Crise Financeira e estimativas do FPE

Por Antonio Pinheiro Teles Jr – Economista
Começo esse texto pedindo desculpas aos leitores pela linguagem técnica, porém temas complexos não podem ser tratados com clichês políticos. Dessa maneira, minha intenção é apenas contribuir com a o debate sobre orçamento, em especial, sobre a realização das receitas do Fundo de Participação dos Estados – FPE, estimadas na proposta orçamentária da Assembléia Legislativa do Amapá para 2012.
O executivo alega que as estimativas são irreais, uma vez que o cenário estabelecido é de crise internacional. O FPE é composto pelo Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI e pelo Imposto de Renda – IR, tributos que dependem do nível de atividade econômica, ou seja, se o país entrar em recessão, a arrecadação desses impostos se reduz, de maneira que o volume de recursos a ser transferido ao estado será menor que o previsto.
Dentre os argumentos apresentados pelo executivo, destaca-se a comparação da transferência de FPE em 2009, cujo volume foi inferior a 2008, em números, R$ 1.235 Bilhões, contra R$ 1.308 bilhões respectivamente. Esse impacto ocorreu em função de uma série de medidas, em especial, a desoneração de IPI, adotadas pelo Governo Federal para atenuar os efeitos da crise. O que não é exposto, é que parte dessa perda foi compensada pela elevação naquele ano, da arrecadação do imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, em números, R$ 413 milhões, contra R$ 351 milhões no ano anterior. Além disso, o Demonstrativo de Arrecadação Estadual mostra que o resultado global foi de R$ 476 milhões em 2009, contra R$ 454 milhões no ano anterior. Entre 2005 – 2009, as receitas de FPE, ICMS e recursos destinados ao FUNDEB, corresponderam a 87,5% dos recursos executados pelo GEA.  A crise de 2008 nos ensina que, mesmo diante de um cenário de queda no volume de fundos constitucionais repassados ao Estado, pode-se utilizar o aumento da arrecadação própria para compensar as perdas.
Atualmente, a crise é oriunda da queda na credibilidade nos títulos das dividas públicas de diversos países europeus, em virtude de elevados níveis de déficit público. Como esses títulos são lastros em ativos de diversos bancos, tornam-se potenciais fontes de prejuízo em caso de moratória das dívidas. Nesse cenário, os países precisam realizar um ajuste fiscal com foco no corte de gastos, elevar juros e se alavancar financeiramente, para retomar a credibilidade de seus títulos. O ex – ministro e economista João Paulo Reis Veloso, classificou a atual crise, como: “O segundo ato da tragédia”.
O Brasil está mais fortalecido em 2012 do que em 2008, nosso modelo de política econômica lastreado no tripé: Câmbio Flutuante, Superávit Primário e Metas Para Inflação (criticado pela esquerda) mostrou-se bem mais eficiente que o modelo discricionário Europeu. O diferencial nesse momento da crise é que os capitais estão caminhando para mercados considerados seguros, e nesse critério, destaca-se o Brasil.
Essas e outras condicionantes nos ajudam a compreender que nada indica que haverá em 2012 uma repetição do comportamento de 2008, cito-as: i) desoneração fiscal bastante inferior ao que houve em 2008; ii) Projeções de crescimento da economia para 2012, são de 2,7% pela ONU, 4% segundo o Governo Federal, 3,4% segundo o relatório Focus do Banco Central, para instituições pessimistas como a FIESP, 2,6% podendo chegar a 5% se a crise na Europa diminuir. Em 2009, a previsão no inicio do ano era de recessão; iv) Esforço conjunto de países emergentes para aportar recursos na Europa, em especial a China com suas US$ 3,2 trilhões em reservas internacionais podem atenuar os efeitos da crise; v) Redução dos Juros para 10,5% ao ano incentiva o aumento no nível de consumo, podendo compensar a redução do nível de exportações – absorção interna superior a externa; vi) Ao contrário de 2008, hoje o Brasil atuou de forma proativa, não esperou o estopim da crise para adotar as medidas de indução econômica, elas já vem sendo adotadas a 4 meses com redução continua da taxa de juros.
Para finalizar, lembro que os dois duodécimos de 2012 foram R$ 20 milhões inferior ao mesmo período de 2011, uma queda de 24%, esse fato não representa que esse comportamento será consistente, em janeiro de 2011 houve crescimento de 77% em relação aos dois primeiros duodécimos de 2010, porém em Janeiro de 2012 o repasse é 35% superior a 2010, ou seja, o crescimento de 2011 foi atípico. Dessa maneira, ainda é cedo para avaliar os impactos da crise na transferência de FPE ao Estado, mas é inapropriado utilizar a crise de 2008 como referência. A base para o debate precisa ser outra.
Antonio Pinheiro Teles Jr – Economista

