desemprego e suficiente emprego de boa qualidade. O que precisamos é voltar nossas atenções para o futuro do setor criador de empregos por excelência, restaurando as condições de isonomia que permitam aos nossos empresários e trabalhadores da indústria consolidar a expansão do mercado interno que vai assegurar os bons cargos a nossos filhos e netos”.

Delfim Netto talvez tenha sido o economista mais combatido da história do país justamente por suas posições ortodoxas e monetaristas. Inclusive, a ele é atribuída a famosa fórmula de que seria necessário “primeiro fazer o bolo crescer para depois dividi-lo”. A frase é um bom resumo do modelo implantado a partir da década de 50 que perdurou até meados dos anos 80 do século passado, pois o país cresceu, mas não houve a distribuição de renda.

Pois bem, ao defender que o Brasil não pode aceitar passivamente o lugar de mero exportador de commodities, Delfim coloca em xeque alguns de seus detratores do passado, hoje no poder. Os mesmos que apadrinham a política econômica neoliberal do tripé “superávit primário, câmbio flutuante e meta de inflação”, comentada nesta coluna da semana passada (Relógio parado).

Ocorre que Delfim Netto repercute a posição do setor industrial brasileiro, o que mais sofre na pele a política atual do governo federal. Já o setor mineral, o do agronegócio e, fundamentalmente, o segmento financeiro (por sinal, os que menos empregam) não têm do que reclamar…

Deve ser bastante incômodo a economistas do PT como Guido Mantega ser criticado por Delfim Netto com posições mais à esquerda.

 

  • Isso é muito simples!! Se o PT fizer o que o Delfim Neto está dizendo, o próprio vai dizer o contrário!! Isso é uma lógica da situação e oposição… Apesar do “floriamento intelectual” da postagem é assim que funciona…

  • Delfim Netto Foto Agencia Brasil .O ex-ministro Delfim Netto considera injustificaveis as criticas que o Banco Central brasileiro vem sofrendo nos ultimos dias pelas medidas que vem tomando para combater a inflacao.. .Na opiniao de Delfim o BC esta agindo corretamente sem pressa e nao esta inventando nada. . .Para o ex-ministro amanha o Copom deve decidir um novo aumento da taxa basica de juros de 0 25 ponto percentual o que tambem devera ser alvo de criticas ja que uma boa parte do mercado defende uma alta maior.. .Segundo Delfim existe hoje um cabo de guerra entre dois grupos.. .Um grupo acha que o BC esta tomando as medidas corretas e so esta esperando um tempo para as medidas surtirem efeito e outro acha que o Brasil quebrou que a politica esta errada e que a situacao fiscal do pais e um desastre.. .O que Delfim recomenda e que se de tempo ao tempo para o Banco Central.. .Hoje ninguem tem condicoes de dizer se as medidas tomadas ate agora farao ou nao efeito sobre a inflacao.. .O ex-ministro diz ainda que nao se deve esquecer que a inflacao hoje e um problema mundial.. .Ja comeco a achar que o Banco Central brasileiro esta causando a inflacao na China ironizou Delfim…………………… …………………………O grande debate no governo hoje e se devem ou nao ser adotadas medidas para frear a queda dolar na economia..Nos ultimos dias o ministro da Fazenda Guido Mantega tem dado declaracoes a favor da adocao de medidas para conter esse processo mas tambem nao se esperava que ele dissesse o contrario..Ontem Luciano Coutinho presidente do BNDES tambem defendeu medidas nesse sentido..Na verdade o governo ja vem adotando medidas no cambio ha pelo menos um ano mas nao tem obtido exito. No curto prazo ate consegue um alivio mas logo depois o dolar volta a despencar..O Chile tentou adotar medidas mais severas para evitar a sobreapreciacao da sua moeda como ocorre no Brasil mas nao conseguiu.

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