Pro Vô

Por Janaína Corrêa Serra – Neta do jornalista Antonio Corrêa Neto

 

Não tem mais “cafezinho de vô” pra levar. A rotina daqui vai ser outra, que é pra gente se adaptar ao ausente. Alguém se fez de fora, se fez embora mundo adentro, dimensão afora.

Falta uma peça no meu jogo, um personagem na minha história. Essa parte de mim viajou. Pegou carona pra Via Láctea, foi desvendar cometa e descobrir mistério de estrêla. Esse meu homem herói subiu em trem-bala, foi mais rápido do que havia planejado, mas afinal se fosse lento não lhe caberia a autoria.

Quando o físico se vai e só as lembranças se fazem presentes, surge a tal da saudade. Achamos chato se não sentimos tocar mão com mão ou se não olhamos cara a cara. Tolice, pura coisa dos que não aprendem a usar o instrumento mais bonito que há. Povo que esquece de acionar o coração. O amor é maior que todos os tipos de pontes e conexões.

Tonico, canta pra mim. Vô, não quero dormir antes de poder ouvir Carinhoso na tua voz. Ou então antes de escutar que a Pepita de Guadalajara não tem vergonha na cara e que a estrela Dalva no céu vai despontar. Precisava que os teus brancos e prateados deitassem no travesseiro vizinho pela última vez, mas a vida gosta dessas surpresas, adora fazer nossos anjos voarem alto de repente, sem avisar.

Amor meu, não vou te prender, não. Se agora tens asas é porque teu destino é estar no alto, no teu céu de palavras, nessa imensidão azul. Mas olha, vem nos meus sonhos dar um “oi”, vem de vez em sempre que assim não morro de saudade. Como dirias pra mim: Nas nuvens ou na insensatez, me beije só mais uma vez, depois volte pra lá.

  • Coragem! Que as lembranças preencham esse vazio que ficou. Que os olhos do coração vejam a figura querida e, agora ausente fisicamente, que so eles podem ver, mesmo sem tocar. Que a poesia traga de volta todo sorriso que ficou no ar. Mas, se há sorriso no ar através das lembranças, a dor vai pouco a pouco passar.

  • Antonio Gonçalves Corrêa Neto e Vera de Jesus Pinheiro Corrêa, foram meus vizinhos na Vila do IPASE,na Av. Marcílio Dias no bairro de Jacaré-Acanga, que com a finura de educação que nos proporcionavam alegria e prazer na arte de se comunicar com os demais vizinhos da vila, e de forma mais ampla, na residência de meus pais, frequentavam seus filhos Eduardo e Márcia que se tornaram nossos amigos na infância, principalmente de Antonio, Sol e Edna, meus irmãos. Se comunicar com Corrêa Neto era a coisa mais porreta e paidégua que se podia fazer quando em vida e tive esse privilégio fraterno.

    E, agora, de maneira emocionante, suas belas netas Juliana e Janaína, filhas de minha querida Márcia, que vi Márcia grávida de ambas, sentem a imensa saudade do VO querido, com duas grandes homenagens.
    Que maravilha!
    Como diz o poeta “a vida é bela, mas, passa depressa”.

  • Linda homenagem, o Correa Neto viajou sabendo que o amor sempre imperou na sua vida terrena e agora impera na espiritual.

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