*José Bogéa. Advogado. Enófilo. Colunista do blog.
“Chama o dono da quitanda
Que vive sonhando deitado na rede
Diga um verso bem bonito
Ele vai responder pra matar minha sede
O dono dessa quitanda
Não é obrigado a vender pra ninguém
Pode pegar a viola que hoje é Domingo
E cerveja não tem
Mas ora meu bem…”
O trecho é de composição do grande sambista Paulinho da Viola. A música chama-se “Perdoa” e refere-se a um homem apaixonado que, tamanha suas dificuldades financeiras, não tem como arcar com um relacionamento mais sério com a sua amada. Não tem, sequer, condições de comprar a cerveja sagrada do domingo. No entanto, se o ilustre personagem da canção do célebre portelense fizesse parte da turma de amigos de cervejeiros artesanais do Amapá, pelo menos, a cerveja ele teria.
Brincadeira a parte, o grupo, que existe desde o ano passado, prova que é possível fazer cerveja de qualidade em casa, usando equipamentos e insumos de custo baixíssimo.
Fazer sua própria cerveja, um sonho para qualquer “cervejófilo”, não é um processo complicado. A bebida, numa comparação grosseira, é uma espécie de chá de malte e lúpulo, com adição posterior de fermento. A ciência da produção está toda centrada no tempo de infusão, temperatura e dosagens corretas.
As produções são feitas em reuniões que acontecem regularmente na casa de um dos amigos e, ainda que sejam regadas a uma boa quantidade de cerveja, o assunto é levado a sério. Tanto isso é verdade que estão em via de consolidar uma associação que vai se chamar Acerva Amapá (Associação dos Cervejeiros Artesanais do Amapá) e aceitará adesões de interessados em aprender todo o processo.
É importante dizer que a “expertise” dos que estão fabricando cerveja artesanal aqui já ultrapassou divisas tucujus. Recentemente, Lemi Maranhão, membro do grupo, recebeu premiação por ter produzido a melhor Belgian Blond Ale (estilo e categoria da cerveja) do 1° Concurso de Cerveja Caseira da Amazônia. Pude provar e atestar a qualidade!
Para quem está interessado* em aprender mais sobre o tema, o grupo sempre vem promovendo workshops e oficinas, como a que houve na última quarta-feira no Amapá Garden Shopping, durante a semana especial em alusão ao dia dos pais que se aproxima. Na ocasião, houve uma demonstração de brasagem pelos experts Andjei Remus e Igor Maneschy.
E para o fim de semana, o último do mês de julho, o bom seria provar uma boa breja tucuju, dessas que essa rapaziada vem produzindo. Mas, na falta, recomendo a ótima Amazon Bier Red Ale, feita com priprioca (uma raiz amazônica com aroma amadeirado e picante), de Belém do Pará, facilmente encontrada em nossos supermercados.
*Quem quiser saber mais sobre a fabricação de cervejas artesanais e os próximos cursos pode ligar para 98117-8839 (Igor Maneschy)
2 Comentários para "Cervejas Artesanais no Amapá"
Muito interessante e motivador o texto. Acredito que a produção deva ser realizada pelos curiosos. Experimentarão algo inovador!!
Há dez anos comprei meu primeiro equipamento aresanal. De mestre Norberto Herrero.
Degustei sábado passado a produção de mestre Petri, da churrascaria. Uma delícia, pouco lupulada. Pilsen, claro.
Ele também produz uma deliciosa Weiss beer.