  • Meu caro, a China é o primeiro credor dos EUA e já perdeu mais de US$ 80 bilhões de suas reservas de câmbio em investimentos realizados, segundo dados oficiais do governo norte-americano, ou seja, dos seus ativos na desacreditada economia EUA. Cito as duas potências capazes de contornar em tese a crise europeia que estão subentendidas no seu texto. Bom, seu exemplo da China como salvadora da pátria é conjectura. Lembre-se que historicamente a China sempre adotou a política isolacionista, e isso já vem se desenhando. A China comprou mais de US$ 1 trilhão em títulos americanos, mas enquanto o declínio econômico global se deteriora, Pequim começa a manter mais de seus recursos em casa, uma iniciativa que pode ter efeitos adversos para os tomadores de empréstimo americanos. No mais lembre-se que o modelo tributário em vigor no Brasil é parecido com o do Brasil colonial. Digo, aos estados ricos ficam com toda a arrecadação e deixa os estados pobres não recebendo quase nada. Em quase todas as unidades federativas a preocupação é consabida. No Amapá, atípica é a posição da ALAP, politizando sem responsabilidade. Obrigado.

  • Acredito que a pessistência de secretários do GEA (ASSESSORES) em basear a discursão da LOA 2012 na crise européia é falta de argumento plausível e consistente. Temos o caso do Reino Unido que mesmo fazendo parte da Europa, não topou pagar a conta da zona ddo euro. O Brasil demonstra ter uma econômia estável, se fortalecendo cada vez mais . O que o GEA que mesmo é CENTRALIZAR RECEITAS e fazer reféns os demais Poderes.

    • Ok, a Assembleia Legislativa precisa de R$ 156 milhões? Reflita isso e volte a pensar no assunto. Inviabilizar o governo, essa é a resposta. Pense nisso!

      • Não se esqueça que o Camilo passou 35 milhões a mais em 2011 do que estava orçado. e dito pelo Dep Edinho, ele queria passar a mais este ano a AL não quis; lembre-se. que quando o Camilo era Deputado ele nunca questinou a verba de gabinete de 50.000 e o orçamento da AL que erade 150 milhões.

  • O problema do Brasil é um, do Amapá é outro. Aqui desponta economia de salários, além claro, da fagulha do FPE, que no final refletem a arrecadação do Estado.
    Queda no FPE, saída da folha do Plano Collor, eis os ingredientes para o desespero do amapaense.
    Sem contar, é claro, que no dia 31.12.2012, se não houver acordo no critério de repartição do bolo do FPE,será o último duodécimo do Governo. E aí, salve-se quem puder.

  • Saudações meu amigo Teles, Fico feliz em ver que no Amapá temos técnicos capazes de discutir a economia em alto nível. Mas fico triste em ver que os poderes não aproveitam táis técnicos para as tomadas de decisões e insistem em colocar políticos em lugares técnicos de alta relevância. Parabéns pelo texto claro e preciso, que retrata fielmente o contexto econômico.

    • Colega Marlon Nascimento, obrigado pelas palavras, penso que podemos fazer um bom debate sobre esse tema, contrapor visões distintas para cegarmos a uma conclusão conjunta. Um grande abraço ao amigo! Tenha uma ótima semana!

