Antropoceno

Por Marco Antonio Chagas, professor ciências ambientais da UNIFAP, doutor em desenvolvimento socioambiental pelo NAEA/UFPA

Entramos numa nova era do planeta denominada “Antropoceno”. A proposta, já adotada pelos EUA, será apreciada por uma comissão de cientistas que se reunirá na Austrália, no próximo ano. Possivelmente, a Rio+20 acontecerá já sob a égide do Antropoceno.

O Antropoceno, conhecido como a era do homem, é definido como o período caracterizado pelo forte impacto da intervenção do homem sobre o planeta, com consequências tanto positivas quanto negativas. As positivas estão relacionadas aos avanços do conhecimento que permitem dar sustentação ao crescimento populacional e suas demandas de consumo (todos desejam “ter”), aliadas a procura de uma evolução espiritual que possibilite uma convivência solidária entre os povos e resiliente com a natureza (todos desejam “ser”).

As consequências negativas estão relacionadas às evidências crescentes de eventos extremos decorrentes de decisões humanas em favor do crescimento e mal negociadas com a natureza. A princípio, a Rio+20 deverá retomar os acordos para uma economia planetária verde, mas que dependem muito mais de decisões que levem as nações ricas a reconhecer a necessidade de um decrescimento e da consequente transferência de riqueza para os mais pobres.

O problema é que o mapa mundial de projeções do PIB indica que a maioria dos países crescerá nas próximas décadas mantendo as desigualdades e até agravando-as. Além disso, os países em desenvolvimento crescem mantendo desigualdades interregionais, criando uma espécie de apartheid social, onde “o que é bom fica de um lado e o outro conformado pelo discurso do potencial que se perde no tempo das oportunidades”.

Existe uma tendência em associar o Antropoceno as catástrofes do planeta e que tudo começou com a Revolução Industrial. O 11 de setembro seria o símbolo dessa nova era dos extremos. Entretanto, outras interpretações são possíveis. Prefiro associar o Antropoceno aos desafios pela repactuação da relação do homem com a natureza e com o próprio homem associada a cada realidade e tempo social local.

Marco Antonio Chagas, professor ciências ambientais da UNIFAP, doutor em desenvolvimento socioambiental pelo NAEA/UFPA.

 

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