Da bancada da cozinha à tela do celular

Gastrônomo macapaense cria série de vídeos no Instagram para incentivar o estudo e a prática da gastronomia durante o isolamento social. 

 

“Espera só eu comer um hambúrguer, rapidinho? É que ficou pronto agora”, me pediu o Lucas Uchôa, de 25 anos, antes de iniciarmos a conversa por ligação. Formado pela faculdade UniFanor, em Fortaleza, o gastrônomo, que já passou por duas faculdades de engenharia, conta que a mudança de carreira foi uma virada repentina em sua vida.  “A gente é muito novo, não sabe o que quer, ainda. Eu não me encontrava no curso. Quando eu morava na Paraíba na época da faculdade, a melhor parte do meu dia era preparar minha comida. Aí fui passar um final de semana com a minha avó em Fortaleza e decidi que não ia mais voltar”, recorda ele, que literalmente da noite pro dia, passou a estudar gastronomia. 

Mas foi morando em Portugal, logo depois de formado, que Lucas entendeu a grandeza e diversidade de sabores do mundo todo. “Eu sempre gostei de viajar, e não existe coisa melhor para conhecer uma cultura que a comida. Morar em Portugal foi como viver um sonho, porque eu tinha a cozinha do mundo todo alí, do meu lado, desde a cozinha de vanguarda e isso me fez pensar que sim, é possível.” A citar a maior referência dele, o chef brasileiro Alex Atala, de quem coleciona livros, técnicas e inspirações. 

Foto: acervo pessoal de Lucas Uchôa.

Criador da Hamburgueria Sinner (2018-2019), ele trouxe para a cidade de Macapá, àquela época, uma nova proposta de fazer e comer um hambúrguer. Com um cardápio enxuto de smash burgers e opção vegana, a primeira experiência como cozinheiro e também administrador o fez entender que além do amor pela comida, ele sentia amor pela o que uma cozinha aberta e a interação com o cliente podem dar. “Eu descobri cedo que cozinha é um espaço muito solitário, interage somente as pessoas com quem tu estás trabalhando. E a Sinner me mostrou que eu gosto de cozinhar e também de ter contato com o consumidor final”. 

Ciente da desvalorização da classe gastronômica no estado do Amapá, ele reflete sobre a necessidade de se construir e cultivar uma cultura de consumo de coisas novas e culinárias diversas, e superar um conservadorismo no paladar. “Isso é um fator que vem melhorando. A influência dos programas de TV, conteúdos na internet, acaba que todo mundo se sente um pouco mais crítico e exigente na hora de comer”.  

Inspirado nessa receptividade cada vez maior aos conteúdos sobre gastronomia na internet que Lucas, durante a pandemia, resolveu criar uma série de vídeos sobre o assunto. “Eu estava em portugal quando o isolamento começou, cheguei lá junto com a Pandemia e por isso não consegui trabalhar. Fiquei um tempo parado, até que eu resolvi voltar para Macapá e encontrei na ideia de fazer a série de vídeos uma nova maneira de me expressar”. Ele explica que a série foi inspirada em receitas que ele já prepara no dia a dia, com a proposta de fugir um pouco da cozinha tradicional.

A série foi um piloto de um projeto que veio se desenhando a cada nova publicação, disponível no Instagram do gastrônomo. “Teve um alcance maior do que eu esperava. Muita gente testando a receita em casa e falando que gostou. Pretendo continuar com isso, ainda que não seja uma obrigação, porque é uma forma de incentivar ou outros a estudar mais, adquirir referências e a gostar de cozinhar”. 

 

  • Show Lucas! Que bom vc encontrou o que gostas de fazer, essa maneira leve de levar a vida é que satisfaz.

    Estou torcendo aqui que vc crie alguns lanches leves e nutritivos para aqueles que gostam de fazer esportes ao amanhecer. Porém, não sabem o que comer antes para ter um bom rendimento.

    Jurinha.

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