  • Sábio texto, Telinho. Muito bom acompanhar o que você escreve. Sou um apreciador de suas palavras!

    Bom, não tinha conhecimento de que o Imposto de Renda que me tiram compulsoriamente todo ano serve para compor o FPE. Pelo menos agora eu já sei para onde vai. Agora, se ele é bem aplicado, isso já são outros 500.

    E o IPVA? É triste ter que pagar esse imposto e andar pelas ruas da capital que parecem que foram bombardeadas de tanto buraco!

    Continue escrevendo para nós. Grande abraço!

  • Acho q o economista é mto bom + segundo indicativos de economistas de eixo da economia Rio e São Paulo. Indicativos estes dos programas de economia a cabo de diversas mídias, este economia não reflete nos grandes centros econômicos do Brasil q continuam pujantes e fortes, até porque se somos um pais de “terceiro mundo”, quando no olhar do Brasil os olhos se voltam pra RJ/SP etc..falar em Europa pode soar bonito técnico mais são perfis totalmente diferentes com economias diversificadas q no meu entender e de opiniões de renomados economistas deste grande eixo da economia brasileira são incoparativas, de Belém pra frente se vê cidades fortes com shoppings diariamente cheios, praças de alimentações cheias, cinemas lotados, cafés que a gente tem q esperar a vez pra sentar, o setor entretenimento a todo o vapor, setor imobiliário aquecidos, sério a gente viaja, BLM.Fortal, Recife, Salvador, Rio, SP, Porto Alegre, é sempre aviões lotados ai me pergunto que crise é esta?? Agora se voltando os olhos para o Amapá… putz..nada ver grande economista, a impressão que dá é que aqui sim que parou no tempo em todos os níveis, políticos, culturais, sociais e econômicos, e pra piorar a impressão e as vezes a certeza é que a nação se esqueceu do Amapá ou se pudesse se livraria deste estado, sou amapaense mais de boa tudo aqui ta pior, ruim, fora dos eixos, picuinhas, briguinhas políticas, um povo atrasadíssimo do quesito desenvolvimento social..sei lá, viaja-se pra fora de MCP quando se volta da impressão que voltamos pro tempo jurássico, sintetizando..(um interior melhorado) portanto em minha humilde opinião nada a ver ir buscar no velho mundo Europa que é milenar e comparar este pedaçinho de chão as vezes esquecido por Deus e pela nação. Se pudesse ter uma varinha de condão pra fazer mágica: faria este povo a prender a votar, este estado cada vez mais esta pior, mais pobre, mais burro, mais medíocre e alienado, é só ver os Governos Paralelos(q idiotice meu deus + uma pro Brasil rir de nós), os Josés Sarneys da vida, os Góes os Capiberibes e no meio disto tudo o povo na fila da maçadeira pra comprar o açaí, ai se pergunta: Europa sumano, q Europa meu preto estamos no meio da floresta e do nada…então deixa a vida nós levar…

  • Prezado colega economista Teles, desculpe mais não entendi o seu posicionamento no debate, esta análise é como assessor da AL ou como analista econômico? As alegações pelo executivo são realmente com base no comportamento dos três últimos anos e levando em consideração o cenário econômico e outros riscos fiscais, como estabelece a Lei 4.320 e Lei Complementar 101. O que não podemos aceitar uma reestimativa de receita pela AL que não demonstra como iremos atingir uma arrecadação de R$ 498.523.862,00 com FPE, R$ 15.000.000,00 de ICMS e R$ 3.487.777,86 de IPI exportação, valores estes acima do que estava previsto. É importante ressaltar que arrecadação própria do Estado não compensa as perdas totais do FPE. Outro ponto importante para o debate é esperar neste primeiro semestre o comportamento da economia do país, que ano após ano fica evidente a dificuldade de sustentar um crescimento superior de 4%. Onde, a mesma continua dependente do mercado externo, sobretudo da venda de produtos como minério de ferro, soja e carne. Enquanto a indústria nacional está praticamente estagnada, com crescimento da produção industrial em 2011 de apenas 0,4%. Portanto, é importante fazer um comparativo com a crise de 2008 onde o reflexo se deu no ano de 2009, e o dever de casa não foi feito pelo Estado do Amapá.
    Quanto aos repasses dos dois decêndios de janeiros de 2012 e não duodécimos é importante destacar que são reflexos de medidas para conter inflação e a necessidade de pôr em ação uma agenda de reformas microeconômicas que estimulem a competitividade da indústria como afirmam alguns analistas econômicos. E foi justamente onde houve queda no fundo através do IPI que no qual é um imposto que compõe o fundo. Espero ter esclarecido colega a minha posição de não ser muito otimista quanto ao cenário proposto pela AL. O debate é importante.
    Luiz Afonso Mira Picanço
    Secretário Adjunto SEPLAN

