Código Florestal ameaça o Amapá

Por Randolfe Rodrigues, Senador da República

A reforma do Código Florestal será apreciada no Plenário do Senado Federal nesta semana, tendo sido aprovada na Comissão de Meio Ambiente com um único voto contrário – o meu. Votei na comissão e votarei contra no plenário por compreender que esta norma representará um profundo retrocesso para a preservação e uso sustentável das florestas no Brasil. Mais do que isso, trata-se de uma iminente e grave ameaça para o Amapá, se mantido o texto como está.

O novo código representa um retrocesso por anistiar comportamentos ilegais, o que estimulou a depredação implicitamente “consentida” diante da expectativa da não punição. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, só no Estado do Mato Grosso o desmatamento aumentou em 70% em comparação com o mesmo período do ano passado. Voltou inclusive o supostamente banido uso do “correntão”, que é uma das técnicas mais predatórias de desflorestamento e corte raso.

Também é inaceitável a redução das Áreas de Preservação Permanente – APPs, que em sua maior parte não precisarão mais ser recuperadas integralmente, mas tão somente 15 metros, ou metade do que se exige na Lei atual para os menores rios. Além disso, o substitutivo reduziu de 500 para 100 metros a maior faixa de APP para os grandes rios da Amazônia. A dispensa da recuperação das nascentes e dos morros e encostas é outra “marcha-ré” do texto aprovado na Comissão do Meio Ambiente, o que deverá prejudicar a própria agricultura além de ampliar os efeitos das enchentes.

Segundo o Professor José Eli da Veiga, da USP, com o novo código quem mais leva vantagem são os pecuaristas que ficam desobrigados a recuperar “44 milhões de hectares de áreas sensíveis em beiras de rio, encostas, topos de morro e nascentes, que foram invadidas por degradantes pastagens. Um crime de lesa humanidade, pois a ocorrência de pastos nessas áreas de preservação permanente desrespeita um dos mais básicos fundamentos das ciências agrárias e da economia socioambiental”.

Entretanto, no caso específico do Amapá, foi acatada no relatório uma emenda que permite a redução em 50% da exigência de reserva legal em Estados da Amazônia que tenham mais de 65% de seu território composto por áreas protegidas (como unidade de conservação e terras indígenas). Como o nosso Estado se enquadra neste parâmetro, pois possui mais de 70% de suas terras protegidas, se aprovado o texto como está, haverá uma imensa perda de biodiversidade amapaense com a autorização a todos os proprietários rurais a reduzirem suas áreas de reserva legal pela metade, que pelo atual Código Florestal deve ser de 80%. Não podemos admitir esta perda. Por isso, apresentarei uma emenda de supressão desta exceção, por considerá-la extremamente prejudicial ao Amapá e a outros Estados ainda dotados de grandes áreas de floresta na Amazônia.

Foi costurado um amplo acordo entre governo e oposição no sentido de se atender à demanda de ruralistas e os exportadores de commodities agrícolas. Não pactuo deste conluio. Continuarei lutando para reverter o retrocesso, que vai na contramão do empenho mundial contra o aquecimento global, das práticas de desenvolvimento sustentável e da emergente “economia verde”. Não podemos sacrificar o futuro em função de meros interesses econômicos pontuais.

  • Em outro ângulo de visada em: 100% das terras Amapaenses, poderiam ser explorados 12%. Acho um percentual baixíssimo tanto para atividades produtivas quanto para exploração de recursos naturais.
    Desculpe-me Senador, mas até então não vejo vantagem alguma nessa área de preservação de 70%. A riqueza provém da transformação dos recursos naturais. O povo necessita ter suas necessidades satisfeitas, tais como: moradia digna; saneamento; educação; saúde, dentre outros. Transformar as riquezas em “santuário” só irá causar uma “exploração desordenada”, sem critério. O que se precisa é cada vez mais transformar o paradoxo do desenvolvimento sustentável em algo mais palpável.
    A propósito: via medida provisória, houve quebra de 40% da reserva existente em MG (Andorinhas)onde existe uma mina de diamantes de valor inestimável, que figura entre as mais valiosas do planeta. Observe, Senador, que se trata de um Estado, cujo estágio de desenvolvimento encontra-se em a uma distância abissal, do Estado do Amapá.
    Como discurso senador, é algo agregador; as pessoas às vezes ficam constrangidas à entrar nesse debate.Entretanto, sabemos que há muita controvérsia, sobretudo em relação a aquecimento global…
    Precisamos de algo mais palpável; mais concreto, que possa desde já, viabilizar, pelo menos em parte, as necessidades básicas das pessoas. Este é o grande desafio.
    att Josenildo Mendes de Sousa

    • Muito bem meu mestre de Economia Ambien tal. Tem toda razão, o homem, sim precisa ser preservado. Como as coisas vão, em algum momento, seremos peças de museu, especialmente os amazonidas, o Homo Amazonicus.
      O Amapá é um estado engessado por excesso de proteção ambiental. Somos, assim, um estado sem futuro, vivendo do contra-cheque. E quando essa mamata oficial acabar ou mesmo diminuir?
      O último estudo realizado pela Embrapa Monitoramento Por Satélite para as Terras do Brasil, dá para o Amapá incriveis 5.8% de terras produtivas disponíveis, descontadas as APP’s, SNUC, FUNAI, ASSENTAMENTO do MDA(improdutivos), RESERVA LEGAL.
      Desses 5.8% tem que ser descontado a área da AMCEL, que leva a metade para produzir absolutamente nada para o Amapá(Um governador com aquilo roxo mandava essa turma embora). Até o IPVA de seus veículos de transportes é recolhido para outro estado.
      Esse é o Amapá do contra-cheque. Que agora começa a entrar em xeque. Mate, talvez.

  • DEVER CUMPRIDO SENADOR,ESTE CODIGO SERVIRA DE MOTE PARA,A AGRICULTURA DESELVOLVIMENTISTA DO AGRONEGICIO.Perdoar divida de passivos ambientais,é precedentes a estes que ganharam muito dinheiro, enaõ vaõ pagra nada.oS POLITICOS DO SENADO E DA CAMARA DOS DEPUTADOS QUE VOTARM NESTES DISPOSITIVOS ,DEVERIAM TER LUCIDES DA BURRIÇE QUE O FIZERÃO,MAIS VAMOS GRAVAR NA LAPIDE DOS MESMOS OS ERROS PARA OS SEU ANTECENDENTES ,SABEREM DA CAGADA QUE OS MESMOS FIZERAM.SO SEI QUE SEI,MAIS NADA FIZ,SERIA O LEGADO DELES.

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