Por Ana Girlene
O recado é para todos nós
Mas exatamente o quê desejam hoje os milhares de brasileiros que tomam as ruas Brasil afora? É tanta coisa que seria impossível descrever em poucas linhas. Mas, a gente se arrisca e numa frase tenta traduzir: Um país melhor.
Sabe aquela sensação boa que você sente quando está satisfeito com algo? É exatamente isso que estou sentindo no momento. Uma felicidade de fazer parte disso tudo, de também poder soltar o meu grito livremente e dizer: Quero sim um país melhor.
Sinto que subimos um degrau na escala da cidadania. E, ao subir esse degrau, parece que o povo criou coragem de dizer aos Três Poderes: Não estamos satisfeitos. Mudem! Melhorem! E façam isso agora.
Melhor ainda é sentir que no Amapá as coisas também estão mudando. Foi possível ver, com alegria, um universo de pessoas, sempre distantes de debates, aderindo ao movimento.
Essa horizontalidade de sentimento e atitude de protesto resultou na maior passeata que já presenciei. Por outro lado, revelou uma faceta violenta, vinda de um pequeno grupo, idêntico ao que acontece em todo o Brasil. Mas, talvez seja melhor concentrar o nosso olhar sobre o lado bom desse momento, considerado histórico.
O recado precisa ser ouvido por todos. Nós da imprensa também estamos sendo questionados. As redes sociais mostraram, definitivamente, o seu poder. Ignorar o fato de que o povo brasileiro pede, entre tantas outras coisas, uma nova forma de fazer jornalismo no nosso país, pode nos impedir de crescermos juntos.
O desgaste também tem seu lado positivo. Afinal, todo processo de mudança acontece quando as críticas chegam. É necessário seguir inovando com criatividade e interatividade cada vez maior com o seu público, que se revela a cada dia mais crítico e conectado. No entanto, não basta apenas receber as críticas, é preciso dar voz, democraticamente, aos mais diversos atores sociais.
No campo da comunicação oficial, um recado mais claro ainda: Quando o povo ganha as ruas, a velha mídia, pautada única e exclusivamente pelo discurso oficial, ajuda muito pouco. Em casos mais extremos, só piora o que já estava muito ruim.
Uma nova política de comunicação social também precisa ser pensada e para nós, trabalhadores da área, talvez seja uma ótima hora de lutarmos por mais respeito e liberdade de imprensa. A verba pública não pode mais servir aos interesses do poder.