    • Colega, Luiz Afonso Mira Picanço – Secretário Adjunto SEPLAN
      Primeiro vou desconsiderar a frase: “desculpe mais não entendi o seu posicionamento no debate, esta análise é como assessor da AL ou como analista econômico?”, achei agressiva, deselegante e desnecessária – você é melhor do que isso. Sou profissional – e você sabe disso. Em seguida reconheço que – no texto – substitui o termo “decêndios” por “duodécimos”, erro meu. Comento sua postagem:

      a) Em nenhum momento no texto eu defendi ou questionei a reestimativa de receita feita pela AL, que teve como base os dados disponíveis pela Secretária do Tesouro Nacional – STN, apresentadas no site: http://www.stn.gov.br/estados_municipios/download/Projecao_Fundos_2012.pdf
      b) No texto também destaco que apenas “PARTE” das perdas pode ser compensada por aumento de arrecadação própria – como ocorreu em 2008. O que não impede que em uma situação de queda acentuada dos repasses de FPE, ossa ser efetuada mediante esforço de arrecadação, destaco que, entre 2011 e 2010, a arrecadação própria se elevou em 68 milhões.
      c) Quanto a taxa de crescimento da economia brasileira em 2012, a maior parte das instituições sustentam um crescimento entre 2% e 4%, conforme as projeções citadas no texto. Outras projeções podem ser encontradas no Relatório trimestral de Inflação: http://www.bcb.gov.br/htms/relinf/direita.asp?idioma=P&ano=2011&acaoAno=ABRIR&mes=12&acaoMes=ABRIR que também apontam para um crescimento de 3,5%, isso sem considerar as medidas anticíclicas adotadas, pelo BACEN.
      d) É importante deixar claro que a crise de 2008 ocorreu em setembro daquele ano, porém as medidas anticíclicas do governo federal ocorreram apenas em janeiro de 2009 – um grave erro de política econômica, cito-as:
      21 maio 2009 – Concessão de parcelas extras do seguro-desemprego a mais 216.500 trabalhadores que foram demitidos em dezembro e janeiro, período de agravamento da crise econômica mundial.
      17 abril 2009 – Ampliação da lista de materiais de construção que terão isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) nos próximos três meses. A nova lista inclui mais seis tipos de produtos, entre eles impermeabilizantes, revestimentos cerâmicos, cadeados e registros de gaveta. A isenção vale até 16 de julho. Redução do IPI da linha branca –geladeiras, fogões, máquinas de lavar e tanquinhos. as alíquotas do IPI vão de 15% para 5% para as geladeiras, de 5% ou 4% para 0% nos fogões, de 20% para 10% para as máquinas de lavar, e de 10% para 0% para os tanquinhos.
      16 abril 2009 – Liberação de mais R$ 12,6 bilhões em crédito para as empresas do agronegócio. A maior parte do dinheiro, R$ 10 bilhões, será atender frigoríficos e empresas do setor de aves, suínos e carnes bovinas. Criação de uma linha de crédito de R$ 2,3 bilhões para estocagem da produção de álcool durante a safra deste ano. O objetivo do governo é evitar as variações de preços que ocorrem entre o período de produção e a entressafra.
      15 abril 2009 – Redução do aperto fiscal em 2009 ao menor patamar desde o início do programa de contenção da dívida pública, há dez anos. A Petrobras, maior empresa estatal do país, foi liberada da obrigação de controlar gastos e poderá ampliar seus investimentos em R$ 15,5 bilhões.
      13 abril 2009 – Aporte para todos os municípios do país (5.564) de um reforço de até R$1 bilhão para compensar as perdas nos repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) por conta da queda da arrecadação.
