*Observatório de Política Ambiental do Amapá
As atividades de produção de petróleo e de grãos conduzirão a pauta política e socioeconômica do Amapá nos próximos anos. Essas atividades respondem por 30% do PIB nacional. Aos governantes e políticos de plantão, recomendo atenção a esses setores, sob pena da omissão e das sucessivas perdas de oportunidades que colocam o Amapá como “fona” nos indicadores de desenvolvimento nacional.
Duas ações são necessárias: 1) garantir a viabilidade econômica das atividades; 2) construir uma agenda estratégica de desenvolvimento regional ancorada na sustentabilidade.
A viabilidade econômica da produção de petróleo ainda depende dos resultados de pesquisa e aos governos cabe o licenciamento ambiental e a formação de inteligência para dialogar com o setor. Expectativas devem ser evitadas, mas ações estratégicas devem ser planejadas para além da contabilidade dos investidores.
Quanto à produção de grãos, confirmada a sua viabilidade econômica nas áreas de cerrado do Amapá, é hora de corrigir os erros, incluindo o licenciamento ambiental corretivo e a regularização justa e pacífica das terras.
A construção de uma agenda estratégica de desenvolvimento é mais complexa. Conectar linkagens econômicas dos dois segmentos, formar competência regional e contribuir para credibilizar os setores perante o mercado demanda tempo e decisão política.
As linkagens representam os encadeamentos das demandas e da indução de fortalecimento dos setores de petróleo e de grãos para que estes se complementem em ações de infraestrutura, comércio e serviços, de modo a reduzir custos e criar condições de investimentos em cadeias produtivas vinculadas. O Amapá precisa se exorcizar do “dilema da maldição do investidor”.
A formação de competência regional cabe às instituições de ensino e pesquisa e deve ser apoiada pelo Governo Federal com recursos voluntários dos segmentos econômicos. Uma fonte de financiamento para isso são os recursos advindos da cláusula de investimento em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P, D&I) dos contratos para exploração de petróleo, gerenciados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). A UNIFAP é credenciada para acessar esses recursos e torna-se elo importante num projeto integrado de produção de conhecimento e formação de competências.
A contribuição dos governos para credibilizar os setores de petróleo e de grãos passa pela discussão do tema “sustentabilidade”. O mundo dos negócios vive intensas transformações. A sociedade global está mais conectada e atenta às questões ambientais e às desigualdades. Produzir na Amazônia é importante, mas deve considerar a conservação da floresta e a melhoria da qualidade de vida da população. Sem isso, “fona”!
2 Comentários para "Amapá: o “fona” das oportunidades"
Infelizmente vai continuar sendo fona.
Como os políticos atuais, isto aqui não deslancha de jeito nenhum. Tanto faz ser de direita, esquerda, do centro, não importa. Falta competência e ponto.
Contar com o petróleo e a produção de grãos no Amapá é mesmo que contar o o OVO no (estômago) a galinha