Dezenas de litros de óleo de cozinha são descartados em local impróprio diariamente, em casas, restaurantes, por ambulantes que trabalham com frituras, hotéis e supermercados, causando graves danos ambientais. A preocupação com o destino deste óleo foi a motivação que levou a dona de casa Ibis Uchôa de Oliveira a procurar uma alternativa para evitar que o líquido seja despejado em ralos e nos quintais. O promotor de justiça do Meio Ambiente, Marcelo Moreira e o assessor técnico Mainar Vasconcelos conheceram o projeto, que será transformado em capacitação para donas de casa moradoras da comunidade da Baixada Pará.
A fábrica de sabão artesanal funciona há seis anos na casa da dona Ibis, no bairro Novo Buritizal, em Macapá, porém a primeira vez que ela olhou com atenção para a poluição ambiental causada pelo óleo aconteceu 20 anos atrás, quando de forma experimental, começou a pesquisar sobre o assunto e iniciou os testes produzindo sabão para consumo próprio. “Comecei com a ideia de fazer algo para que o óleo não fosse jogado na terra, esgoto ou rios, e as primeiras barras foram para a pia e banheiro de casa, depois fui me aperfeiçoando”.
As parcerias iniciadas não avançaram por falta de logística. Ela procurou supermercados, galeterias, restaurantes, hotéis, porém as dificuldades para transportar o produto até sua casa, impediram o avanço, e atualmente produz por encomenda, 100 barras por mês. O processo é totalmente artesanal, e envolve a purificação do óleo para tirar as misturas, diluição, fervura, e o acréscimo de produtos como soda cáustica e essências. Além do sabão em barra, dona Ibis fabrica sabão em pó e detergente.
Esta experiência será aproveitada no projeto Colorindo o Futuro, que o Ministério Público do Amapá (MP-AP) executa através das Promotorias de Meio Ambiente e Urbanismo na Baixada Pará, para atingir três objetivos, a responsabilidade ambiental de empreendedores e moradores da comunidade, a capacitação para geração de renda para pais e mães de família, e reutilização do óleo usado por vendedores de batatas, muitos trabalhadores deste ramo moram na área. A proposta é que dona Ibis seja a instrutora da oficina de capacitação, juntamente com a artesã Roseléia Fernandes, moradora da Baixada Pará, que ensinará a reaproveitar pneus e garrafas plásticas.
Projeto Colorindo o Futuro – Baixada Pará
O projeto Colorindo o Futuro iniciou em maio, com a limpeza da área alagada que é habitada, e em julho aconteceu a segunda etapa, com a ação de saúde e capacitação, em parceria com o SESI-SENAI, Prodap e empresas Nutriama e Sião Thur, e limpeza de vias pela Prefeitura de Macapá (PMM). “A natureza do projeto tem como base o meio ambiente, cidadania e dignidade, e já proporcionou aos moradores oportunidades de aprenderem uma profissão, com os cursos de produção de pizza, edição de vídeo, fotografia, e iniciação em hidráulica e carpintaria. Estamos nos preparando para a terceira fase”, disse o promotor Marcelo Moreira.
Esta etapa será marcada pelo retorno das atividades voltadas para a conscientização ambiental, com a realização de oficinas de reaproveitamento de objetos e produtos que comumente são descartados na área de ressaca pelos próprios moradores, mas que podem se tornar uma renda familiar. Está previsto ainda a pintura de casas na comunidade, limpeza da área, oficina de audiovisual para a produção de filmes de um minuto sobre a Baixada Pará, e o festival que irá apresentar o resultado de todas as oficinas. A previsão é que os cursos aconteçam no mês de setembro.
SERVIÇO:
Mariléia Maciel – Assessora Operacional – CAOP/AMB
Assessoria de Comunicação do Ministério Público do Estado do Amapá
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