      30 março 2009 – Prorrogação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido para o setor automotivo por mais três meses (até junho), mas com a contrapartida da manutenção dos empregos pelas montadoras. Também estendeu o benefício para s motocicletas e para materiais de construção (muitos produtos tiveram a alíquota zerada).
      26 março 2009 – Criação de um sistema de garantias para aumentar os recursos para bancos médios e pequenos. A medida deve representar uma injeção de pelo menos R$ 40 bilhões na economia do país.
      10 março 2009 – Ampliação do limite de empréstimo do consignado para aposentados. O beneficiário poderá voltar a comprometer até 30% da sua renda com empréstimos com desconto em folha.
      22 janeiro 2009 – Alocação de recursos adicionais para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no valor de R$ 100 bilhões para os anos de 2009 e 2010.
      É importante observar que essas medidas foram tomadas depois que houve o “estopim” da crise, ou seja, quando o cenário já estava se agravando. O que culminou em severas perdas para os estados brasileiros. Diferente de hoje, em que o Banco Central vem se antecipando, conforme as atas do Comitê de política monetária que os leitores podem consultar aqui: http://www.bcb.gov.br/?ATACOPOM
      e) É importante deixar claro, que 2011 foi um ano de política monetária e fiscal restritiva, pois até o final do primeiro trimestre havia a necessidade de levar a inflação para o centro da meta. Além disso, estipulou-se no Brasil um indicativo de política cambial cujo objetivo era desvalorizar o câmbio para manter as exportações competitivas.
      f) Hoje o cenário é diferente, uma vez que, o câmbio apresenta tendência de valorização, o que de qualquer modo, abre espaço para a queda ainda maior dos juros e conseqüente aumento da atividade. Concordo que haverá queda no nível de exportações, mas o que está bastante claro é o intuito de compensar essas perdas com elevação da atividade econômica internamente, o que é benéfico a médio prazo para os fundos constitucionais.
      g) O primeiro semestre terá um nível de atividade acomodado, por um motivo óbvio: existe defasagem entre ação e reação das medidas de política econômica adotada. Mas em nenhum momento fui otimista (citar “O segundo ato da tragédia” sugere isso??) quanto ao comportamento da economia em 2012, reitero que se trata de um cenário muito diferente de 2008 – esse é o foco do texto.
      h) Por fim, deixo claro que ainda é cedo para concluir que teremos um cenário similar a 2008, precisamos aguardar o desenrolar dos fatos, para concluir isso, em especial o comportamento dos decêndios em 2012, para verificar se há persistência nas quedas. Agradeço ao colega a leitura do texto e aos comentários construtivos realizados.

      • Caro Afonso, como economista e mestre em economia que sou me causa estranhesa que vc não tenha entendido algo tão claro e explicito. Vc como economista e secretário adjunto de planejamento deveria conhecer acerta deste cenário. Pelo seu posicionamento fica claro porque o Amapá anda tão ruim na economia.

        • Prezado Marlon, gostaria de saber onde foi sua escola de mestre, pois nenhum momento me reportei que não conhecia o cenário.Quem me causa estranheza é vc não ter percebido alguns dados que demonstram a volatilidade da nossa economia para um cenário bastante otimista em que AL se baseou para reestimar um aumento da arrecadação, e tenha certeza parceiro que sempre trabalhei com pé no chão para defender esta profissão e meu Estado.

          • Eu não conheço é o cenário tão pessimista que vcs utilizam no Governo. O cenário econômico serve pro mundo inteiro e apesar das nossas peculiaridades não dá pra acreditar que não sirva pra gente. Essa sua visão de economia dependente somente do Estado nos deixa atrasados como estamos agora, afinal com mais de 600 mil habitantes não podemos acreditar que não existem outras fontes geradoras de receitas. O Texto do Teles é bem fundamentado e mostra que quando o FPE caiu em outros anos outras receitas como o ICMS se elevaram. O Brasil está mais consistente para enfrentar a crise, e o Amapá com nossos técnicos ultrapassados e com visão retrogada como sempre não está!

            • Prezado Mestre Marlon, o que precisamos ter em mente é que cada resultado indesejado precisa motivar uma imensa reflexão, o cenário que vc não conhece não é somente utilizado pelo nosso Governo e sim por todos os Estados que tem dependência do repasse do Fundo de Participação dos Estados-FPE, infelizmente o Estado do Amapá ainda tem um grau de dependência muito elevada de 65 a 70%. Estamos trabalhando para que esta dependência realmente diminua e o Estado realmente tenha um plano estratégico com ações de longo prazo. Quero ressaltar também que não fiz nenhum comentário que o Texto do colega não estaria fundamentado, a minha intervenção foi que por mais que arrecadação do ICMS tenha aumentado a mesma não cobre as perdas totais com FPE. Concordo que o Brasil esteja mais consistente e discordo que os técnicos estejam ultrapassados.
              Colega o que não podemos deixar de lado para análise na nossa profissão são os acontecimentos improváveis na economia, como deve ser do seu conhecimento a abordagem feita pelo filósofo e matemático Taleb, em seu livro “Cisnes Negros” que vendeu como nunca em 2008, em referência a Crise de 2008. Onde, para ele, Cisnes Negros são figuras improváveis na natureza, mas nem sempre algo improvável é impossível de ocorrer. Outro ponto que nos faz refletir no qual ele comenta “E quem prestar atenção a um prognóstico deve ter em mente que sua precisão se degrada à medida que se estende no tempo”. Portanto, tempo o que mais nós o Brasil e o mundo precisará em 2012.

              • Prezado Afonso, a sua sitação do Cisnes Negros foi muito boa, realmente na Economia os eventos são em grande parte improváveis, o que não quer dizer que você tenha que usa-los sempre de forma pessimista. Se existem indicadores que mostram que os os resultados serão positivos vamos nos preparar para aproveita-los, como diz PORTER na análise SWOT “potencializar as oportunidades”. Pelo que to entendendo da sua visão o Estado só se prepara para o pior, se o cenário positivo se concretizar estamos sem planejamento. Outro ponto que me leva a crer que os nossos técnicos estão ultrapassados é em relação a crise econômica do Estado. Keynes já dizia em 1936 quando escreveu a Teoria Geral, e vc deve ter conhecimento, que em epócas de crise o governo deveria atuar para aquecer a economia nem que fosse contratando pessoas para enterrar e desenterrar garafas. Noentanto o que se viu foi o Governo afundar o Estado em uma recessão! Preocupado em pagar dívidas como a da AMPREV que só serão cobradas daqui a mais de uma década, deixou investimentos de lado, empresarios sem pagamento, o comercio em crise e com tudo isso a economia declinou. Justamente pelo peso que o governo tem na economia deveria haver mais responsabilidade com o planejamento.

      • Prezado Colega Antonio Teles Jr., você pode até desconsiderar mais foi somente uma pergunta, com base em duas frases do seu texto que fiquei em dúvida que posso transcrever “minha intenção é apenas contribuir com a o debate sobre orçamento, em especial, sobre a realização das receitas do Fundo de Participação dos Estados – FPE, estimadas na proposta orçamentária da Assembléia Legislativa do Amapá para 2012.” e “O executivo alega que as estimativas são irreais, uma vez que o cenário estabelecido é de crise internacional.” Agora pergunto o que poderei fazer para evitar que esse evento indesejado ocorra? Essa não foi minha intenção e tão pouco desconheci o seu lado profissional.
        Voltando ao debate é importante observar que os dados da Secretaria do Tesouro Nacional são colocados a disposição em setembro de cada ano, enquanto o processo orçamentário começou julho com a entrega na AL do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias- LDO, que dispõe sobre as diretrizes para elaboração da Lei Orçamentária, onde, traz em seu bojo o quadro demonstrativo de receitas, que são estimadas conforme metodologia mencionadas nas legislações e normatizações vigentes que dão suporte para elaboração dentre elas (Lei 4.320 e LC 101). É importante ressaltar também para os esclarecimentos da STN, que os dados servem para auxiliar os entes federativos na elaboração de seus orçamentos, e que não há garantia de transferência dos valores projetados, pois os repasses previstos dependem do comportamento da arrecadação futura.
        Outro ponto que não devemos esquecer que 2008 tivemos a Crise das Incertezas, onde, a crise de liquidez internacional e falta de crédito causaram impactos. Pois, sem crédito, cai à demanda e os investimentos se mínguam. Concordo que estamos mais preparados, mas as perspectivas de recessão mundial estão trilhando no mesmo patamar de 2008 e 2009 se não for tomada medidas concretas e para que não façamos previsões abusando da sorte.
        Forte abraço.

        • Colega Luiz Afonso, penso que você tentou desqualificar minha análise associando-me a Assembléia Legislativa, você foi bastante claro quanto a isso – e eu não vou aceitar qualquer tipo de patrulhamento ou tentativa de desconstrução, aprendi a respeitar as divergências, espero ser tratado da mesma maneira no debate técnico. Lembro que no decorrer de 2011, fiz vários elogios a condução do GEA, sobretudo na retomada da normalidade administrativa, em nenhum momento fui patrulhado, e porque agora? só porque divergi pontualmente?. Voltando ao debate. Em nenhum momento eu disse que as estimativas irão se realizar, o foco do meu texto é indicar que o cenário de crise ainda não está estabelecido, e mesmo se estiver não terá consequências tão restritivas quanto em 2009. Lembro que as isenções sobre o IPI não foram em 2010 tão intensas quanto no passado, além disso, deixo espaço para a continuidade do debate, mas alerto que precisamos aguardar o comportamento sazonal dos dados para melhor avaliação.

        • Caro Colega Luiz Afonso
          Quanto a crise de expectativas ocorrida em 2009, a liquidez caiu em função da derrocada dos bancos privados. Hoje ela não difere muito, mas está ligada aos títulos públicos da Zona do Euro, todavia, ainda não houve nenhuma moratória o que poderia agravar a crise, além disso, já há indicativos de aporte de recursos do FMI para evitar que isso ocorra, além das reformas que aos poucos vão sendo implementadas. Em 2008 a crise foi uma surpresa, em 2011 – 2012 era algo previsível. Vamos aguardar o desenrolar dos fatos, até o momento não há indicativo do Ministério da Fazenda de um corte abrupto de impostos como em 2009, o que poderia comprometer sobremaneira a administração do GEA. Reconheço que no passado esse debate não foi realizado no Amapá, o que poderia ter ajudado o Estado a enfrentar aquela crise, como também reconheço, que você na condição de secretário adjunto, está atento para os problemas macroeconômicos. Um Abraço!

  • Muito boa sua análise economica. A tarefa é ardua em escrever sobre economia, mas vc coloca vários cenários possiveis, isso demostra sua capacidade em entender como um todo seu objeto de análise. Os representantes das instituições (executivo e legislativo) devem tratar com o mais alto grau de pru dência e responsabilidade a peça orçamentaria. Politicagem não é compativel com a discursão orçamentaria, mas sim com o compromisso do equilibrio fiscal.

    Erick Franck
    Economista/UNIFAP

  • Parabéns ao economista, professor universitário e conselheiro do CORECON AP, Antonio Teles Júnior, pelo artigo econômico, bastante didático!

    • Obrigado professor Alberto pelas palavras! espero contribuir para o debate, que a meu ver é de extrema importância para o Estado.

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